A Primeira Dança



- Você quer dançar comigo? 

- Dançar o quê?

-  Sei lá. Só dançar. 

Ele aceitou o convite. Segurou minhas mãos, aproximou o seu corpo e o prensou no meu. Sob a luz do luar, em uma noite fria, estrelada, dançamos ao som do silêncio. Em uma perfeita sincronia, nossos sentimentos conversavam enquanto nos olhávamos como se fosse a primeira vez. As palavras não eram necessárias, pois nossas almas se comunicavam, se entendiam, se amavam. Com o peito queimando, o coração transbordando, ainda sinto teus lábios percorrerem meu corpo, a saudade que chama teu abraço e daquela voz com um sotaque do interior falando em meu ouvido que me ama.

Dizem que a primeira vez é dolorida. Se você não tiver no clima, se não tiver química, não rola, machuca e os corpos não se encaixam. Primeira vez pode ser dolorida quando a alma não sente, não está liberta. Mas você sabe, meu bem, as tempestades que tive para chegar ao teu lado sem medo, sem entraves, sem julgamentos. Pela primeira vez na vida, deixei que os sentimentos aflorassem e meu corpo te falasse a linguagem que não precisa de palavras para existir. 

A primeira vez que o vi, sentado naquele banco, esperando com o Tao, meu coração estava com uma estranha certeza que amaria conversar contigo todas as noites sobre as estrelas e o universo. Ainda bem, meu coração está certo. Pela primeira vez na vida eu tive a certeza que já o amava antes mesmo de lhe amar e que este Amor haveria de crescer, se expandir, produzir frutos e elevar-nos a transcender o que somos e o que viríamos a ser.

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