Pais e Filhos [Reflexões]




"Você culpa seus pais por tudo,
Isso é um absurdo
São crianças como você, 
O que você vai ser, 
quando você crescer"
 
A forma como nos relacionamos com a figura materna e paterna que temos construídas interiormente tornam-se base para todo relacionamento que estabelecemos ao longo da vida. A relação entre pais e filhos é extremamente importante na vida de um indivíduo e é através das primeiras interações com os pais que podemos explicar muitos conflitos vivenciados na fase adulta.

Nem sempre essas relações são harmoniosas, mas sobrevivem no entrave de conflitos entre idealizações, desejos e aspirações que são projetadas por ambos os lados que ditam ideais de comportamento irreais! O filho projeta seu ideal de paternidade/maternidade e o mesmo acontece com o pai/mãe que projeta suas idealizações em seus filhos. Conflitos ocorrem debaixo do teto que dividimos e tanto pais como filhos se sentem infringidos por direitos que acreditam estarem sendo desrespeitados. Nesse jogo de quem tem a culpa, o indivíduo perde sua autonomia para refletir sobre seus próprios atos/sentimentos, passando a projetar em terceiros, o culpado por suas frustrações! (Isso é extremamente sério!)

Os filhos acham que vivem sendo pressionados por seus pais ao se tornarem alvos de idealizações que não condizem com nossas suas verdadeiras vocações.  Exemplo: um filho que quer ser músico, mas escolheu a medicina por querer agradar seu pai.  E o mesmo ocorre com o filho, que projeta ideais de como o pai e a mãe deveriam agir de acordo com os ideais construídos pela sociedade.  Exemplo: O filho não aceita os erros do pai e o exclui do convívio.

Hoje, ouvi a história de um senhor, que me contou emocionado que não havia contato com seu filho há mais de 12 anos (!) por causa da não aceitação do filho quanto a imposição de um ideal do pai! Qual figura paterna reside no inconsciente desse filho? E por que condenamos uma atitude própria do ser humano? Não idealizamos o outro e o outro não nos idealiza? Quer dizer o pai/mãe não tem direito de errar com filho? Sim! E por que não erraria? Afinal, eles são humanos. E o filho não irá errar com o pai/mãe? Claro! Somos humanos! H-U-M-A-N-O-S.

É preciso desconstruir o ideal de perfeição em torno da figura materna e paterna, pois nossos pais não são super heróis e muito menos seres dotados de poderes fantásticos. E os pais precisam dar liberdade para seus filhos fazerem suas próprias escolhas! 

Não somos seres divinos, somos seres de carne e osso, tanto o pai quanto o filho. Sangramos ao sermos feridos e temos sentimentos que são expressões reais da nossa humanidade! Os conflitos advindo destas relações persistirão enquanto tivermos a falsa ideia de como o outro deve ser, o que nos impedirá de aceitar o outro como ele realmente é!

E ajudamos o "outro" aceitando sua realidade ou divinizando sua humanidade?

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