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Mostrando postagens de junho, 2019

Descendentes de Caim

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O sangue de um inocente fora derramado naquele dia. Seu rosto estava pálido diante ao fato. Suas mãos estavam trêmulas. Seu olhar estava assustado. Uma explosão de sentimentos negativos eclodiu de si e ele não sabia se sentia ódio, se sentia raiva, se sentia nojo, se sentia remorso. Contudo, descartou-se ligeiramente a ideia de remorso ao saber que o ato, ainda que motivado pelo impulso, pois fim naquele indivíduo que nascera do mesmo pai. A  piedade para com o ocorrido não cabia dentro dele, mas ele sentia por si uma compaixão monstruosa. A que ponto as coisas tinham chegado para que tudo culminasse neste fim? Foi o ódio que se espreitou na própria sombra que observava realizações alheias, desejando ardentemente que estas fossem suas? Foi a inveja que sentira pelo sucesso do outro que o afundava cada vez mais em seus fracassos? O que fizera para atrair tamanha hostilidade do destino a ponto de não reconhecer em si mesmo uma parte da centelha divina? A inveja por não ser aq

Cobranças que adoecem...

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Eu poderia citar "n" coisas que me deixam atualmente estressadas. Reclamar é fácil. Apontar os erros alheios é tranquilo. Julgar uma situação sem conhecê-la por completo, qualquer um é capaz de fazê-lo. Dar opiniões sobre aquilo que não entendemos, mas que achamos que entendemos é tão normal quanto o ato de respirar. Entre tantas enfadonhas formas de vivência humana, o mais estressante de tudo é saber que não estou dando mais conta de lidar com a limitação do outro.  Minha limitação, reconheço, é não saber lidar com a burrice alheia, com a ignorância dos outros, com o descuido dos invigilantes. Minha frustração é constantemente alimentada pelo dia-a-dia, encontrando pessoas insensatas, dividindo uma parte da minha vida para conviver com humanos limitantes. Logo eu, reclamando de limitações alheias sem cuidar daquilo que me limita. É fácil também cobrar uma postura diferente dos outros. E aqui, presa neste muro de cobranças que minhas limitações internas construíra

Suicídio

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Eu vou me arriscar a tentar dar uma explicação sobre o suicídio. Não tenho pretensão de escrever um artigo psiquiátrico ou de psicologia. É apenas uma tentativa de que haja uma explicação para isso. E que com mais uma explicação que isso seja apenas uma forma de aumentar a consciência sobre o assunto. E nada mais que isso. O suicídio é uma espécie de vírus que é instalado na cabeça do indivíduo. Vai se adaptar a mente hospedeira até atingir seu objetivo. Que é projetar alguma ilusão que lhe programe a ordem de auto-destruição. Pode ser do tipo lentamente planejada com uma única execução "repentina" e fatal. Ou do tipo intermitente com várias tentativas até o irrevogável desfecho. Ainda existe um outro grupo que é menosprezado porque não é considerado "suicídio de verdade". Pessoas que possuem pensamentos e sentimentos suicidas mas que não levam esse a uma consumação final. Como se isso não subtraísse a vida de forma fracionada. E cada perda de vida s

Esta dor que não fala...

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Quando sua alma gritar por socorro não adie o auxílio. Seja o primeiro a amparar a si mesmo, seja o primeiro a admitir para si que necessita de ajuda e que você está aberto a ela. Não deixe que o orgulho lhe faça recusar as mãos daqueles que vem para auxiliar. Não deixe que o pessimismo lhe encaminhe para o poço do desespero e que nem a loucura de seus pensamentos desfaçam o único fio que lhe prende a realidade. E anote estas palavras: "há de passar". Nenhum mal é eterno, nem uma dor é infinita, tudo é cíclico e demasiadamente passageiro.  O apego ao sofrimento te impede de enxergar a cura, te atrasa de procurar ajuda. Por quanto anos temos silenciado nossa dor? Por quanto tempo temos escondido ela dos outros por medo, por vergonha, por achar que iremos incomodar nosso próximo? Fingir que esta dor não é sua e guardá-la dentro de si, não vai fazer ela sumir de suas vistas. Se você não encarar ela agora, mais tarde ela volta cobrando seu descuido com devidos juros.