Descendentes de Caim
O sangue de um inocente fora derramado naquele dia. Seu rosto estava pálido diante ao fato. Suas mãos estavam trêmulas. Seu olhar estava assustado. Uma explosão de sentimentos negativos eclodiu de si e ele não sabia se sentia ódio, se sentia raiva, se sentia nojo, se sentia remorso. Contudo, descartou-se ligeiramente a ideia de remorso ao saber que o ato, ainda que motivado pelo impulso, pois fim naquele indivíduo que nascera do mesmo pai. A piedade para com o ocorrido não cabia dentro dele, mas ele sentia por si uma compaixão monstruosa. A que ponto as coisas tinham chegado para que tudo culminasse neste fim? Foi o ódio que se espreitou na própria sombra que observava realizações alheias, desejando ardentemente que estas fossem suas? Foi a inveja que sentira pelo sucesso do outro que o afundava cada vez mais em seus fracassos? O que fizera para atrair tamanha hostilidade do destino a ponto de não reconhecer em si mesmo uma parte da centelha divina? A inveja por não ser aq