O desenvolvimento do ser e a metáfora do aquário





Hoje fará uma semana que adentrei no curso superior de Pedagogia na Universidade Estadual de Minas Gerais [Uemg]. Cinco dias foram suficientes para me dar a certeza que finalmente encontrei o curso certo. 

Logo na primeira semana, debates interessantíssimos ocorreram e é provável que muito deles servirão como base para a formação de textos futuros que serão publicados no Fragmentos de Meu Ser, pois o intuito do blogger  continua o mesmo: compartilhar as experiências e reflexões que tenho captado da existência humana a partir do olhar que tenho sobre o mundo, as pessoas ou de mim mesma.

Chegamos no meio acadêmico com algumas idéias pré-formuladas e que são repetidas diariamente pelo senso comum. A imagem forte que permeia no subconsciente da maioria pessoas é que o professor continua sendo aquele que possui domínio sobre um conhecimento e que está apto a repassá-lo para os demais, transformando a experiência do ensino em algo limitador, já que o aprendizado seria algo próprio do aluno e não do professor. 

Mas, o desenvolvimento educativo não é uma via de mão única. Tanto aquele que ensina como aquele que quer aprender, trocam os papéis durante o percurso da prática pedagógica. Nesse processo, descobre-se que as potencialidades individuais são múltiplas e que a conscientização através do diálogo franco e aberto entre o aluno e professor, possibilita o compartilhar de conhecimentos e valores, cuidando para que as diferenças sociais não sejam motivos para segregação, mas agregação de experiências sociais válidas para o crescimento como Ser Humano.

Debates que são abertos para o diálogo construtivo trazem reflexões poderosíssimas. Ao presenciar hoje, um discussão a cerca do machismo e a forma como ele está enraizado na sociedade, me fez pensar em alguns pontos. Acredito que o Ser Humano está condicionado a repetir padrões comportamentais que outrora poderiam fazer sentido, mas que no contexto atual significaria uma violação aos direitos humanos. Pensamentos cristalizados não abrem brecha para o diálogo. O patriarcado ainda é uma presença muito forte nos meios sociais e é cultivado tanto pelos homens quanto pelas mulheres.  Jung, partia do pressuposto que as ações humanas e suas tendências a repetição [guerras/ maldade] fazem parte do que chamamos de "inconsciente coletivo". Ou seja, isso é algo que está além do que podemos fazer para modificar e é fato que dificilmente o quadro será mudado do dia para a noite. Se fosse para demonstrar uma figura semelhante ao machismo, poderia afirmar que este se parece com uma árvore, seca, sem vida, mas cujas raízes ainda são profundas e mesmo que se corte o caule, suas raízes permanecerão no solo fétido caso não sejam arrancadas.  

Pensar sobre isso me lembrou a música de Elis Regina, Como Nossos Pais.  
Minha dor é perceber que apesar de termos

feito tudo que fizemos

Ainda somos os mesmos e vivemos

Como nossos pais

  
A natureza do ser humano é mutável e rica em potencialidades  para se tornar aquilo que tanto deseja a partir do que já se é. Acredito que podemos ser agentes de mudanças ao começar por nós mesmos. É um desafio destruir os pensamentos engessados existentes em nosso interior e abrir a mente para pensar de forma diferente. 

Estar diante de algo novo pode ser ilustrado por um peixe que toma consciência do aquário que reside. Ele conhece todas as extremidade. Sua vida poderia ser satisfatória se não houvesse o anseio natural de querer "aprender" mais e mais. Ele sabe que a satisfação não traz desenvolvimento. Mas, o peixe ouviu falar sobre a existência do oceano. O que impede ele de se aventurar é o medo de arriscar e perder o que ele pensa possuir: seu limitante aquário.

As bordas do aquário são seu limite e se ele quiser conhecer algo além daquilo que já se sabe, o peixe terá que dar um salto para mergulhar no desconhecido e infindo oceano de experiências, transformações e conhecimentos!  

Ao ilustrar essa situação na vida real, somos nós que decidimos se queremos permanecer no aquário ou desbravar o oceano. 

A escolha final sempre é nossa.
  

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