Tarô - Uma expansão da Mente, Coração e Alma! [parte 2]



Começar uma matéria a respeito do Tarô, não é algo tão simples. Infelizmente, o Tarô é ainda conhecido pela maioria das pessoas como uma arte para antever o futuro, descartando todas as possibilidades existentes nessa ferramenta evolucional. Para explicar o Tarô, não se pode simplesmente recorrer ao pensamento cartesiano, mas, sim, semiótico, metafísico ou até mesmo transcendental. Desde os primeiros registros encontrados a respeito deste oráculo, muitas coisas vêm sido estudadas e atualmente, há várias pesquisas que relacionam o Tarô à mitologia, à psicologia e à astrologia entre tantas possibilidades de anteparo cultural. Não é necessário acreditar no tarô – ele existe. 

Ninguém sabe determinar ao certo o surgimento desse oráculo e sua origem permanece oculta. Diversas civilizações como a egípcia, chinesa, indiana ou hebraica, são indicadas como as que teriam concebido o tarô como um legado divino. Há quem diga que sua invenção surgiu na Europa Medieval com o intuito de divertir a corte real, e outros, o conceituam como uma nova arte de expressão. Teorias e crenças à parte, ninguém sabe determinar a origem ou o porquê de sua invenção. Os documentos mais antigos e referências a respeito desse jogo datam do final do século XIV. Não há nenhum registro seja através de pintura, literatura ou qualquer coisa que se assemelhe o tarô ou jogos de cartas, anterior à época da Renascença (1400 – 1600). As primeiras cartas que se tem notícia, produzidas por volta de 1440 (Tarô Visconti-Sforza) não continham o nome ou a numeração e representava somente o conteúdo simbólico. A formação definitiva das 78 cartas de Marselha que conhecemos, veio por volta de 1690 na Europa. Esse oráculo chegou ao Brasil e aos demais países da América do Sul entre 1945 e 1980.

Quem se propõe estudar o tarô descobre que esta ferramenta não é utilizada apenas de forma oracular: jogos, adivinhações, orientações. O estudo está intrinsecamente ligado ao despertar da consciência que busca entender a complexidade da vida humana e espiritual. Todo estudo de ciências ocultas e esotérico, geralmente, leva ao autoconhecimento. A iniciação do autoconhecimento através dos caminhos esotéricos não postula fórmulas feitas, fanáticas ou profanas e nem determina destinos. Quem busca conhecimentos transcendentes, parte da premissa que tudo aquilo que se apresenta diante de seus olhos está ali para auxiliá-lo no exercício do próprio discurso existencial. O incentivo inerente a tais artes, direciona cada indivíduo na procura do “saber” para atender as necessidades espirituais no mundo atual, além de ajudar cada Ser a compreender determinados padrões comportamentais e romper com dogmas pré-estabelecidos. O Tarô pode ser usado como uma ferramenta para orientação pessoal (jogos, oráculo) ou para o autoconhecimento (estudo, meditação, filosofia). 


O tarô é constituído por 78 cartas, com estruturas distintas, classificado em dois conjuntos: 22 cartas constituem os Arcanos Maiores e 56 cartas fazem parte dos Arcanos Menores. A metodologia de estudo entre os dois é diferente e sua construção está baseada no princípio do Macro e Microcosmo. A palavra “Arcano” significa mistério ou segredo. Os 78 arcanos obedecem a uma sequência simbólica expressando todo o universo humano. Cada carta possui um atributo específico que significa sua força principal. A iniciação do neófito nas trilhas do conhecer de si mesmo tem uma profunda semelhança com a jornada arquetípica do Herói e esta analogia é evidenciada no percurso que somos convidados a trilhar entre as 22 cartas dos Arcanos Maiores do Tarô. 

A cadeia simbólica dos Arcanos Maiores deve ser observada de forma circular ou como uma espiral contínua. O Arcano sem número, O Louco, é o elo entre a carta 21, O Mundo, e a carta de número 1, O Mago, como se terminasse uma fase para iniciar-se outra. Os arcanos principais se reportam ao mundo subjetivo, aos poderes da criação humana ou não, diretos ou árbitros, que a consciência ou o destino evidenciam. 

A estrutura de estudos de Nei Naiff (tarólogo brasileiro) divide os 22 arcanos em seis grupos: O Caminho da Vontade, O Caminho do Livre Arbítrio, O Caminho do Prazer, O Caminho da Dor, O Caminho da Esperança e O Caminho da Evolução. 

O Caminho da Vontade, os arcanos 1, 2, 3,4 e 5 terão sempre a mesma tônica, ou seja, a de criar a própria vida, valores, realizações, porém, cada um terá uma forma diferente de expressar a sua vontade. Nesse grupo, todos os arcanos acenam o livre-arbítrio, o desejo e as escolhas pessoais para sermos felizes. Não há envolvimento do carma ou destino, mas somente o desejo pessoal voltado à aquisição, relação, crescimento ou manipulação. Todos os arcanos do Caminho da Vontade mostram inúmeras possibilidades, mas nenhuma garantia de efetivação imediata, pois sempre haverá uma questão de temporalidade e a dependência de terceiros para a realização final. 

O Caminho da Vontade irá se manifestar no Caminho do Livre Arbítrio ou o Arcano número 6. Aqui estamos decidindo qual é a melhor forma para continuar os objetivos ou quando realizar a vontade. A partir de nossas escolhas, os resultados poderão ser positivos ou negativos, fazendo com que surjam três opções: Se eu acertar, adentrarei no Caminho do Prazer; se eu errar, serei obrigado a transitar pelo Caminho da Dor e se eu tiver experiência, optarei pelo Caminho da Evolução.

O Caminho do Prazer é representado pelos arcanos 7, 8, 9, 10 e 11, mostrando que todas as escolhas do arcano 6, foram direcionadas e serão realizadas na temporalidade presente, imediatamente. Os possíveis percalços são conhecidos e transpostos, pois nada impedirá a conclusão e as possíveis mudanças serão contornadas. Contudo, sabemos que toda realização necessita da manutenção e da responsabilidade social para ser mantida.

O Caminho da Dor manifesta-se através dos arcanos 12, 13, 14, 15 e 16. O sofrimento existe porque a vontade não é alimentada, o amor não é nutrido e o sonho não é realizado. Nesse caminho, vivenciamos o ápice de nossas ilusões, quedas, erros e perdas. Esses arcanos mostram que terceiros estão se opondo ao nosso desejo. O que pode significar: o próprio destino, o carma ou a vontade diferente dos outros. Esse caminho é acessado através do resultado do Caminho do Prazer, quando se tenta manter tudo sob a mesma visão pessoal, sem desejar acompanhar as responsabilidades ou respeitar o próximo, perdendo o controle da realidade. E no resultado do Caminho do Livre Arbítrio, mostrando que a escolha foi errada e que a vontade não se realizará a contento. 

O Caminho da Esperança é vivenciado através da Estrela, o arcano 17. Nesta via, descobrimos que toda dor ou sofrimento desaguam no oceano infinito da experiência. Podemos errar inúmeras vezes, mas temos que ter em mente que o orgulho não deve prevalecer sobre o erro, e um erro não compensa o outro. E "errar" faz parte, afinal, somos humanos! Saberemos retornar, perdoar e seguir o verdadeiro caminho para nossa evolução espiritual! Tudo passa tudo se renova, tudo acontece! 

E o último estágio de nosso aprendizado através dos arcanos maiores se tem ao percorrer o Caminho da Evolução, pelos arcanos 18, 19, 20, 21 e o Louco. Nesse caminho, é descoberto que tudo faz parte da vida humana, mostrando a necessidade de se aprender com as experiências e vivenciar os percalços, pois eles fazem parte da caminhada. Assim, a cada novo trabalho, nova relação afetiva, novos amigos, novos bens, estamos mais compreensivos, condescendentes, espiritualizados. A dor foi transformada em conhecimento e toda sabedoria em transcendência. A Vida é um Eterno Aprendizado. 

No breve desbravar pelos 22 Arcanos Maiores há muito mais para ser revelado, estudado, compreendido e transcendido. Quem se interessar em conhecer mais a respeito dessa magnífica Arte, procure as obras literárias de Nei Naiff, pois ele explica o tarô de forma didática, simples, compreensível e entendível para qualquer ser humano que busque o autoconhecimento através do Tarô. 

O Homem é filho dos seus desejos e ações. É o que é; é o que quer ser; é a realização do seu ideal. Se o seu desejo não tem base, todas as vontades e ações de sua imortalidade se desmoronam no abismo de nunca ter sido.
Jackson Saboya


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

* Iniciação ao Esoterismo – Jackson Saboya 
* Curso Completo de Tarô – Nei Naiff 
* Tarô, Simbologia e Ocultismo – Nei Naiff 

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