Violência muda


Silencioso é o ato de agredir sem que agressão ocorra por meios físicos. A pior violência é aquela que deixa marcas no psicológico, que sofre com o veneno alheio sem reagir à dose. A violência muda não grita, mas clama por socorro mesmo que suas cordas vocais não pronuncie os sons da palavra. Transgressões verbais mostram a realidade desoladora daquele que profere como aquele que recebe. A violência machuca não só o corpo, mas a alma; não destrói nossa dignidade, mas o nosso coração. A violência cria-nos sentimentos de medo pela imposição da força alheia que atropela-nos com sua agressividade e sucumbe laços de uma confiança que mesmo trabalhada por anos, são perdidas no instante em que há uma explosão enérgica da raiva.

A aparência não esconde a consciência intranquila que repousa no travesseiro, assombrado por demônios interiores que não são dominados pelo trabalho incessante da reforma íntima. A sombra exterioriza o que não consegue se enxergar em si mesmo. O agressor dificilmente reconhece a sua agressividade e tampouco admitirá com facilidade o erro que permanece inviável na sua consciência. Para ele, estar certo independente do quanto se erra é mais fácil que admitir sua irresponsabilidade e mudar os atos. 

A vítima, permanece silenciosamente apagada, sem forças para reagir e se defender dos vampiros que roubam descaradamente sua energia para a vida. Se escolhe permanecer nessa situação, humilhada pelas circunstâncias impostas pelo agressor, suas forças se esvairão com a latente queda de sua autoestima. Mas, se por ventura, escolher dizer "não", poderá se libertar das amarras do sofrimento que julga não merecer ou pode, por medo de enfrentar a situação que outrora a dominou, tornar-se aquele que humilha por ter sido humilhado no pretérito. 

Uma realidade possível, triste, sombria e desumana. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estrela + 9 de Espadas

Gita e os 22 arcanos do Tarô

Brincar na chuva...