O silêncio dá lugar às palavras sem sentido. Os olhos entretidos com a luz de uma tela raramente se dispõem a observarem as luzes de uma estrela. As conversas supérfluas ganham espaços entre pessoas vazias de si mesmas. Não se olha mais nos olhos, não se toca mais com o coração, não se ama mais com a alma. No apocalipse dos sentidos, o que mais tem relevância é o NADA. Nada a oferecer, nada a possuir, nada a ser. Tão efêmera é a nossa passagem, tão pequena é a vida e tão oculto é aquilo que guardo de mim mesma, pois tenho medo de olhar e descobrir que para Ser não preciso do Nada que o sistema oferece. Preciso ser, mas sem me subjugar as avaliações alheias. Preciso existir, mas sem expor minha intimidade ao mundo. Preciso viver a vida, fora da tela e dentro de mim. Sob à luz de velas, o contorno de minhas curvas aparece para aquele que fez por merecê-las. Sob à luz de velas, o beijo molhado, o abraço apertado e o escuro só revelam a luminosidade que os amantes