6 de dezembro de 2025

O sonho que chegou na hora errada

 


Ah, meus desejos. Preciso ter cuidado com aquilo que peço ao Universo, porque quase sempre recebo e quando recebo, não sei como saborear o presente. Minha alma parece viver eternamente insatisfeita, como se nada fosse capaz de preencher esse espaço vazio que insiste em existir. A vida é uma constante interminável entre a vontade de ter e o tédio de possuir, já dizia um filósofo. 

Para ilustrar:

Em 2021, decidi que era hora de mudar o rumo da minha vida profissional. Escolhi a tecnologia e iniciei minha graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, certa de que esse seria o caminho para uma vida melhor. Eu estava exausta do comércio, e a área de TI parecia carregar todas as promessas de crescimento, valorização e novas possibilidades. Enquanto fazia o curso de tecnologia também trabalhava na farmácia. Procurei estágios, participei de dinâmicas e entrevistas e parecia sempre estar no "quase". A bola que eu chutava ia para o gol, mas batia na trave. 

Me formei em dezembro de 2023 sem conseguir entrar na área. Continuei na farmácia até que um dia precisei admitir: minha mente estava gritando por descanso. Problemas no trabalho, preocupações com a saúde do meu pai, questões internas acumuladas; tudo veio como uma onda pesada e silenciosa. Decidi que deveria sair para descansar.

E foi justamente no mês que estava cumprindo aviso prévio que entraram em contato comigo sobre uma vaga que havia me candidatado meses antes. Uma oportunidade perfeita: perto de casa, na minha área, com benefícios maravilhosos e o melhor: estavam dispostos a contratar alguém sem experiência como eu.

Fiz a entrevista sem expectativas, quase sem energia. E, de repente, fui aprovada. O sonho que tanto persegui finalmente se materializava. Aceitei a vaga mesmo cansada, mesmo emocionalmente frágil. nos primeiros dias, tudo parecia mágico. Não demorou muito para o encanto se desfazer, não por falta de interesse, mas porque meu corpo e minha mente já não tinham onde buscar força. Eu havia chegado ao meu limite. E quando percebi que a tristeza estava ocupando o lugar que deveria ser da realização, eu precisei escolher a mim.

Saí. Larguei justamente o sonho que passei anos construindo, não por fraqueza, mas por necessidade. Algumas pessoas me julgaram, outras compreenderam e outras apoiaram. A verdade é que quando a mente pede socorro, não adianta se esconder atrás de remédios ou de conquistas bonitas na carteira de trabalho. Problemas silenciados não desaparecem, só criam raízes mais profundas. 

Hoje eu entendo: não basta conquistar algo se o seu espírito está em ruínas. Antes de realizar grandes sonhos, eu preciso aprender a estar inteira.

Agora, quando eu desejar algo, que seja diferente: não somente alcançar, mas saber sustentar. Não somente por conquistar, mas saber sentir. Não quero apenas realizar, mas estar presente dentro da vida que escolho viver. E, desta vez, quando eu desejar, quero estar preparada para receber. Porque não quero só conquistar, quero poder permanecer também. 

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