Angústia



Por ora, este sonho se parece tão distante de mim a ponto de me fazer pensar que nunca vivi para realizá-lo. Ao tocar a realidade com minhas mãos, percebo que estou cada vez mais presa em tudo aquilo que não me representa. Estou limitada aos meus medos, a minha loucura, a minha insensatez. Minha angústia não ganha voz para expressar tudo o que tenho guardado estes anos todos. Meu interior virou um depósito para guardar tralhas: restos empoeirados de emoções ensurdecidas e sonhos que nunca, nunca, se realizam. E por não realizá-los, começo a pensar que nunca nasci para vivê-los e que deveria conformar minha alma à normalidade, à viver uma vida banal e sem sentido algum. Condenar minha alma à normalidade é declarar atestado de óbito e de mortos que caminham, o mundo já está cheio.

Esta angústia tem nome, tem causa, tem cheiro, tem sabor. Esta angústia que lateja no peito e tarda a ir, permanece ali porque deseja algo de mim. E o que seria este algo? Por que ela me perturba? Por que ela revira minhas emoções? Porque ela quer algo de mim e é muito fácil saber o que é este "algo": ela não quer que eu me conforme com a normalidade do absurdo, com o endurecimento do pensamento e com o esmorecer dos meus sonhos. Ela quer me acordar e dizer que não devo, jamais, me conformar com tudo aquilo que me parece "normal". "Fuja à regra. Quebre padrões. Liberte-se das amarras. Não ouse a pensar igual à todos. Tenha voz. Tenha olhos. Tenha mais de si para oferecer à vida. E acredite que os sonhos distantes nos ensinam a escalar montanhas maiores". 

Esta angústia, por ora, é minha melhor amiga.       

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