Ritos de Passagem [Reflexões]




Entendi pela primeira vez na vida a importância dos ritos de passagem. Como? Através da morte. Até ontem, nunca havia sido tocada inteiramente por ela. Sempre divaguei muito em meus escritos sobre o tema, sem ter vivenciado na vida a dor que ele provoca. 

A dor da perda ganha dimensões imensuráveis no mundo subjetivo de cada indivíduo. Quando alguém que mantemos uma ligação afetiva falece, não existem palavras para descreverem o que sentimos. É uma dor que rasga a alma e parte o coração em pedaços! É a dor que não encontra palavras e somente as lágrimas para transmitirem como estamos nos sentindo! Ainda que apareçam palavras de apoio; a dor continua prevalecendo em nosso íntimo. Nem mesmo um abraço é capaz de aliviar a dor. Só quem sofre, sabe exatamente o tamanho do seu sofrimento. 

Ao lado da minha amiga que estava sofrendo com o falecimento de sua mãe, pude compreender a importância dos ritos de passagem sem ignorar a dor que todos partilhavam no presente momento.  

A vida humana é um desenrolar de experiências repletas de simbolismos que atribuem significado a Existência. Antiquíssimos códigos de conduta e símbolos criados por  civilizações, estão impressos no inconsciente individual e coletivo. Um destes códigos que organizam a vida humana são chamados de "Ritos de Passagem". Os ritos de passagem estão presentes no nosso cotidiano. Um rito de passagem simboliza a mudança de um estado consciencial para outro mais elevado ou também podem representar celebrações para dar boas vindas àquele que nasce ou homenagear aqueles que partem. Vários povos têm suas maneiras peculiares de expressarem suas homenagens aos mortos. O interessante é que mesmo existindo tantas formas de celebrar a morte; o ser humano encontra através da ritualística um ponto de conexão com seu lado divino e imortal. 

Sabemos que a morte é apenas um momento de transição. É o momento que o espírito desentrelaça do corpo físico para retornar ao seio espiritual. As cerimônias que fazemos em homenagem àquele que desencarna não é só para relembrar sua importância em nossas vidas. A cerimônia permite que vivenciemos a dor da perda. Minha amiga comentou que se pulasse esse processo da perda, tentando camuflar a dor, ela sofreria mais cedo ou mais tarde a morte da mãe. E é verdade. Hoje, tentamos esconder nossas dores sem descobrir o que ela veio realizar em nossas vidas. Claro, não estou incentivando a procurarmos o sofrimento, mas se ele apareceu, encare ele de frente! Não nego que não dói. Dói e muito. Mas temos que encarar a dor de frente e deixar que ela mesma encontre seu alívio com existência. Te garanto que dói menos quando abraçamos nossa dor e nos permitimos crescer através dela.

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