10° Carta [A Hora da Estrela]





Oi Mi! 
Tava nesse último segundo no grande cubículo filosófico chamado "banheiro", e então pensei: faz um tempo que não troco carta com a Mi. Mas de repente, passei da água pro vinho, e fiquei feliz, já porque o motivo desta pauta (por isso, passageira) é porque estamos nos vendo mais. Fico ainda mais feliz pelo fato de às vezes nem planejarmos e, de repente, lá estamos nós. E agora, aqui estou eu, sozinho, mas não solitário. E é por isso que lhe escrevo: a distância dos pés é diferente da do peito, não é, Mi? 
Da mesma forma que, em certos dias, sentimos o peito longe, só queria dizer que quando o peito está longe, imagina os pés... Fica difícil andar e todo lugar em que se entra, torna-se apenas um lugar em que se sai. Não é algo que escolhi ter. Aprendi a aceitar essas nuvens e suas tempestades como fenômenos naturais, sabendo que devo também ser natural como o solo de terra que permite ser infiltrado, e não duro e inflexível como o asfalto que gera enchentes. Ser grato as grandes nuvens porque elas também me dão sombra. 
Por último (mas que foi o primeiro no banheiro e que me fez escrever essa carta de tão feliz), digo-lhe sobre as estrelas, minha grande amiga. 
Na noite escura, depois de uma tarde estrondosa, onde ainda o que vemos é apenas mais escuridão: uma estrela brilha e como a Clarice diz: é a hora da estrela. Em meio a tantos rostos, uma estrela brilha e esta estrela é você, minha amiga. Em meio a tantas metamorfoses ambulantes e constantes, é preciso ter portos-seguros. Assim como os antigos que se localizavam na terra olhando para as estrelas, eu me sinto assim perto de pessoas estrelas como você, Mi! 
Rilke, meu pai, Clarice e você, minha amiga, a paz é a única diante do brilho de pessoas assim. E que brilhamos sempre dentro um do outro, dentro um dos outros, minha eterna amiga e viajante das estrelas. 
Do seu amigo, Marco. 

Eu não sei explicar todos esses sentimentos que estão surgindo ao reler estas cartas. É um misto de saudade, misturado com dor, mas também muito Amor. Estou chorando porque não sei se demonstro muito bem a importância que meus amigos têm na minha vida. Eu tenho feito trabalho intensivo na minha timidez e nos meus bloqueios que me impedem de interagir livremente com as pessoas... 

Mas, você, meu amigo, percebeu tudo isso e ultrapassou as barreiras para que hoje, pudêssemos nos reunir em liberdade de sentimentos e em total comunhão de espírito! Meu amigo, você conseguiu me enxergar com os olhos da alma e se choro, é porque você conversa diretamente com meu coração. E mesmo distante, eu sei que isso que há entre nós é algo que transcende os véus da matéria. Ah, Marco! Que sempre tenha um abraço por perto quando eu não puder te abraçar. Que sempre tenha uma palavra amiga ao seu redor enquanto minha voz estiver distante... Que sempre haja no seu coração imenso um espaço (pequenino) para me levar contigo, pois eu te levo comigo, onde quer que eu esteja. Eu amo você! E eu sei que o Universo estará protegendo seus sonhos, seus reais desejos, sua verdadeira vontade, o seu coração! 




  

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