28 de maio de 2017

Alma Guerreira




Estou esperando por você. Eu te disse olhando em teus olhos que se um dia você acordasse e acreditasse em nós; eu estaria esperando por ti e, quando eu disse isso, você sorriu com a impossibilidade deste dia chegar. 

Tenho a alma guerreira; não entrei nesta batalha para perder. Meu objetivo é a conquista e enfrento o inferno se for preciso para estar novamente ao teu lado. O Anjo me deu sua espada e esta espada uso para lutar com meus inimigos. Eles estão sendo derrubados, um por um; mas o pior dos inimigos que enfrento todos os dias é a minha incredulidade. Eu rezo para Deus: "eu creio, Senhor! Ajudai a minha incredulidade". Manter minha sanidade para não me perder nas mentiras da minha mente é uma luta árdua e, quase sempre me vejo prestes a desistir de nós; desistir de meus sonhos. Mas Deus me dá forças e estas forças estão sendo utilizadas para percorrer o meu caminho com coragem e fé, ainda que apareça alguns obstáculos. 

Uma alma guerreira enfrenta a própria escuridão com sua luz interior! E os obstáculos estão ensinando ela a viver sua verdadeira vontade!  

Não desisti de ti e luto por nós enquanto você não desperta. Estou esperando por você, lutando contra a escuridão enquanto o dia não chega. Saiba que só irei superá-lo quando meu coração parar de bater... 


27 de maio de 2017

Qual é o seu sonho? [Parte 2]



- Você é pedagoga? - perguntou ela. - Estou vendo na sua camisa. 

- Não! Estou apenas no 3° período. Mas não estou me identificando com o curso! - disse para ela. Talvez, eu também precisasse ouvir isto de mim mesma. Não nasci para ser pedagoga. Não nasci para ser advogada ou mesmo professora de artes. Mas por que estava contando isso para ela? Nem a conheço. Não sou de dividir intimidades com estranhos à primeira vista e nem de conversar em ônibus porque morro de vergonha. Sou tímida, é verdade!

O diálogo continuou:

- Eu sou pedagoga, trabalho na coordenação de uma escola, sei como são os ossos do ofício. Se eu soubesse que seria assim, não teria escolhido este curso. Estou trabalhando na área, mas também não gosto. Se você pensa em desistir, qual curso escolheria? - perguntou a desconhecida que agora era uma estranha amiga. 

Eu olhei ela nos olhos e meu rosto expressava: "eu não sei o que faço da vida". Ela captou meus pensamentos e perguntou mais uma vez: 

- O que você gosta de fazer?

- Eu gosto de escrever! Quero ser escritora! - respondi e a reposta aliviou a angústia de não ter que ser aquilo que as pessoas esperam de mim. A moça estranha agora era uma amiga. Estava preocupada com o futuro de uma desconhecida; uma pessoa que ela veria apenas uma vez na vida. Mas ela estava ali, ao meu lado; queria me ouvir dizer sobre meus sonhos, minhas vontades. Mal sabia ela que esta pergunta fora crucial para que eu pudesse ouvir de mim mesma a resposta do que realmente quero para esta existência.

- Sei como é. Eu, na verdade, gosto de cozinhar. Penso em fazer gastronomia no futuro, pois amo cozinhar!

Foi aí que eu percebi uma coisa. Eu e Ela sabíamos exatamente quais eram as nossas paixões; só não estávamos dispostas a corrermos riscos por elas. Ela queria ser cozinheira; eu, escritora. Ali, naquele ônibus, dividimos uma com a outra os nossos sonhos. Quando deu sinal para descer do ônibus, despediu-se de mim e me desejou boa sorte. Dei Graças à Deus por Ele colocar Anjos em nossas vidas para nos lembrar do nosso caminho. 



25 de maio de 2017

"Não"




Ele não está enterrado em meu coração; ele está vivo. Isso é fato. Meu coração desenha seu nome todos os dias. Em meus sonhos só existe um Homem que me abraça e sei que nos braços dele, encontrarei a felicidade que procuro. 

Encontrei minha Outra Parte há muito tempo, quando era jovem demais pra perceber o milagre da vida em ter nos unido tão cedo. Separada da minha outra parte é como se eu andasse no mundo incompleta, pois sei que nenhum beijo será verdadeiro se não for os lábios dela. Andei me enganando, é verdade. Menti para os outros e pra mim mesma quando dizia que não o amava. Todos sabiam que era mentira! Todos podiam ver em meus olhos que eu nunca o tinha esquecido. Nunca esquecerei. Meu Amor por Ele é eterno assim como é o espírito que anima este corpo. Não posso dizer que Ele faz parte do passado; se o meu amor por ele é o Presente, o Aqui e o Agora.. 

É isso que se encontra no meu coração. Sabendo-se disso, sabendo que eu não sou sua outra parte e você não é minha outra parte; poderíamos nos relacionar ignorando a presença do nosso verdadeiro amor em nossos corações? Seríamos capazes disso? A resposta correta é "não". 

Já disse "não" à minha outra parte e ela teve que conviver com a dor deste "não"; agora é minha vez. E eu escolho passar por isso, pois assim que eu cumprir minha parte nesta história, seremos capazes de nos libertamos do "não" para abraçarmos o tão sonhado "sim"; o "sim" que nossas almas anseiam.  

Suas Reais Intenções...




Você tenta me enganar, mas não adianta. Sou uma bruxa. Eu sei quais são suas reais intenções. Com apenas um olhar sou capaz de ler em tuas entrelinhas suas verdades e mentiras. À mim, você não engana. Não permitirei que machuque àqueles que amo. Ela, eu protejo com unhas e dentes de qualquer ameaça e você é uma ameaça para ela. Não entrego o meu tesouro para qualquer um. Cuidei dele desde que nasceu; não entrego ela à alguém que só quer brincar com seu pueril coração. 

Antigamente, eu acreditava na boa intenção das pessoas. Achava que todas, sem exceção, eram boas até descobrir a maldade existente em seus corações. Mas eu também tenho o coração corrompido. Por ter deixado meu coração conhecer a maldade do mundo, sei identificar quem luta com o mal que há em si e quem não luta. Você não faz nada para mudar sua realidade interna. Você apenas quer alguém para que possa se esconder atrás dela...

Felizmente, nela você não toca.    

18 de maio de 2017

O Acordo



Foi numa noite escura, sem estrelas, que fiz o "acordo". 

Todos debochavam de mim. Riam daquela situação. Constrangida pelos olhares alheios, usei o pouco que restava de minha coragem para encará-lo em meio à tanto desprezo. Humilhada por suas palavras, dei-me por vencida. Desmoralizada pelo o Homem que tanto amava, jurei à mim mesma que não acreditaria mais nestas histórias de amor ou que o Amor sempre vence no final! O amor era uma invenção dos homens e não dos deuses. Todo o amor que os seres compartilhavam entre si, não passavam de um jogo compatível de interesses. Logo, o interesse estava susceptível a queda e sua extinção ao menor sinal de decepção. E a extinção nada mais era que o fim da relação; deixando que frases tão efêmeras como um "eu te amo" pudessem ser apagadas da memória. 

Fiz este acordo quando estive mergulhada nas trevas. 
Quando a escuridão apresentou uma resposta destrutiva, me agarrei a ela; como tenho feito até hoje, destruindo tudo aquilo que amo. 
A gente destrói aquilo que mais ama,
em campo aberto, ou numa emboscada;
alguns com a leveza do carinho
outros com a dureza da palavra;
os covardes destroem com um beijo
os valentes destroem com a espada.
Mas a gente sempre destrói aquilo que mais ama.
Só me dei conta disso quando retornei ao passado para rever outros detalhes; para encontrar respostas ao meu "Agora". Meu amigo estava certo. Algo não estava resolvido e esse tempo todo, permiti que continuasse assim: sem resolver. Por que uma decepção poderia ser motivo para que outras semelhantes acontecessem? Porque lá no fundo eu jurei para mim mesma que o Amor não existia; eu fiz esse juramento à mim mesma enquanto estive mergulhada nas trevas. 

Todas as vezes que comecei uma relação, eu tinha uma estranha sensação que não seriam duradouros (apesar dos meus pensamentos projetarem o "felizes para sempre"). E eles não eram. Passavam-se meses e via tudo ruir do dia para noite. 

Hoje, vejo o quão dura fui comigo mesma. O quão punitiva tenho sido comigo por não me permitir vivenciar um Amor de verdade. Só tenho usado meus medos para me proteger; para manter esse acordo que só têm trago decepções na minha vida. Eu acreditei que o amor não valia a pena; mas ele está salvando o meu coração de cair totalmente em desesperança! Ele existe e histórias de amor são reais.

O Amor está ressurgindo, mostrando-me sua Luz e apresentando todas suas manifestações para que eu volte a acreditar em sua FORÇA. E sei que tenho a espada do meu anjo guardião para romper este acordo com as trevas e permitir que floresça e se mantenha o que sustenta a alma e o coração.   

O Acordo está sendo rompido. Estou me libertando aos poucos. Eu sei que estes anos todos, vim destruindo o que amo e muito se perdeu neste processo. Mas Deus é misericordioso e meu arrependimento é sincero; um novo começo aparece no horizonte. Desta vez, não é uma noite escura sem estrelas que vejo; mas a alvorada de uma nova vida.
  

14 de maio de 2017

O Meu Olhar




Olho para cada vida imaginando quem foram seus amores; quais decepções já sofreram; o que fazem as pessoas rirem, chorarem, se emocionarem; quais lutas as fazem se manterem de pé. Olho para as pessoas à minha volta tentando imaginar suas histórias; quais são seus sonhos, o que as motivam, quais valores cultivam. Olho para cada detalhe que elas possuem: uma marca de nascença, uma pintinha diferenciada das demais ou marcas feitas pela vida que deixam rastros de dor.  

Olho para o contorno de cada mão e os calos me dão a sensação de vidas movidas pelo trabalho, com a única finalidade de trazer sustento à mesa de casa. Olho para cada sorriso e imagino que por de trás dele existe alguém forte; alguém capaz de manter as esperanças quando tudo parece estar sem rumo ou perdido. Olho para cada rosto e vejo expressões de cansaço; mas também vejo luta, persistência, dedicação.

Olho para cada vida e percebo que para ela existir depende unicamente de um fator: Vontade. E haja Vontade! Haja amor pela vida!

No meio da multidão, percebo diferenças e também semelhanças. Ninguém é igual a ninguém. Há um universo dentro de cada ser vivo. Há vidas que formam gerações e dão continuidade a história da família através da tradição, da perpetuação dos valores e da cultura. 

E, apesar de saber que somos um rastro fugaz na história da humanidade; somos a história de nossas próprias vidas. 
   

"Ex" [O Medo do Passado Afetivo do Outro]




Existe uma temida figura que nos assombram quando adentramos em um relacionamento: a 'Ex'. Sempre queremos saber mais sobre o passado afetivo do parceiro; quem foram seus amores e também, quais relacionamentos foram mais marcantes ao mesmo tempo que temos medo do passado afetivo do outro.

A figura da "Ex" está lá, escondida no coração do outro como um segredo de um passado que poucos gostam de conversar. E quando o mistério se mantém e o atual parceiro evita falar sobre amores passados, nossa imaginação corre a solto. Não temos medo de transformá-la em um monstro; não temos medo de criar uma personalidade neurótica e dar vida à ela. Podemos até conhecer a pessoa de vista, mas não confiamos muito. Já nos têm uma antipatia gratuita. E se tentamos manter certa aproximação; temos a sensação que estamos pisando em ovos. 

Mas será que questionamos a origem deste temor ou queremos realmente compreender o passado afetivo do nosso parceiro?

Tempos atrás, namorei um rapaz que não tinha vergonha em falar mal de sua ex-namorada. Dizia que ela era isso ou aquilo. Tudo de ruim que se possa imaginar, o garoto afirmava com veemência como se sua "ex" fosse um monstro, um ser humano impiedoso. Tão logo, percebi que já repudiava a garota sem ao menos conhecê-la. Depois que terminamos, pude ver a garota algumas vezes e conversei com pessoas próximas à ela. Toda a imagem negativa que ele construiu em torno dela não existia na realidade. Existia, na verdade, a sua dor perante aos acontecimentos que motivaram o término. Isso apenas provou que a realidade nem sempre é como a vemos; corremos o risco de vermos somente um ângulo da história. 

As pessoas se machucam ao se relacionar uma com as outras e geram mágoas através destas relações. Mas não é porque estou magoada com fulano que tenho o direito de difamá-lo como se seus erros fossem determinantes de caráter. Quem nunca errou dentro de um relacionamento que atire a primeira pedra. 

Dito isso, qual é a razão do medo que a imagem da Ex nos causa? Lá no fundo, existe apenas o medo de perder o parceiro para o passado. Ele surge quando se acredita que seu parceiro possa nutrir alguma afetividade por sua ex e talvez, ele de fato, nutra algum sentimento e não há nada de errado nisso. A capacidade de olhar para o passado e acolher as histórias e pessoas que estiveram presentes nele, não é um ato reprovável, mas memorável. São as experiências pretéritas que nos trouxeram onde estamos e se ele estar ao seu lado e não ao lado dela; tenha certeza que tudo o que ele vivenciou no passado foi essencial para que ele pudesse reformular seus ideais de parceria!

A figura da "Ex" só é desconstruída quando passamos a vê-la como um ser humano susceptível à erros e acertos; uma presença que pode ter sido importante no passado de seu parceiro, mas que agora não é mais; afinal, o presente revelou outras oportunidades à ele e certamente, a prioridade central dele não tem sido o passado, mas o presente momento que ele tem ao seu lado. 
  


O Ônibus



Quando vi você adentrar no ônibus pela primeira vez, eu sabia que me apaixonaria por você. Bastou olhar para ti e perceber o quão especial você seria na minha vida. Entre tantos lugares vazios, você escolheu sentar ao meu lado e não demorou muito para puxar papo. Logo percebemos que a conversa entre nós era infinita! Logo descobrimos que por trás das palavras haviam afinidades de interesses e isso foi o suficiente para que uma paixão nos entrelaçasse no meio da viagem. De um modo delicado e carinhoso, acariciou o meu rosto e suavemente pousou seus lábios sob os meus. O seu beijo tinha uma estranha capacidade de curar minhas feridas e abrir meu coração para acreditar novamente na Força do amor. O teu abraço me fazia sentir que não estava sozinha. Em teus largos ombros, senti-me protegida. 

Eu sabia, entretanto, que você teria que descer em breve. Eu sabia que você tinha adentrado no meu ônibus e logo teríamos que dizer adeus um ao outro. Eu sabia... E quando chegou o momento que eu não desejava, tive que me despedir de ti em lágrimas. Vi você dar sinal e despedir-se com um beijo chamado adeus. Você foi embora e despediu-se de mim do lado de fora. Assim que o ônibus deu a partida, vi que tinha deixado pertences seus no banco e uma carta de apaixonada de amor que dizia o seguinte:

"Estou partindo, não fique triste. O adeus não significa a partida, mas a permanência do meu espírito em teu coração. Ainda que tenha desaparecidos registros físicos meus no teu agora, saiba que estarei presente contigo enquanto carregares minha essência em teu singelo e afetuoso coração. A essência é carregada de espírito e nula de vaidade. É plena, abundante e reconhece como primeira instância o Amor. E o Amor só existe porque há o Bem, a Verdade e a Beleza. Sem estas coisas, não haveria de ser, pois assim como o Sol é o Sol; a essência é o espírito que ver na mortalidade a continuação da vida. Estou partindo e fique feliz, porque estivemos juntos por breves instantes e estes instantes tornarão-se o nosso maior tesouro. Se eu morrer nos próximos minutos, morrerei feliz, pois o breve instante ao teu lado me fez conhecer o amor e vale uma vida curta vivida com esperança e amor do que uma vida inteira sem sentir esta força!"

Cada vida é o centro em seu próprio universo. Vidas se conectam através do Amor. Continue apreciando a viagem, conhecendo os passageiros e celebre a oportunidade destes encontros. A vida é aquilo que acontece enquanto não estamos a planejando. É o amor que se encontra nos detalhes e na percepção que o outro é especial, diferente e único. A passagem é só de ida. Os passageiros não são permanentes. Uns seguem contigo até o final da linha, outros se despedem de ti para seguir suas próprias jornadas; mas através do Amor todas as almas se conectam como o oceano reúne uma infinidade de gotas.
           

8 de maio de 2017

A Crítica, a Sombra e O Outro



Sempre quando faço uma crítica a alguém, tenho que ter em mente que estou dirigindo esta crítica a mim e não ao alvo do meu destino. A crítica à alguém diz mais a respeito de si do que do outro. Quando me vejo criticando alguém em pensamento e recriminando determinada pessoa por tal atitude; penso até que ponto tais críticas são cabíveis à mim. Converso comigo mesma para saber até que ponto isso é ou não uma sombra projetada no outro. E sei que esta conversa tem quer honesta, advinda do meu esforço para se melhorar como ser humano através do autoconhecimento. 

A projeção da nossa sombra acontece o tempo todo. Estamos o tempo todo criticando os outros e policiando suas atitudes ao invés de olhar para nosso jardim interior e se perguntar: o que é que tenho semeado dentro de mim? O que tenho feito para me melhorar como ser humano? O que tenho feito com minhas experiências? Aprendido com elas?

Não importa o que o outro pensa do mundo; importa apenas se você respeita o modo do outro ver a vida e se você sabe conviver com as diferenças, pois as diferenças sempre existirão! Ninguém é igual a ninguém. Somos todos diferentes. Somos todos seres únicos, individualmente falando e pode ser que o outro tenha um pensamento que você não concorde. Tudo bem. Ninguém é obrigado a policiar pensamento de ninguém, muito menos, tentar invalidar o argumento dele. O problema é quando usamos o nosso discurso para acusar, agredir ou até mesmo matar quem discorda do nosso ponto de vista. E é o que vemos atualmente no mundo: ideologias que massacram, governos totalitaristas que não permitem a liberdade de expressão e religiões que usam do ódio e da intolerância para impor sua verdade no mundo.   

Seria perfeitamente ideal se todas as pessoas do mundo estivessem compromissadas com suas reformas íntimas e com suas evoluções espirituais. Seria maravilhoso se todas as pessoas olhassem para as outras pessoas e vissem nelas, uma grande família cósmica! Seria mágico e transcendente se todos os indivíduos amassem um ao outro como a si mesmo. Seria lindo se não houvesse tristeza, fome, miséria, sofrimento, mortes no mundo. Seria perfeito. Não seria? Mas esse mundo ideal está longe de existir e eu sei que não verei isso, não agora, não nesta encarnação, não neste momento de transição do planeta terra. Quando você descobre que a Dualidade é um dos princípios universais, você começa a perceber a gigantesca roda que está girando e girando, repetidamente; e como temos voltado inúmeras vezes na Terra para cometer os mesmos erros que nos fizeram fracassar algum dia no passado... 

O fato é que nem todos estão prontos para se despertar para a Verdade que há em si mesmo.  E os despertos, estão buscando se melhorarem como seres humanos para serem a diferença que eles esperam ver no mundo, afinal: somos herdeiros de nós próprios. 

Três coisas a serem notadas depois desta reflexão:

1 - A crítica que se faz ao outro pode revelar mais coisas sobre si mesmo (sombras, medos, projeções, repressões). 
2- A sombra existe. Esta aí dentro. Precisa ser olhada sem medo. Precisa ser encarada de frente. A Sombra pode te ensinar a como usar seus verdadeiros potenciais. 
3- O outro é também o "Eu". Eu existo porque o Outro existe. Só sou capaz de afirmar minha existência através dos olhos do outro. Agora, que outro é esse? Se o outro é eu, quer dizer que o outro sente tudo aquilo que sinto (dor, sofrimento, alegria, tristeza, felicidade, amor, raiva, frustração). Então, por que o outro machuca o outro? Porque não aprendeu a reconhecer o humano que há através destes olhos que enxergam o outro.  

5 de maio de 2017

10° Carta [A Hora da Estrela]





Oi Mi! 
Tava nesse último segundo no grande cubículo filosófico chamado "banheiro", e então pensei: faz um tempo que não troco carta com a Mi. Mas de repente, passei da água pro vinho, e fiquei feliz, já porque o motivo desta pauta (por isso, passageira) é porque estamos nos vendo mais. Fico ainda mais feliz pelo fato de às vezes nem planejarmos e, de repente, lá estamos nós. E agora, aqui estou eu, sozinho, mas não solitário. E é por isso que lhe escrevo: a distância dos pés é diferente da do peito, não é, Mi? 
Da mesma forma que, em certos dias, sentimos o peito longe, só queria dizer que quando o peito está longe, imagina os pés... Fica difícil andar e todo lugar em que se entra, torna-se apenas um lugar em que se sai. Não é algo que escolhi ter. Aprendi a aceitar essas nuvens e suas tempestades como fenômenos naturais, sabendo que devo também ser natural como o solo de terra que permite ser infiltrado, e não duro e inflexível como o asfalto que gera enchentes. Ser grato as grandes nuvens porque elas também me dão sombra. 
Por último (mas que foi o primeiro no banheiro e que me fez escrever essa carta de tão feliz), digo-lhe sobre as estrelas, minha grande amiga. 
Na noite escura, depois de uma tarde estrondosa, onde ainda o que vemos é apenas mais escuridão: uma estrela brilha e como a Clarice diz: é a hora da estrela. Em meio a tantos rostos, uma estrela brilha e esta estrela é você, minha amiga. Em meio a tantas metamorfoses ambulantes e constantes, é preciso ter portos-seguros. Assim como os antigos que se localizavam na terra olhando para as estrelas, eu me sinto assim perto de pessoas estrelas como você, Mi! 
Rilke, meu pai, Clarice e você, minha amiga, a paz é a única diante do brilho de pessoas assim. E que brilhamos sempre dentro um do outro, dentro um dos outros, minha eterna amiga e viajante das estrelas. 
Do seu amigo, Marco. 

Eu não sei explicar todos esses sentimentos que estão surgindo ao reler estas cartas. É um misto de saudade, misturado com dor, mas também muito Amor. Estou chorando porque não sei se demonstro muito bem a importância que meus amigos têm na minha vida. Eu tenho feito trabalho intensivo na minha timidez e nos meus bloqueios que me impedem de interagir livremente com as pessoas... 

Mas, você, meu amigo, percebeu tudo isso e ultrapassou as barreiras para que hoje, pudêssemos nos reunir em liberdade de sentimentos e em total comunhão de espírito! Meu amigo, você conseguiu me enxergar com os olhos da alma e se choro, é porque você conversa diretamente com meu coração. E mesmo distante, eu sei que isso que há entre nós é algo que transcende os véus da matéria. Ah, Marco! Que sempre tenha um abraço por perto quando eu não puder te abraçar. Que sempre tenha uma palavra amiga ao seu redor enquanto minha voz estiver distante... Que sempre haja no seu coração imenso um espaço (pequenino) para me levar contigo, pois eu te levo comigo, onde quer que eu esteja. Eu amo você! E eu sei que o Universo estará protegendo seus sonhos, seus reais desejos, sua verdadeira vontade, o seu coração! 




  

9° Carta [Amizade secular]




 Minha amiga Michele, 
Estive pensando quando comentou comigo sobre aquela nossa "última" foto em Betim, há quase um ano. É verdade que parece que piscamos e, de repente, estamos cada um em ponto espacial deste mundo. Pensei , pensar nisso, em fazermos uma retrospectiva do que vivemos este ano que acaba, mas desisti. Resisti simplesmente porque passou e o que ficou deste ano está presente neste momento, presente dentro dos nossos peitos em algum lugar. Acho que não se trata simplesmente de momentos (esses são feitos para esquecer), mas do sentimento transcendental que cultivamos desde quando nos encontramos e que está aqui e agora, aqui dentro está sempre. 
Gosto de pensar assim porque mesmo que se passem os anos, décadas, séculos e vidas, quando nos reencontramos não teremos que nos apoiar em perguntas simplórias e envergonhadas de quem não se vê há muito tempo, mas ao contrário; saberemos que sempre estivemos presentes um no outro. 
Desejo, assim como sempre, que nos tornemos seres cada vez mais lúcidos, de mentes livres e espíritos à flor da pele; assim não há distância, não há tempo, não há pele que nos separe e que nos separe de sermos filhos do Universo, viajantes das galáxias. Ah, minha amiga, meu peito até esquentou aqui nesta manhã de céu azul aqui em Conceição. Espero também que possamos estar em uma cachoeira no meio da natureza qualquer dia desses. No mais, minha amiga, desejo este ano muita força interna para continuarmos a sermos leves, para não pesarmos esta terra; que possamos ser cada vez mais brisa, mais água (para fluir), mais árvores... 
Como está por aí? 
Grande abraço e beijo de amor e gratidão pela nossa amizade. 
Do seu amigo, Marco. 

4 de maio de 2017

8° Carta [A Partida]



Mi, se formos irmãos, você é minha irmã mais velha. E engraçado esta vida, tão, tão misteriosa e igualmente infinita. É assim, a minha relação com você. Muito maior do que imaginamos; sentimos. Basta nos esbarramos para que nos acendamos, nem que seja por um minuto entre tantos que passamos "longe". Ah, dói a falta da palavra, mas te entrego o meu coração vulcânico, transbordando, e os olhos pingando por não caber dentro de mim. Obrigado por este amor tão sincero e único que tive a imensa "sorte" e felicidade de re-encontrar nesta vida. 
Eu, me vou, Mi. É doloroso ir, no entanto, é lindo ver todas as pessoas que amamos, e o caminhos que trilhamos. E eu vou pra pertinho. Mas vou tranquilo, porque a vida me chama e a gente vai indo. E mais tranquilo ainda porque a distância é meramente física: "o coração abraça por dentro". Vou te ter, como sempre faço, como um amuleto. Acontece que quando passo pelas lutas que acontecem dia ou outro, automaticamente, você me vem a mente e ao coração, Mi! Como uma inspiração para passar por aquilo da melhor maneira possível. Obrigado por isso! 
No momento em que ler esta carta, você já vai ter se recuperado da cirurgia, se Deus quiser. De qualquer forma, espero e desejo que esteja bem. Acabei de ler um texto seu a respeito disso no blog e ah! É muito bonito o seu olhar sempre transcendente, Mi. É muito mesmo. Não perca nuca esta "mania" de encontrar aprendizado em tudo; é assim que limpamos os olhos (e a alma). Além de que, é por lá que "converso" com você, minha amiga. 
Mi, gostaria de contar as mudanças e novos rumos que minha vida anda tomando. Estive um tempinho "fora da sociedade" e, agora, na faculdade, é como se uma vez "dentro da sociedade", ela tentasse te sugar. Como são as coisas. Como são tantas elas. Uma vez provada da fonte insaciável da vida, não há nada que sacie fora disso. Mas de nada adianta estar no mundo e se isolar. Faz parte, é bom e é preciso para nos encontrarmos. No entanto, a vida que se vive, que se aprende, improvisada, é na qual nos aprendemos e aplicamos, nos posicionamos como seres humanos. Enfim, esse assunto é grande, que possamos guardá-lo para quando nos encontrarmos logo. A vida acontece e que possamos acontecer juntos à ela. Obrigado por esta nossa amizade, Mi. 
Meu amor por você também é imenso, infinito... mesmo na minha condição falha de ser humano. 
"E as coisas findas muito mais que lindas, estas ficarão".   
Do seu amigo, irmão, camarada, Marco. 

7° Carta [Bússola]



Oi Mi! Hoje, senti uma enorme vontade de conversar com você através desta carta. Mas, desta vez, serei breve pois o que tenho a dizer é um simples "obrigado". Sabe aqueles dias em que, apesar de lutarmos para manter uma direção, assim como a bússola aponta para o norte, acabamos nos sentindo desnorteados, como se um vento tivesse batido com força? Estive um pouco assim por esses dias... Aquele olhar perdido, sem ponto fixo, parecendo como se tudo em volta fosse um borrão, girando; e fosse difícil dar um passo sequer para frente com medo de cair ainda mais ou até mesmo sem sentir que há chão à frente para se pisar. 
Mas então, felizmente, eu cheguei em casa. Procurei silenciar um pouco essa ventania, mesmo sentindo que ela ainda batia. E, assim, li o que escreveu sobre meditação, dentre outras coisas. Respirei, lentamente, algumas vezes, até que a ventania se tornasse brisa. Olhei para o coração. Por mais que o "mundo" seja um pouco bagunçado, o mais importante é arrumar sempre, persistentemente, o mundo aqui dentro. Como diz, uma vez, estabilizado dentro, menos interferência recebemos de fora. Levamos para fora, as coisas boas de dentro. E levamos para dentro, as coisas boas de fora. 
Ter fé e esperança, acreditar que as coisas vem e vão por motivos de boa índole e certeiros. E se hoje o vento bate, ter a certeza que sempre teremos razões para nos voltarmos para o norte - assim como a bússola. Pois, todos nós temos muitos caminhos para seguir. E que seja ao infinito e além. 
Obrigado, Mi, de todo o meu coração, por ser, assim como Emmanuel, uma espécie de amiga-guia para mim. 
Antes de me despedir, tenho aqui uma reflexão de um amigo "teólogo" muito especial: "Lembre-se que o nosso coração está conectado à nossa alma, e não totalmente as nossas emoções." 
Um abraço nos nossos corações, Mi. 
Com muito carinho, seu amigo, Marco. 

6° Carta [Irmão e Conceição do Mato Dentro]



Bom dia, Mi! 
Um dia desses, eu estava voltando no ônibus de BH e vi o seu irmão lá, de pé e sorrindo para as pessoas que esbarravam nele sem querer. Senti uma felicidade sincera naquele instante, pois percebi que precisava daquilo e Deus sabia disto melhor do que eu. Veja só: estava pensando em você bastante, diante de muitas situações boas e também complicadas, eu perguntava: "cadê a Michele?", e então, ali, naquele momento no ônibus, eu entendia que o seu irmão era a pessoa que poderia me proporcionar a mais próxima ligação com você naqueles minutos. Não acho que seja piração minha, e fico feliz em saber que mais do que ninguém, você entende isso. Naquele momento lhe enviei um pensamento, e de alguma forma, você o recebeu. Trocamos energias um com outro sempre e sempre, boas energias! Assim como pude trocar com a natureza quando estive no interior, em Conceição do Mato Dentro. Recebi energias vitais do sol sobre a minha pela, do vento nos meus cabelos, da água cristalina dos rios descendo pela minha garganta. Sem falar das pessoas tão educadas e tranquilas. Como elas são sortudas por estarem ali. Um lugar onde a influência do pensamento alheio é mais amena, deixando a atmosfera leve, e onde se pode renovar as energias. Vamos marcar de irmos juntos em breve, Mi! Vamos marcar mesmo! 
Mas acho que seria ignorância minha se dissesse que as pessoas não podem encontrar a paz nas cidades maiores. O poder de criar a felicidade sincera está dentro de nós, não é Mi?! Completamente dentro de nós. Tudo o que aconteceu de bom ou ruim comigo, posso ter certeza que são frutos de algo que fiz. Temos que aprender a usar as Leis do Universo ao nosso favor, e assim, seremos felizes eternamente. Sou profundamente grato as pessoas como meu pai e você, que Deus colocou a meu alcance para que eu entendesse o verdadeiro caminho para a luz. A minha, a sua, a nossa luz! 
Do seu amigo, Marco.

5° Carta [Eu Maior]




Oi Mi! Estou aqui para registrar o meu agradecimento pela indicação deste documentário muito bonito: o "Eu Maior". Mas não só isso, pois assim como um dos entrevistados disse, a emoção de um momento é muito curta, o que fica são as lembranças. Sendo assim, quero fazer disso uma boa lembrança, que não apenas me ajude a evoluir um pouquinho, mas que ajude nós dois! 
Antes de tudo, devo dizer que assisti o documentário na hora certa, felizmente. Agora, como você sabe, começando um novo amor, algumas vezes me vi inseguro diante de algo novo e grande para mim. Cheguei a compará-lo com relacionamentos passados, e até fiquei confuso porque estava dividindo minha vida; coloquei quem eu era numa trilha diferente do relacionamento. É um pouco difícil explicar isso, mas, em resumo, foi como dividir a minha vida ao invés de viver ela por inteiro, e em tempos diferentes. Apesar de ter ficado assim por apenas uns dois dias, foi o suficiente para deixar meu coração apertado e o peito sem ar. No fim, felizmente, ele teve a sensibilidade de perceber isso e conversar comigo. O diálogo realmente abre portas e, finalmente, consegui me retirar daquele quarto escuro. E então, assisti o documentário que acabou trancando de vez a porta do quarto e colocando a vida de volta num trilho só. Continuemos colocando carvão nesse trem de vida! 
E isso, como disseram no documentário, foi o que pude perceber. Ele, assim como outras coisas, nos mostra que existe uma porta, mas o caminho da evolução vem de dentro, exige uma força individual. Existe sim, vários ensinamentos no documentário, mas ao ver todas aquelas pessoas boas, compartilhando pensamentos, tendo um estilo de vida verdadeiro, o que mais marcou em mim foi a reafirmação da existência dessa vida transcendente. 
"Em uma época, o sentido da minha vida foi lutar por algo, um ideal. Em outra, foi buscar um amor. Em outra, foi cuidar dos filhos. Hoje, percebo que o sentido da vida é viver". Essa verdade me tocou bastante. É isso que sempre conversamos, Mi, e que luto para levar sempre comigo: o presente; o lindo e eterno presente. Um conto chinês, que foi citado, exemplifica isso muito bem. Você com certeza se recorda, mas é tão bonito que gostaria de escrevê-lo: "Em um dia, alguns budas estavam atravessando um rio, quando um deles notou uma mulher com dificuldades para atravessá-lo. Mesmo os budas não podendo tocar em mulheres, este resolveu ajudá-la, carregando-a para o outro lado do rio. Quando ele voltou para o seu grupo, um buda o repreendeu, incrédulo e bravo, dizendo que ele não poderia ter feito aquilo. Assim, então, ele respondeu: - eu já a deixei lá atrás, você é que continua carregando-a.". 
Antes de terminar essa carta, Mi, também achei muito bonita uma frase que foi dita: "conhecemos as pessoas não quando elas falam de si, mas quando elas falam dos outros". Com certeza, irei assisti-lo mais algumas vezes. E mais uma vez, agradeço por mais este presente que a nossa amizade traz. 
Obrigado por me ouvir e por tudo o mais, Mi! 
Grande beijo e abraço, do seu amigo admirador, Marco. 

4° Carta [Cansaço, Cartas e o Coração]




Esta carta surge do cansaço do meu dia-a-dia. Escrevo-a porque desejo e sinto que ela pode transformar isso em algo bom. Até porque ela vai ser lida pelos seus olhos doces e sinceros, o que já vale à pena. Hoje, estou em um daqueles dias, sabe? Em que tentamos nos esforçar para não cairmos em mais uma cilada, uma situação pesada com pensamentos não muito bons. Parece que quanto mais tentamos sair, mais somos puxados por uma força contrária. Acho que acontece porque a nossa mente quer sair, mas nosso coração tem dificuldade para desprender.  Só agora, nesse restinho de sol do dia em que desisto de lutar contra à corrente e respiro, é que volto a me sentir em paz. O estado de paz não demanda nenhum tipo de força, nem pra cima, nem pra baixo. 
Escrevo também porque em uma aula, esta semana, sobre "o diário do escritor", vimos algo a respeito da carta: "A carta é um momento de reflexão e comunhão com o outro em um estado elevado, uma conversa paciente e criativa, na qual ao mesmo tempo que me dirijo a você, Mi, eu me dirijo a mim mesmo. Portanto, ao entrar em contato com você, entro em contato comigo. Esse ensinamento me foi de saudade e de tamanha necessidade de voltar aqui e não perder essa nossa ligação. 
A minha confissão, afinal, é que o tempo me é curto para tantas coisas. Na verdade, eu é que me confundo na correria de ser o que já se é... O tempo, o tempo, é eterno... O tempo, na verdade, não passa porque ele permanece existindo e continuará existindo. O tempo infinito é o agora. 
Engraçado, Mi, que agora relendo a sua carta sobre os desentendimentos e essas coisas da vida, posso dizer que vivi isso hoje nesses dias longos... Vou procurar responder o que perguntou. Sim, acredito que todos passamos todos os dias pela guerra das "razões". Felizmente, se pararmos pra pensar (ou não pensar), talvez, essa seja a hora emergencial de deixar o coração finalmente entrar para ajudar. Porque no fundo é tudo uma questão de pontos de vista e a conclusão é mais simples do que se espera. Acho que independente de existir um dono da verdade, o mais importante é se abrir e construir e compartilhar a verdade um do outro. 
Por fim, Mi, desculpa a caneta falhando e essa letra apertadinha. E obrigado, a carta pareceu consolidar algo de bom do dia de hoje. Ah, continuo lendo os livros com muita felicidade toda vez que os pego! Felicidades, minha amiga, mesmo na tristeza! E agora, me diz, como você está? 
Beijos do seu amigo, que continua perto, apesar de tudo, Marco! 
Saudade [16/09/15]

 Ps: Leia esta carta ouvindo Paciência - Lenine. Reler estas cartas têm me despertado emoções fortes. O coração bate mais forte e relembro algumas coisas que havia esquecido com a correria do dia-a-dia. Agora, não vou esquecer mais a importância destas reflexões. Não mais.   
  

3° Carta [Superfície, Profundidade e o Avião]



Oh, minha amiga, me deu saudade agora. Escrever aqui é uma ótima (e diferente) forma de conversar e abrir meu coração e mente com você. 
Primeiro, algo que sempre sinto e sei que é recíproco: parece que faz tanto, mais tanto tempo que a gente não se vê! Parece simples e algo dito comumente, como se diz bom-dia todo dia, mas realmente sinto isso. E se não fosse por isso, não diria: por que será isso? Acho que se trata de profundidade. Atravessamos o limite da superficialidade, Mi. Deve ser por isso que o nosso tempo tornou-se mais profundo também. Mudamos tanto, não é, Mi? Mas uma coisa prevalece: o fato que, depois de ultrapassado a superfície, temos uma profundidade infinita a conhecer; a nos encontrar, a nos perder, a amar e mal-amar, enfim, o direito de ser, de ver e seguir pelo desconhecido. 
Mi, também gostaria de dividir uma experiência com você. Tem uma coisa, que dentre as coisas materiais, me é de um fascínio, confesso "vergonhosamente", muito grande! O avião! É, o avião, a máquina mais incrível inventada pelo homem. Parece bobeira de criança, mas nada como ver de fora, ver do alto para entender muito. Lá de cima, com tudo tão pequeno, é ótimo remédio contra o Ego; e a vista, a percepção lá de cima preenche o que fica vazio. Quanto mais ele subia, mais eu via, mais eu entendia, e ainda assim, não via tudo. Realmente, somos filhos do infinito, Mi. Somos realmente pequenezas extremas, pelo menos, fisicamente. Mas lá de cima, eu me sentia parte dessa vida indimensional. É difícil explicar algo tão maior do que eu. Então, digo, pegue um, não importando destino! 
Acredito que o mesmo acontece com a gente: a beleza e a verdade acontece, por mais engraçado que pareça, quando não estamos presos as nossas coisas, a Terra, aos pensamentos e tarefas do dia-a-dia. Somos nós quando não somos nós mesmos. Quando ultrapassamos a superficialidade. Ou melhor, quando subimos da superfície. Como disse, vim pensando muito sobre o Robbie Willians. No começo, me pareceu absurda a ideia de uma pessoa com tanta beleza e vida, morrer desta forma. Uma pessoa profunda suponha: e depois de tanto permanecer pensando e conversando com outros, me veio a minha mente sobre a importância de avançar depois de se aprofundar pela vida. É normal que com tamanha infinitude nos percamos. E o importante nisso é seguir na confiança de si, no infinito da vida e de si mesmo. Despertar é difícil... Porém, as coisas difíceis são as que mais valem à pena assim como o nosso querido poeta Rilke diz e, nós sabemos muito bem disso. Assim como a vida é profunda... Profunda também é minha saudade, Mi. 
Desculpa por tantas frases doidas. 
Grande Abraço, do seu amigo, Marco.      
E pensar que nunca andei de avião. Não por muito tempo. Daqui uns meses estarei partindo. O destino da minha viagem fica do outro lado do mundo: Japão. Reler esta carta me fez imaginar, por um breve instante, que esse momento de estar dentro de um avião não será tão assustador assim. Não mais.  Muito obrigada, meu amigo, por compartilhar comigo suas preciosas palavras!

3 de maio de 2017

2° Carta [Desânimo, Vestibular, Autoconhecimento]


Michele! Sua carta chegou trazendo alegria, numa hora muito oportuna. Obrigado pela iniciativa da carta, e fico contente por se lembrar de mim. Eu, por alguns dias, andei me esquecendo de mim, infelizmente. Mas não se preocupe. Foi uma leve amnésia que acabou ontem e hoje. Agora, me resta saber o que fazer. Pelo menos estou desperto e disposto a pensar! 
Suas palavras vieram na hora certa, e antes delas chegarem, te juro, estava pensando em coisas muito parecidas, como: "o que busco? O que as pessoas buscam? Por que me sinto tão deslocado e confuso? O que devo fazer?". Desde que saí da Leitura, comecei a ficar confuso e, às vezes, triste. Como você sabe, a Leitura é um lugar especial para nós. Para mim, a Leitura foi um mundo a parte do mundo real; um lugar onde eu estava em contato com pessoas únicas e diferentes das outras; um lugar onde as palavras me circulavam e me abraçavam. Por alguns dias, eu pensei que poderia viver para sempre em um lugar assim, mas quando saí, pouco a pouco, como posso lhe explicar? Sabe a série "Once Upon a Time", certo? No qual os personagens saem dos contos de fadas e passam a viver no mundo real? Foi assim que comecei a me sentir! Um pouco desiludido e fora de mim. 
A entrada no cursinho de pré-vestibular, logo após a minha jornada inesquecível na Leitura, deixou tudo ainda mais difícil. Isso porque eu realmente não gosto do modo como os vestibulares funcionam hoje. Ficar em uma sala, com mais de cem jovens, todos competindo por uma vaga na Faculdade, me dá nos nervos! Para mim, a competição nunca ficou tão clara como agora, e sei que isso é só o começo, por isso fiquei um pouco triste. Não é triste? Michele, não quero participar desta realidade. Se tem uma coisa que aprendi com seus exemplos é que não quero competir, não é nobre, não é justo, não é o que nosso espírito deseja! 
Vê porque sua carta respondeu a essa, antes mesmo que ela fosse escrita? Interessante, não? São estes tipos de mistérios que me dão vivacidade, que me dá luz, e é nisso que preciso me focar. É como você diz: "o que procuramos está dentro de nós!". Sim, é triste ver muitos desses jovens se perdendo no sistema, se enterrando em escolhas erradas por não se conhecerem, por não saberem da própria existência. O sistema é mal, mas muitas das vezes, nós somos nossos próprios inimigos. Quando nos preparamos, nos conhecemos, acredito que podemos moldar armaduras que nos sirvam e que possam, pelo menos, nos proteger do sistema. 
A alegria de se autoconhecer é tamanha, que a medida que ela cresce e mostra a sua beleza, todas as coisas eternas deixam de ser preocupantes e alvos do nosso destino. O mundo espiritual precede o material! Não se preocupe, minha amiga, foi apenas mais uma fase de adaptações; estamos sempre nos adaptando. Lembre-se: os ensinamentos estão em todos os lugares; isso é mais ensinamento que aprendi com você. Felizmente, não deixei me levar... 
Ontem, ainda perdido e procurando formular as perguntas, entrei em um museu lindo! Respirei toda aquela diferente atmosfera que os museus costumam ter: que nos transportam para longe, que locomovem nossos sentimentos; e foi essa uma parte chave que me fez começar a entender o que estava acontecendo. Naquele instante, entrei em um salão silencioso e grande, e no final, percebi que finalmente ali estava EU, estendido no chão e ouvindo meu coração. Peguei meu caderninho e botei pra fora várias palavras no papel. A ansiedade se foi, e eu ouvi a respiração: estava vivo! Ah, que felicidade me encontrar e expulsar os pensamentos ruins! 
Michele! Michele! Obrigado pela carta, agora vejo que estamos juntos mesmos que sós! Nunca deixe de se procurar, Mi! Sei que não fará isso, pois você já é vida! Estrelas não se apagam! Nunca enterrarei meu eu, meus talentinhos. E, por favor, não enterre os seus! Seja na Psicologia ou nas Artes, você se sairá bem, pois a transformação está em sua essência, minha amiga! 
Me desculpe a letra esquisita... E, que haja luz para que possamos enxergar, pois: MAKTUB! 
Grande abraço, do seu amigo, Marco. [29/06/13] 

Minhas amizades me salvam...


São as amizades que tenho que me mantém de pé. São elas que me ajudam a carregar esta vida quando não suporto o peso dela. O seu abraço, o seu sorriso e suas palavras de incentivo me fazem ver como sou abençoada por ter a oportunidade de estar ao lado de vocês. Meus amigos são fortes! Continuam acreditando na minha força mesmo quando eu caio na descrença de mim mesma. E eles são poucos. Posso contar nos dedos quem são realmente meus amigos. Eles existem e são preciosos. Não é quantidade que faz algo tornar-se raro. Amigos são poucos e os poucos são os melhores. 

Eles são pessoas incríveis. Todos, sem exceção, possuem um coração do tamanho do mundo. São pessoas boas. E ao estar ao lado destas pessoas, penso que, talvez, eu não seja um ser humano tão ruim assim. Elas me incentivam a dar o melhor de mim. Elas me incentivar a dar o meu melhor para o universo.

E o que seria de mim se eu não tivesse conhecido eles? Eu não seria quem sou. Graças à essas pessoas, estou viva por dentro e por fora. Foram elas que me salvaram diversas e incontáveis vezes com seu amor. Foram elas que me abraçaram em épocas de dor e sofrimento. Foram elas que não me julgaram e sempre, sempre, me apoiaram em todos os momentos. Minhas amizades me salvam e me mostram um mundo onde o Amor é possível.
  
Um dia, quero ser capaz de retribuir tudo o que fizeram por mim!      

1° Carta [Seguir em frente!]




Queria descobrir qual foi a primeira carta onde tudo começou. Peguei meu baú de lembranças e tornei a procurar. Não consegui achar a primeira. Mas... Cada carta que recebi de você, trouxe-me sensações inexplicáveis e sou grata a isso. Todas as vezes que tive uma carta suas em mãos, sentia suas palavras tão carinhosas beijar-me a face. Tuas palavras me faziam sentir como se você estivesse ao meu lado, conversando comigo. 

Ao relê-las, senti que estas palavras não deveriam ficar guardadas. Estou com uma preciosidade em mãos e não posso ser tão egoísta ao ponto de querer guardá-las só para mim. Peço licença, meu amigo, para publicá-las. Estou soltando-as no vento, esperando que ele as espalhem e quem sabe, um outro rosto não seja refrescado pela suavidade do seu amor assim como eu fui? 

Oi Mi! 
Ultimamente venho acordado sempre animado e é muito gostoso esta sensação. Essa sensação de estar desperto, atento, me faz sentir vivo! É isso! Pronto para viver, sem me agarrar a pensamentos bobos e ruins. Um novo ano começa e essa é uma das coisas que quero prezar. Quero ir sempre em frente, acreditando na beleza do mundo, na nossa beleza, que os erros me fazem crescer, nos fazem crescer e que o futuro é o hoje! Quero acreditar na simplicidade da felicidade, dos atos, de ser! Sim, eu tenho algumas coisas meio "chatas" para conversar, mas prefiro falar pessoalmente, não quero eternizar isso nesse papel, não hoje!  
Quero que essa carta seja de amor, felicidade e alegria! Quero que compartilhemos isso, minha amiga, porque tenho amor por você e quero só o bem de quem amo. E de todos se possível! 
Sabe, quando eu estava na natureza de verdade, o mar me ensinou uma coisa: assim como as ondas que sempre avançam para frente, mas acabam andando para trás, devemos ser assim. Porque sim, a onda volta, mas volta para se tornar maior e continuar indo em frente! 
Vivamos cada momento com toda a nossa presença, minha amiga! Vamos viver sempre! Que todos os seus anos possam ser incríveis e transcendentes, e que nossa amizade seja eternizada nas estrelas. 
Espero que goste do simples presente!
Grande abraço apertado,
do seu amigo, Marco!
Jan/2014

1 de maio de 2017

Onde você está?



Onde devo ir para encontrar você, meu amor? Quais ruas devo passar para que nossos caminhos se cruzem novamente? Quais lugares devo ir para me esbarrar contigo? Você tem percorrido caminhos diferentes, tentando se enganar e afastar todos que realmente te amam. Eu o observo de longe, apenas observo você repetir os mesmos erros que o orgulho tem lhe feito engolir.   

O que você está fazendo nesse momento? Está no quarto? Desligou-se do mundo? Enquanto desliza as cordas do violão por seus dedos, eu sei que este é o único momento que sua mente se desliga de todos os pensamentos. Com o vazio provocado pelo som, sentimentos afloram e você é capaz de visualizar a verdade por um instante. Um segundo diante a Verdade e você torna-se consciente das mentiras que vem contando para si mesmo e para os outros. 

Por que eu sei disso tudo? Porque sou sua Outra Parte. Eu posso olhar em teus olhos e ver tudo aquilo que está tentando esconder... E só quem te conhece, sabe que este caminho tem afastado você da sua verdadeira obra e de quem se importa contigo. Mas eu sei também que isso é temporário. E tão logo estaremos juntos, compartilhando o mesmo destino!