A distância tem esse charme de se fazer de inimiga sem precisar, de não me deixar te tocar. E quando não me deixa a distância, também não me deixa a saudade, e assim as duas conspiram para, sem que eu queira aprender, me ensinar.
Conspira a distância, para que eu não te dê o carinho, mas para quê, se para isso existe o vento, que apenas por se mover já lhe doa a carícia mais suave?
Conspira para que eu não a aqueça, porque há também o sol e o fogo, indomáveis, sempre a aquecê-la.
E não posso firmá-la, pois há a terra que, mais do que eu, estará sempre abaixo de ti.
E eu talvez jamais consiga purificá-la como faz a água que a banha todos os dias.
E nada disso a distância deixa que eu faça, porque para tudo há o vento, o fogo, a terra, a água.
Mas a distância é amiga porque me deixa amar-te, e para isso há meu peito, e é esse peito que, suave e sempre moderado, faz com que meu fogo não te queime, mas aqueça, com que minha água não te afogue, mas lave, com que minha terra não te trema, mas firme e com que meu vento não te derrube, mas apenas acaricie.
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