Infinitum



Todos os dias um pouco de mim morre. Minhas células já não são as mesmas de ontem. Meu pensamento já não é o mesmo de outrora. Meus quereres já são outros. Meu desejo já não é aquilo que desejei noutro tempo. Meus amores estão mortos. O que era importante ontem, hoje não faz falta. Um pouco de mim morre todos os dias enquanto respiro; enquanto vivo, durmo, como e amo. 

A morte se alegra quando assopro uma vela. Cada passar de ano é mais um passo dado para ir de encontro ao teu abraço. Contudo, vivo cada dia sabendo que é menos um dia no meu prazo de validade. Não tenho que pensar que este corpo não se deteriora... Os anos devoram o tempo ou é o tempo que devora os anos?

Dia-a-dia algo vai morrendo em mim. Estou nesse processo constante de morrer, nascer, renascer para morrer de novo e quem sabe, alcançar a vida nova! A transformação é inevitável e cada minuto que passa, já não sou quem eu era a segundos atrás. 

Infinitum é o tempo. 
Infinitum é a memória. 
Algo fica nessa transição. 
Nem tudo morre, se esvai ou acaba. 
O sentimento ganha outra dimensão, 
o Amor já transcende a instabilidade. 
Morro todos os dias, 
mas o Amor me faz renascer a todo instante.  
   

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