O Outro



Quando não dói em mim, dói no outro. E outro é frágil, sensível. O outro têm suas histórias, tem suas dores e seus traumas. Eu também sou o outro. E o outro chora quando é ferido, chora quando é machucado. O outro sente raiva, tristeza, ódio.  O outro, às vezes, não perdoa, não esquece e se ressente. O outro comete maldades: julga sem conhecer, fere sem sentir e machuca porque está ferido. Eu também... sou o outro. 

O outro é o espelho da nossa frustração, do que não conseguimos impor com palavras. O outro é alvo para nossa angústia não reconhecida, causador de cada lágrima que enterramos nas profundezas do inconsciente e de cada doença que cultivamos. Moléstias da alma não vemos em nós, mas vemos no outro. O outro tem parte nisso enquanto me isento da responsabilidade de ser quem sou. 

O outro é alvo do que não quero admitir em mim. 
O outro é o outro e eu? Eu não sei quem sou.
Mas porque distanciamos o outro de nós? 

O outro está próximo de minhas mãos para que eu toque nele. 
O outro deve ser tocado com Amor, jamais com minha cólera, jamais com meu ódio.
Não posso sujá-lo com a sujeira que há em mim.
Para tocar o outro, que as mãos estejam limpas e perfumadas... E que o toque seja suave como de uma pluma, firme como uma árvore e quente como o sol...

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