- O que é amar? – Ele me
perguntou.
Senti naquele momento, que uma
confusão embalada pelas incertezas transitórias da vida começara a incomodá-lo.
A pergunta havia me assustado. Busquei no meu íntimo algo que respondesse esse
conflito de forma compensatória a dúvida levantada. Mas o esforço fora em vão.
O que poderia dizer a um coração angustiado sobre o que é o Amor? Seria um
tanto presunçoso de minha parte, coloca-me na posição de sábia, quando na
verdade, trazia em meu ser as mesmas dúvidas que ele compartilhou.
- Estou cansado – Continuou –
Cansado de tudo. Dessa bagunça que é “crescer”. Das atitudes infantis que nossos
corações nos levam a tomar. E... – suspirou profundamente – da esperança,
maldita esperança que nos faz acreditar que coisas melhores estão para vim.
O conflito era maior do que eu
imaginava. Na incompreensão daquele momento, pensei sinceramente que ele já
estava cansado de “nós” e que buscava apenas justificativas para que um término
no fosse ocasionado do nada. Mas, não. A situação me convidava a alçar um voo
maior me mostrando que era necessário ser compreensiva. Estava sendo convidada
a não apenas ser companheira, mas sua amiga, sua confidente.
- Nossos corações tomam direções
que a razão muitas vezes a desconhece – Respondi - A vida nos “empurra” muita
coisa para que suportemos, mas o meu alívio e lenitivo encontro no sorriso
daqueles que amo.
Ele permaneceu calado. Abaixou a
cabeça e ficou pensando. Em meu íntimo buscava respostas satisfatórias ainda
para a questão:
O que é amar?
O amor é sempre um enigma a ser
desvendado. A cada relação que você começa, descobre-se uma nova face do Amor.
Esqueça as experiências passadas, elas não servirão para muita coisa. É apenas
um processo de amadurecimento pessoal e intransferível, cujas experiências pretéritas
jamais poderão ser reutilizadas. Afinal, uma relação nunca é igual à outra, e
os processos e dinâmicas devem ser respeitados, pois são exclusivos dessa
relação. Entramos em um relacionamento, acreditando que não deveremos cometer
os mesmos erros de outrem. Mas, esquecemos que estamos diante de uma pessoa
totalmente diferente e esta individualidade que se apresenta a nós, precisa ser
respeitada.
Essa pessoa também se encontra no
mesmo ponto que nós: encontrar alguém que o desperte para o potencial do Amor,
mas esse potencial só é desperto quando reconhecemos a importância do amar a si
próprio em primeira instância. Esse processo de identificação são as primeiras
fases do relacionamento. É onde descobrimos as afinidades que dão origem a
verdadeira simpatia que une o casal. Nesse processo nasce também a admiração
que temos por aquele ser e a necessidade que sentimos em manter aquilo que foi
conquistado. As decepções e frustrações são apenas sinais da idealização que
criamos no “objeto” que detém nosso amor. Se buscássemos enxergar a outra
pessoa como ela é, sem expectativas, sem idealizações, seus defeitos pouco nos
incomodariam. Afinal, o Amor acolhe em seu seio nossos erros e acertos. Ele é
soberanamente justo, fiel e bom. Quem ama, descobre o quão é importante amar sem esperar ser amado. A espera também é justa e necessária, pois descobrimos que cada Ser possui um ritmo. Descobrimos também que a felicidade é relativa, pessoal, mas está ligada a nossa capacidade de Amar. Ela pode está atrelada aos valores íntimos ou mesmo aos acontecimentos externos. Amar é poder compartilhar essa "felicidade" que só existe quando se estão juntos. Mas ela não é a única felicidade do mundo. Imagine-a como um bolo que se come em pequenas fatias, muito pequenas. Bem, mas se a dúvida se instalar novamente no seu íntimo, recorde de suas palavras, você mesmo disse um dia:
"Uma Vida vivida com Amor, nunca será monótona."
Que nossos corações não hão de esquecer a importância do Amor em nossas vidas...
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