O Vôo da Borboleta

I



Uma Linda Borboleta sempre voa ao redor de meu Jardim
Gostaria de aproximar-me dela
E dizer-lhe de todos pensamentos
Que Ela inspira em mim
Mas se diante de meu trotar entusiasmado
Ela ver apenas movimentos bruscos e desconcertados
Que a façam voar para longe de mim apavorada
Tenho que conter minha pretensão de a decifrar
E de tudo significar
Tenho que rever tudo aquilo que pensei saber
E fazer um passeio pelo Campo despretensiosamente
Tendo apenas Ela em mente
Lamentando não ter sido desta vez o nosso Encontro

As vezes, não consigo mais ver o seu vôo
Cego que fico em minha melancolia
De carregar a dor
De ter um coração tão adorador quanto questionador
Que não para de questionar a Realidade da Realidade
"Se Ela não está
Nada há de ser Verdade!"

Não quero trazer Ventanias de Absurdo em seu vôo
Não quero apagar o Belo Desenho que suas Asas faz pelos Campos
Deixo-a a livre para que Ela pouse em seu Jardim Eterno
Que sou eu

A minha Borboleta nem desconfia
As minhas Lágrimas diante de sua Beleza
Do meu Júbilo ao saber o Percurso do Casulo ao Ser das Mais Belas Asas
De Meu Amor Inalterado
Que em sendo alterado só o será para Amar Mais


E eis que tenho uma Visão
Que me diz que posso ir a Ela
Mas se em meu caminho em sua direção
Eu sinto qualquer sinal de medo
Eu disfarço, vou para um outro lado
E volto ao Jardim
Para continuar a trabalhar nele
Para que quem sabe Um Dia
Possa parecer a seus olhos que eu e o Jardim somos uma mesma paisagem
E enfim
Ela então talvez possa
Pousar sobre mim

E se assim não for
E se assim não é
Jardineiro sou de um Sonho
Que assim seja: Apenas o sonho há de florescer
Para que me faça companhia
Em meu desvanecer na Mais Bela Contemplação
Do Mais Belo Vôo
Até que enfim eu possa
Tornar-me por Ela
Apenas uma Constelação
A brilhar de longe por seus caminhos

Sonho

Assim foi
Assim é...

E o Vôo da Borboleta me levou.