O Bode Expiatório e a Necessidade Humana de Negar a Sombra

Sempre vai existir um ser para projetarmos nossa negável sombra. Este é o Bode Expiatório que recebe o ranço das feridas interiores não curadas ou dos defeitos que fingimos não existir dentro de nós, mas que são detectáveis no "outro". As ações do inconsciente se manifesta nas sensações pérfidas e em acusações carentes de um olhar compreensivo e acolhedor para com as imperfeições humanas.   

Aspectos imaturos, reprimidos e infantis, revelam o lado escuro da nossa personalidade e a inata dificuldade para aceitarmos que aquilo que tanto repudiamos é um aspecto ativo em nossas ações, pensamentos e emoções, obscurecidas pelo falso brilho da humildade.  

O que me faz acreditar que estou livre dos defeitos alheios que tanto me incomodam? Por que concentro minhas energias a julgar acontecimentos externos se pouco me preocupo com os movimentos internos? Que transação é essa que me faz olhar para fora quando deveria estar olhando para dentro?

Buscar culpados ou encontrar bode expiatórios para as feridas pustulentas que fedem no âmago, não resolve de imediato os conflitos do ser humano. Não é rejeitando as partes sombrias do meu ser na falsa imagem de "evolução" que estarei de fato, amadurecendo ou evoluindo. A sombra está lá, não para ser negada, mas aceita.  

A sombra guarda consigo qualidades não trabalhadas, potenciais latentes e adormecidos, talentos que poderiam ser amplamente explorados. Esteja disposto a assumir esse compromisso consigo mesmo aceitando o seu lado Luz como também sua Sombra. Afinal, quanto mais poder você der aos acontecimentos externos, menos controle terá do próprio destino...