Ser não basta...




Sentimentos embaralhados se rastejam no abismo da solidão. Em companhia, anjos contrários me guiam a caminhos tortuosos. A experiência de ser todos os dias tornou-se um sadismo maquiavélico. No espelho há um reflexo. Na alma a fragilidade. No coração um vazio. Na mente: conflitos intermináveis em uma consciência que ainda clama por um paraíso ilusório. Na boca há uma satisfação nunca satisfeita. E um único beijo continua sendo a traição do casto.

Encontro minha rendição ao aceitar o fardo de ser "eu" ainda que às vezes eu considere este fardo algo único e extremamente pesado. Não é para qualquer um, penso. Mas  não confio no pensamento e logo a sensação de inigualável experiência de ser se esvai pelo ralo pérfido e escuro. O fardo volta a ser pesado como se estivesse carregando todo o mundo.

Ser cansa. 

Ser alguém dar trabalho.

Assumir sua responsabilidade em ser algo transforma seu peso existencial no tamanho da sua vida e a minha tem apenas 1,65 de altura. Esta tortura em ser tem seus momentos compensatórios e aliviadores na mesma mão que bate e que com a outra acaricia. 

Ainda que ser algo seja um monólogo que levarei do nascimento ao túmulo, que Deus tenha misericórdia e me conceda a leveza de carregar o mundo sem sentir seu peso, sem mergulhar na sua loucura, sem andar com o coração saturado de respostas vazias vindo de pessoas vazias. 

Que minhas pegadas não sejam reconhecidas pelo peso do meu fardo e sim, pelo tamanho exato do meu solado. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estrela + 9 de Espadas

Gita e os 22 arcanos do Tarô

Tarô - Uma expansão da Mente, Coração e Alma! [parte 2]