O Narciso Cego

A tua ausência de medo, trouxe o meu maior medo: Do silêncio às palavras.
A ausência de ti? Não sei como cheguei até aqui...
É justo o castigo de Deus: Por não ter visto os teus olhos, agora não tenho os meus.
Por não ter entendido que poderia dizer a todo amor que tenho: - Vai até Ela!
Fez-se de mim uma completa cegueira...

Por não te ouvir, encerrei em mim uma palavra qualquer e fiquei mudo sem silêncio.
Por não beijar tua boca de Sacerdotisa, agora estou sem o meu Sopro de Vida.
Por não te tocar, caí no Abismo e me perdi no Infinito da Escuridão que não abriga.
Por não ter mais teu cheiro, não me salvarei mais no caminho em direção a tua pele: Irei me perder de morte em mim.
Por não ter te visto antes, agora me está proibido te ver para sempre.
Está permitido a mim te amar dolorosamente para sempre.
Desprovido de meus sentidos, não sinto o que nasci para sentir e amar.
Desprovido de sentidos, estou sem o sentido da vida e com vida para não viver.

Não me vejas, não me vejas mais. Tu não estás condenada.
Sê tu feliz além de mim e gotejarás uma gota de esperança no inferno onde estou, mesmo que a gota que deixaste cair foi apenas um acaso de teu caminho, indo de encontro ao meu destino.
Não serei feliz, não me importa mais. Estou condenado e preso e aceito.
Não aparecerei em tua visão que merece contemplar o jardim que está a frente e não um fantasma que ainda não encontrou na terra o seu final leito.

Tudo o que eu mais precisava é que a Divindade me agraciasse com um novo Ato de Criação

Tudo o que eu mais queria era me afogar em Teu Olhar.

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