Não me basta ser


Vivendo como vivo, a humanidade que há em mim transborda. E como bom humano que sou, não a desperdiço: canalizo, escrevo, sonho, abraço. E,  sabendo que humanidade de homem nenhum basta a si mesma, compartilho a minha através de seus produtos: mostro o que escrevo, compartilho o que sonho, leio os textos e as almas de outros.

Me rendo ao assombro quando percebo que ser humano é ser algo que nunca se contenta em sangrar sozinho, porque se derramo meu sangue, é para que ele se misture a outros num arco-íris vermelho, cor de almas. Almas que, verdadeiramente humanas, não percebem quando estão afogadas em si mesmas, mas se sentem aliviadas quando em comunhão. 

Ser assim é como ser capaz de prender a respiração sem sentir a falta de ar, mas conseguir sentir o alívio de voltar a respirar. E é um alívio que espanta, posto que alivia um desconforto que não se sente. 

Ser humano é achar que basta ser, até que se perceba, sempre um pouco tarde demais, que o que basta é sermos.

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