Brevidade




Não adianta querer conhecer a luz se você não sabe distinguir-la das trevas. Ilusões podem confundir sua realidade, caso não haja discernimento interior. Ninguém pisa no reino das sombras sem haver acendido uma luz em si para iluminar o caminho. Mas como querer encontrar a luz em si, se há medo de olhar para a própria escuridão e descobrir o que se esconde nela?

O espírito que olha para fora, perde o que acontece dentro. "Quem olha para dentro, acorda". Desperta-se de um sonho para mergulhar nas entranhas do ser e destrinchar o seu inconsciente, revelando cuidadosamente os tesouros que ali, residem. O movimento exige coragem para despir-nos da imagem que criamos em torno de nós e de tudo àquilo que acreditamos fazer parte da casca que representam o que de fato, não somos. Não somos apenas a superfície do mar, mas também sua profundidade. Não somos apenas a escuridão da noite, mas somos também o raiar do dia.

No caminho da glória e da perdição, do inferno ao paraíso, no meio da loucura e da sanidade, caminharemos em passos firmes e dispersos e, sentiremos o veneno do ódio e o júbilo do amor. 

Nas dualidades que se confrontam, o espírito guardará o silêncio que o perturba e desta paz, ilusória, manterá a promessa da temida eternidade e a recusa de aceitar um paraíso ocioso. 

Em vez de dizermos: "para sempre", nos reservemos a dizer: "até que a morte nos separe". 

Deste sopro efêmero, chamado morte, nos lembraremos de marcarmos nas memórias do tempo àquilo que sobreviverá à sua ação devoradora e nos permitirá sermos imortais enquanto que nossa pútrida carne retorne a ser a terra que nossos filhos pisarão.  

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