O Brincar e Frozen [Aprendizado da Semana]


- Michele, a Frozen existe?- indagou aquela pequenina criança. 

- É claro que ela existe! Existe sim!  - afirmei com veemência. 

A criança olhou para mim, satisfeita com a resposta e foi sentar no seu lugar. Eu por outro lado, fiquei pensativa. Será que havia respondido corretamente? Venderia a ilusão que a Frozen existe em vez de preveni-la da "verdade"? Poderia ter dito sem respeitar o espaço imaginativo dela: "Não, a Frozen não existe! É tudo fantasia!". Poxa! O que eu ganharia desencantando uma criança, cuja a brincadeira, o faz de conta e sua imaginação; são essenciais para seu desenvolvimento como ser humano? 

Freud, em seu texto "Escritores Criativos e Devaneio", argumenta que a ocupação favorita de toda criança é o brinquedo e os jogos (brincadeiras) que ela cria para interagir com o mundo. Para ele, o brincar de toda criança é semelhante ao ofício do escritor criativo: o escritor usará a imaginação para construir um mundo fantasioso e embora este mundo apresente elementos "reais", eles são reajustados em uma nova realidade que seja mais agradável aos olhos daquele que a cria. E para a criança, o brincar é extremamente importante e acredite, elas levam muito sério a Brincadeira! 
 
Desencantar, isto é, desiludir, decepcionar, tirar a "magia" da realidade, pode ter o efeito reverso no desenvolvimento da criança. Se esta for privada de imaginar, fantasiar, de ser quem ela imagina ser e que o realiza em seu brincar, certamente, terá que encarar cedo na vida a seriedade que se oculta apenas no mundo dos "adultos". A fantasia tem que ter seu espaço na vida do infante e não o contrário. 

A Frozen existe? Sim! Claro! E ninguém pode afirmar que ela não é verdadeira, enquanto esta estiver no mundo subjetivo, nas construções internalizadas dos personagens que abraçamos e que são projeções dos nossos desejos. E qual imagem ela representará? Só aquele que dá vida a Ela através de sua imaginação que é capaz de responder.




Ps: Até meus 9 anos, acreditava que o coelhinho da páscoa deixava ovos de chocolate misteriosamente e que o Papai Noel sempre arranjava um jeito de passar lá em casa. Ainda que a desconfiança permeasse a minha mente, considerando meu padrasto como suspeito, acreditava na magia dessas datas e em seus personagens. Meu padrasto favoreceu um ambiente para que minha imaginação tivesse um campo fértil para produzir seus frutos. Quando vejo a importância que determinada atitude teve no meu desenvolvimento cognitivo, sou grata à isso.


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