Relações Confusas, o Amor e a Espiritualidade.



O campo dos relacionamentos humanos tem me ensinado bastante através das experiências que tenho e das observações a cerca de como cada indivíduo encontra uma maneira própria para se relacionar. As relações funcionam como um ótimo espelho para conhecer a si mesmo e irá te proporcionar crescimento caso esteja preparado para dar um passo além do limite que separa a superficialidade da profundidade existente nas interações humanas.  

Um conflito evidente nas relações atuais baseia-se no estabelecimento de laços supérfluos em que há uma dificuldade para a criação de um vínculo afetivo duradouro e saudável. Nas trocas constantes de parceiros, a pessoa é motivada a buscar o saciamento de seus desejos, carnais ou idealísticos e sequer percebe quando se deixa envolver pela energia do Eros ou pela atração física que são incapazes de se sustentar postos à prova do tempo ou da durabilidade. 

Quando temos intenção de estabelecer um compromisso afetivo, procuramos por pessoas que demonstrem gostos ou interesses semelhantes aos nossos. A primeira troca existente é conhecida como o processo de identificação. Analisamos as afinidades, comparamos as diferenças e aprovamos o que é semelhante. Se estivermos dispostos a enfrentarmos os conflitos que surgirem de cada interação humana, é possível darmos passos enormes no conhecer de si mesmo. Isso é extremamente verdadeiro nas relações duradouras. Pegue o exemplo do relacionamento que temos com os nossos pais ou irmãos. Eles são nossa primeira interação social. Os problemas que surgem através dessas relações apenas evidenciam a necessidade de harmonização sob algum aspecto desequilibrado em nós. O mesmo acontece com as relações que temos com os outros nos mais diversos campos sociais que interagimos: amizades, companheiros, colegas de trabalho. 

As relações são como um verdadeiro espelho. Vemos as qualidades espelhadas, pois assemelha-se com o que procuramos ver no outro. Mas o espelho mostra também aquilo que não vemos, mas que está lá, escondido atrás de um olhar ou camuflados por um sorriso. Uma pessoa que se relaciona de forma superficial, isso é, se relaciona com várias pessoas com dificuldades para estabelecer um compromisso, apresenta apenas uma parte de si para o outro, pois ela nunca estará inteiro nesse tipo de relação. Ela evita mostrar outras faces de si. Se limita a descobrir aquilo que somente o tempo é capaz de mostrar dentro de um relacionamento estabelecido, mas que se esconde nas várias camadas de nosso intocável interior. 

Do ponto de vista energético e espiritual, a troca de energias ocorridas durante o ato sexual podem ser desfavoráveis para o indivíduo que optou pela multiplicidade de parceiros e isso afeta principalmente as mulheres, pois o corpo feminino é passivo, receptivo e transmutador. A mulher recebe uma carga cármica do homem através da ejaculação. Durante o período menstrual, acontece a limpeza mensal dessa carga negativa. Se uma mulher se relaciona com vários homens, imagina a carga negativa que ela acumulará e quanto tempo demorará para limpar tudo isso?


Outro confronto a se mencionar existente na incapacidade do indivíduo para estabelecer vínculos afetivos é que determinadas almas trazem consigo um buraco emocional. Toda e qualquer experiência afetiva é incapaz de preencher o vazio que elas sentem nesse campo. Sob o ponto de vista da astrologia cármica, a alma é carente e afirma para si mesmo "que nunca haverá amor". Suas experiências passadas podem vim embarcadas por situações em que ela tem exigido ou manipulado; tendo que se apegar por tudo aquilo que se passasse por amor, fosse ele abusivo, fraudulento, dependente, simbiótico ou indiferente. A alma deseja tanto estar no controle, pois a expectativa oculta é que o amor a devore, esmague e oblitere sua individualidade e consuma com sua intensidade. 


Todos encarnam com expectativas a cerca do Amor, trazendo no repositório do inconsciente individual os frutos de nossas ações, desejos, pensamentos a respeito do tema. São expectativas cármicas, cultivadas e reforçadas por situações dolorosas, vivenciadas nas idas e vindas e que se não forem percebidas e cuidadas, poderão nos afastar da Verdadeira Experiência que o Amor embarga.   

Vínculos duradouros são construídos diante a convivência. E o Amor incondicional só é possível quando aceitamos os outros com seus conflitos, medos, angústias, mas também, com suas virtudes, valores e qualidades que podem serem apreciadas e desenvolvidas. E o amor é incondicional ao se vê a pérola no coração da outra pessoa, quando se ama o outro com todos os defeitos, sem esperar mudança. O medo de se relacionar é dissolvido quando abraçamos as necessidades alheias e a unimos as nossas. A liberdade emocional adquire-se com o conhecimento das causas, assumindo sua responsabilidade perante as suas ações com cada alma que se envolve afetivamente. Consequências de nossas ações impensadas ou movidas unicamente pelo desejo, podem não refletir em nossas vidas em imediato, mas serão vivenciadas daqui a dez anos ou em outra existência diferente.   

Em nossa jornada terrena, encontraremos almas raras e caras para nós. Estaremos diante de pessoas que já nos relacionamos em vidas passadas. Companheiros que reencontramos sob uma nova aparência, mas que apenas a alma reconhece o velho conhecido de nosso coração. Contudo, nem sempre podemos dar vazão ao nossos desejos. Nem sempre a pessoa que reencontramos necessitamos resgatar alguma coisa com ela. E os respectivos parceiros, podem ter assumindo compromissos com outras almas para passar por experiências que necessitem para evoluir. A concretização dessa união no plano terreno dependerá do compromisso e das garantias dadas um ao outro no planejamento reencarnatório. Mas as principais relações que temos na vida, estão debaixo do mesmo teto, convivendo no seio familiar para resgatar uma história de lutas, conquistas, derrotas, mas também em prol da fraternidade, do crescimento espiritual e do Amor. 




A Espiritualidade não está presente apenas nos templos espiritualistas, em experiências místicas ou nas sessões de Yoga e Meditação. Ela se funde a nós, pois somos parte dela. Ao renascermos na matéria, esquecemos que a nossa origem é puramente espiritual. A Espiritualidade deve está presente nas nossas ações, pensamentos e sentimentos. Só somos conectados ao plano de existência maior pelas bem-aventuranças cultivadas e isso significa ter uma conduta correta para consigo mesmo e os outros. Um Nivarna alcançado pela meditação diária, não significa recitar mantras durante uma hora, mas silenciar a mente diante o barulho externo e acalmar o coração diante as paixões que desequilibram nossa casa mental.  

As relações podem ser conflituosas, mas para todo conflito existe uma solução. 
Nossas necessidades podem ser urgentes, mas para o Amor existe o tempo, a calma. 
Nossos anseios reclamam pelo seus saciamentos, mas não devemos esquecer que somos seres espirituais vivendo o lado que a matéria pode nos oferecer. 

Logo retornaremos as nossas origens. 

Dar um passo além e permitir-se passar do limite demarcado por nossos conflitos, significar despir-se do conceito que criamos em torno de nós, não sendo presunçoso com uma grandeza imaginária da própria imagem e nem se apegando ao descaso das divindades nomeadas, mas levando consigo apenas o que não tivemos coragem para ser: nós mesmos...

    

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