A Culpa é dos Espíritos


Sim, você leu e não se enganou com o título, é esse mesmo. A culpa não é somente das estrelas, e sim, dos espíritos, do destino ou do carma. Pelo menos é que boa parte das pessoas acreditam que seja. É mais comum do que imaginamos, culpar algo ou alguém por alguma adversidade que costumamos passar no dia-a-dia. Raramente admitimos nossas próprias faltas, jogando para o outro, o erro oriundo de uma notável negligência do Ser consigo mesmo.

Por vezes, costumamos atribuir nossas mazelas a uma influência diretamente espiritual. Se algo não dá certo nas nossas vidas, logo condenamos a suposta ação dos obsessores. Se adentramos em um estado de tristeza, é certeza que um encosto está “encostado” em nós. Se nosso ambiente familiar vive em meio a brigas e discussões, não pensamos duas vezes, certamente é algum espírito “inferior” atrapalhando a harmonia do lar. Se nossos pedidos não são atendidos, logo acreditamos que nossas preces são ignoradas por algum deus que vive selecionando os desejos que serão realizados.

É fácil jogar a culpa nos outros, ser inadimplente com seus próprios deveres e viver condenando a ação externa, acreditando que esta, interfere nocivamente em sua vida. O difícil é admitir que em todas as situações citadas, somos os principais causadores de tudo aquilo que nos impede de alcançar o verdadeiro crescimento!

Se algo não dá certo em nossas vidas, será que é efeito da ação direta de um obsessor? Não devemos esquecer, que toda obsessão espiritual é consentida e se nosso irmão encontrou brechas no seu campo energético, é porque você permitiu quando se descuidou de si mesmo.

Se adentramos em um estado de tristeza, certamente não é porque um encosto está nos perseguindo, e sim, porque vivenciar tais emoções é totalmente normal e próprio do ser humano. Por que desejamos excluir a tristeza sem buscarmos entender o que tal circunstância veio realizar nessa fase da vida?

Se nosso ambiente familiar vive em pé de guerra, será que fazemos nossa parte levantando a bandeira da Paz? Será que colocamos um pouco de água na boca, tal como Chico Xavier nos ensinou, frente a uma possível discussão? Os conflitos familiares evidenciam a necessidade de harmonização e equilíbrio! O lar torna-se um compêndio evolutivo, com tudo aquilo que é essencial para nossa evolução individual e coletiva. O exercício do respeito sempre é válido e nunca desnecessário.

Se nossos desejos não são realizados, será que fazemos por merecer tudo aquilo que suplicamos ao céu? Será que fazemos realmente aquilo que nos compete? Os três requisitos primordiais para uma realização nobre, segundo André Luiz, são: Desejar, saber desejar e merecer; o que em outros termos significa: vontade ativa, trabalho persistente e merecimento justo. Avaliando a própria consciência, será que Deus se esquece de fazer sua parte ou nós nos esquecemos de fazer o nosso trabalho?  


Vivemos acomodados em hábitos improdutíveis, cultivando a inconsciência e semeando valores que são totalmente descartáveis. E nesse ciclo destrutivo, plantando por si mesmo através dos pensamentos e ações enraizadas, nos vemos encurralados às escolhas que só nos levam a colher mais do mesmo. Ou seja, enquanto não mudarmos nossa realidade interna, no esforço constante da reforma íntima que somos convidados a fazer, a nossa realidade externa não mudará.

Tudo o que experimentamos e vivenciamos na vida é consequência de nossos atos e de nossas escolhas. Assim, a responsabilidade é unicamente nossa! O Mundo Espiritual interfere tanto positivamente quanto negativamente em nossas vidas, e entre ambas as opções, nós escolhemos o lado que iremos trabalhar para manter a sintonia.


O ato de culpar algo ou alguém é arrumar desculpas pelas faltas que cometemos com tudo àquilo que deixamos de realizar! A culpa não é dos espíritos, nem das estrelas, muito menos do carma. A responsabilidade é sua e como já dizia o Pequeno Príncipe, tu és eternamente responsável por aquilo que cativas.

O destino não é algo fatídico e irreversível, mas modelável ao nosso livre arbítrio em escolhas que podem ser certas ou erradas. E até mesmo os desacertos, certamente são luzes de crescimento e aprendizado na jornada evolutiva.

Somos seres espirituais, encarnados em um corpo físico, vivenciando provas e lutas essenciais para o nosso desenvolvimento! E a evolução da consciência sob a Luz da Verdade está em nossas mãos e cabe a nós, dar o veredito real do significado de cada Lei que rege esse grandioso Universo. 



PS: Esse texto foi publicado originalmente no Jornal Novo Ser Espírita, que circula nas casas espíritas de Betim. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estrela + 9 de Espadas

Gita e os 22 arcanos do Tarô

Brincar na chuva...