30 de setembro de 2019

Let It All Go



Se somos fortes para deixarmos ele entrar, também somos fortes para deixarmos ele ir? 

Porque se magoar desse jeito? Porque se agarrar aquilo que lhe machuca? Você pode até juntar os estilhaços e ignorar a dor que está sentindo, mas vejo você se ferindo ao tentar juntar as partes de um sonho que se despedaçou e levou consigo todo seus planos, toda sua mudança, toda sua esperança em uma nova vida. Por mais difícil que seja, estou aprendendo um axioma popular que sempre ignorei por achar que a força da vontade e a persistência fossem o suficiente para realizar aquilo que queria: "o que é para ser, será". É uma frase tão simples e poderosa. E entendo aqui como: não há vontade humana que seja maior que a "Vontade de Deus". Isso é uma lição de humildade preciosíssima.

Se algo que você queria não se realizou, paciência. Não é por falta de luta, a gente sabe, porque quando queremos que algo dê certo, corremos atrás e movemos céus para isso. E por mais que se corra atrás de um sonho, você vê a mão do destino agindo contrariamente e não compreende o porquê. 

A gente perde tempo com lamúrias, tentando achar culpados, tentando ser vitimas, quando não há nada disso. Eu ainda não entendo as linhas tortas que Deus escreve e muito menos estou aberta aos sinais do universo, mas uma coisa sei que quando é para ser, será. Acredite nisso. Respire isso. Viva isso.

Tenha força para dizer adeus e seguir adiante por este novo caminho que está sendo aberto para você.
"Vão se os sonhos nas asas da descrença e voltam-se os sonhos nas asas da esperança". Ela não murcha. Ela não tarda. Ela não sucumbe a descrença. A esperança não cansa... Não cansa!   

すみません、忘れました。(Me perdoe, esqueci)



Eu sei o que ele está sentindo. Nos poucos momentos de lucidez, sua mente se indaga o tempo todo: "o que estou fazendo aqui?". Ele não entende como sua vida se tornou tão limitada, tão impotente e previsível. Ele não compreende porque seu direito de ir e vir estão designados aos outros decidirem. Ele não entende como sua liberdade de outros tempos construiu sua prisão de agora. A realidade dele está difícil, eu sei, porque ao me colocar em seu lugar, tenho certeza que enlouqueceria.

Mas o Universo está dando a ele a oportunidade de viver o restante de sua vida sem ter consciência de quem foi e quem é. Esquecer os erros que cometeu em vida é melhor do que viver arrependido sem a chance de repará-los. Ainda bem que o esquecimento está sendo seu remédio. Ainda bem que seus sentidos estão sendo anestesiados e que ele não lembra o homem ordinário que foi. Quando a morte vier buscá-lo, ele não reconhecerá sua imagem no espelho e toda podridão de seu passado será enterrado junto com ele. 

E ao morrer, ele continuará sendo apenas um homem que passou pela terra e não usou sabiamente seu tempo. Ainda bem que ele também está se esquecendo disso. Melhor assim. 

22 de setembro de 2019

Ana




Ela está perdidinha. Acha que pode salvar a todos, mas não salva nem a si mesma. Acha que sabe exatamente o que todos precisam, mas é negligente com suas reais necessidades. Falta-lhe amor próprio, autoconhecimento e discernimento. Falta também respeitar as escolhas alheias, pois o outro tem direito de decidir o que é melhor para ele independente do que ela achar que deve ser feito. Ela precisa compreender que ninguém precisa ser igual a ela. Mas ela não entende.

Quantas vezes você já caiu, Ana? Quem nunca tropeçou, nunca se iludiu, nunca amou e não foi retribuída? Muitos! Para o amor existir entre duas pessoas, ele precisa ser recíproco, precisa ser uma via de ida e volta. Não existe essa história de amar de graça, se relacionar por dois, amar mesmo que o outro seja indiferente. Para o amor existir, precisa do esforço mútuo do casal ou a relação afunda. Você amou por dois, se relacionou por dois, se esforçou como nunca por dois também e isso te esgotou emocionalmente a ponto de não reconhecer como precisa de ajuda para curar este coração cansado.

Se cure enquanto há tempo, enquanto a ferida sangra. Não deixe que ela se calcifique. Não queira viver um novo amor se o coração está com medo e cansado. Não é desta forma que se cura um coração partido, mas é dando tempo a ele poder ouvir novamente as batidas do seu próprio ritmo. 

19 de setembro de 2019

O silêncio dos inocentes (Redação do ENEM 2017)


Tema da redação: "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil".
Título: O silêncio dos inocentes. (Adoro usar o título de filmes e músicas em minhas redações. Se está errado, não sei)

A constituição brasileira garante o acesso do indivíduo portador de deficiência auditiva ao sistema educacional inclusivo, assegurando-lhe aprendizado ao longo da vida. Entretanto, nem sempre a realidade enfrentada é aquela idealizada pela Lei. 

A formação educacional de surdos no Brasil enfrenta desafios. A desestruturação e o despreparo no âmbito sócio-cultural auxilia para que haja exclusões sociais, impedindo o deficiente auditivo de exercer plenamente sua cidadania. 

Outro fator desafiante é a desinformação da população quanto a existência de escolas inclusivas. Quantas famílias desconhecem a possibilidade ofertada ao portador de deficiência auditiva de estudar libras e ter conhecimento do sistema Braile que permitiriam o desenvolvimento de suas habilidades funcionais? Os dados do Inep apontam que de 2011 à 2016, houve um decréscimo considerável na matrícula de surdos na Educação Básica, mostrando que a desinformação silencia aqueles que poderiam estar contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade. 

Cabe ao governo investir severamente nas divulgação da existência de escolas inclusivas, pois o acesso a Edução é um direito dado à todos os brasileiros e não é porque alguém vive com o silêncio que não tem coisas importantes para dizer a humanidade. Um dos maiores gênios da música clássica foi Beethoveen e ele era surdo. 

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A pontuação desta redação foi 680. Para minha tristeza. Enquanto escrevia, achava que estava arrasando no texto. Segundo os corretores, a redação apresentou bons argumentos, indícios de autoria, bom domínio, mas se perdeu novamente na CONCLUSÃO, apresentando uma intervenção fraca e simplória. Fica o registro para as próximas edições. 



Cálice (Redação para o ENEM 2015)



Tema da redação do Enem 2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira.
Título: Cálice (quis fazer uma brincadeira com a música do Chico Buarque).

A violência doméstica deferida as mulheres é um fator preocupante para a sociedade brasileira. Diversas agressões são cometidas diariamente e infelizmente, por falta de denúncia devido ao silêncio da vítima, é impossível punir o agressor. 

A mulher, por carregar o estigma de "sexo frágil", delegou contra sua própria vontade durante séculos, o poder para que o Homem (parceiro, pai) direcionasse e dominasse suas ações, o que lhe privou da sua própria liberdade de escolher o que julgasse ser melhor para si. Se até o início do século XX, a voz feminina ainda era abafada pela sociedade que se desenvolveu sob atitudes e pensamentos machistas, é fato que nos dias atuais, muitas mulheres, vítimas da violência, se relutem em denunciarem seus agressores pelo medo que é criado no psicológico daquelas que sofrem a agressão. E na maioria dos casos, quem agride dorme ao lado. 

Se não houver uma conscientização coletiva contra os atos violentos, deixando que eles se perpetuem através das gerações, dificilmente caminharemos ao pavimentar uma estrada de desrespeito e desigualdade. 

Entretanto, nem tudo está perdido. Os movimentos feministas que estão eclodindo em diversas regiões do país lutam pela igualdade de gêneros e incentivam as mulheres a darem vozes aos abusos e sofrimentos que estão submetidas. Sobretudo, o movimento conscientiza ao não consentimento da violência, para que nenhuma dignidade jamais fique perdida no voto do silêncio. 


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Como é notável nesta redação, a intervenção para o problema foi bem fraca. Se por um lado, a redação ganhou pontos por apresentar autoria, respeito as concordâncias verbais e bons argumentos, na conclusão ela perde a argumentação e fica um pouco confusa. Não dá para identificar qual foi a contra-proposta e ela termina sem esta parte tão exigida pelo Enem nestes textos dissertativos. 


14 de setembro de 2019

Viva um dia de cada vez...






As coisas se ajeitam vivendo um dia de cada vez.

É impressionante como os males de um dia são mais suportáveis no outro dia. A gente se desespera diante a um problema achando que ele não tem solução. Mas quando você deita a cabeça no travesseiro, você lembra de pedir a Deus mais força para suportar as dificuldades que se apresentou neste dia. E aí, a mágica acontece. No dia seguinte, você acorda com a cabeça mais tranquila, acorda mais disposta a encontrar novas formas de resolução para o seu problema e percebe que ele não é um bicho de sete cabeças. Olha a bagunça que seu desespero fez dias atrás. Serviu para alguma coisa? Absolutamente, não.

O medo nunca poderá ser uma sensação a qual devemos apoiar nossa vida. Se vivermos com medo nunca sairemos do mesmo lugar e os problemas poderão se tornar maiores do que realmente são. Você acha que não tem solução para algo? Acalme o espírito, esvazie a mente e verá que existe solução sim. Se acha que seu fardo está pesado demais, não demore para pedir ajuda. Fale com Deus que esta cruz é pesada demais para se carregar sozinho e Deus colocará no seu caminho seus anjos para ajudar a carregar o peso. Tudo ficará mais leve para seus ombros quando aceitar a ajuda de seus familiares e amigos. 

E não se preocupe. Tudo é cíclico, é passageiro. Nenhum mal é eterno. Nenhuma dor é eterna. Há sempre uma solução, há sempre uma esperança, há sempre um novo caminho e muitas oportunidades virão ao abrir as portas para um recomeço. E as coisas vão se ajeitando vivendo um dia de cada vez. E as coisas vão se ajeitando vivendo um dia de cada vez.

8 de setembro de 2019

Não me cobre, por favor...




Por favor, não faça isso comigo. O que mais odeio no mundo é fazer as coisas de modo obrigado. Já não basta o fardo que o Universo colocou em meus ombros para carregar sozinha agora tenho também que carregar suas cobranças em relação ao que deveria fazer? Por favor, não faça isso comigo ou faça e me partirei no meio em dor e desespero.

Já estou tendo que enfrentar minhas decepções; estou tendo que encarar minhas mágoas mais profundas e isso é muito além do que consigo suportar. No ápice do meu pessimismo, chego a pensar que a existência é uma pura experiência de sofrimento com poucos momentos genuínos de felicidade, mas que na maior parte dela, somos submetidos a dor de ser quem somos: imperfeitos, fracos, e limitados. E neste momento, estou aceitando quem sou, aceitando minha natureza humana tão falha, tão pequena, tão pobre e mesquinha. Estou aceitando minhas feridas, estou aceitando também a ajuda de todos porque nesta bagunça toda, não consigo carregar isto sozinha... 

Não me peça pra conviver obrigatoriamente um tempo a mais que preciso. Já faço o que dou conta. Isso não é o bastante? Já vi o que precisava ver, já revelei o que não queria revelar de mim, já me expus por completo a ponto de deixar todas as feridas visíveis. E isso não é o suficiente para você? Não é o aprofundar de uma intimidade que tanto desejou? Agora que conhece minhas feridas, você sabe também como me machucar. 

6 de setembro de 2019

Menina boazinha...



Quando mais nova, tinha a síndrome do "salvador". Achava que sabia exatamente o que todos precisavam, dava conselhos imbuídos de "alto-ajuda". Sacrificava o saciamento de minhas necessidades pessoais para satisfazer o próximo.  Eu adorava esta imagem que apresentava aos outros: a moça boazinha que falava de amor ao próximo, que escrevia textos inspirados na cura através do perdão. Até que um dia, esta imagem desmoronou e a moça boazinha revelou seus ressentimentos. Suas feridas emocionais fediam; seu coração não estava totalmente aberto para o perdão. Havia raiva e frustração nela; havia também autopiedade e vitimismo; e suas explosões emocionais quase sempre colocavam tudo que ela tinha a perder...

Hoje, essa garota boazinha não existe mais. A bondade, ao meu ver, são para os justos e corretos de espírito. Uma qualidade moral sobre-humana que dificilmente é exercida nesta sociedade. Quando presenciamos atos genuínos de bondade, somos tomados por esta força tão vivenciada por Cristo. Todavia, deixei de lado este estigma de querer ser a todo tempo alguém "bom". Não tenho intenção de ser como Cristo e nem como indivíduos que viveram suas vidas de modo missionário. Não é minha intenção.  Eu também não tenho este chamado dentro de mim. Tudo o que quero por ora é ser humano e aceitar minha natureza apaixonada e mortal. Não tem problema nisso. Acho que estou no meu melhor momento, aceitando-me como sou, com meus limites e minhas confrontações. E por isso, não me cobro a ser quem não sou e a fazer o que não quero. Só faço o que dou conta e ainda que aos olhos alheios isto signifique "limitação ou pobreza de espírito", continuo fazendo o que posso fazer.

O momento atual me faz pensar que também posso ajudar sem me colocar num pedestal de "salvador". E isso não me obriga a amar o indivíduo que sirvo esta "ajuda". Não mesmo. O Amor nunca deve ser um ato de obrigação à alguém. E ainda que a raiva por seu passado me cegue em alguns momentos; eu tenho consciência de que aquilo que faço por ele é o que dou conta de fazer. Mas...
Se o que eu faço, tiver um pouquinho de amor e misericórdia, talvez minha alma não ande pelo limbo quando eu me for. Talvez, Deus não me puna por não ter aprendido a amar quem me rejeitou. Talvez, o Universo considere estes pequenos atos para não deixar que minha alma se perca. Talvez. Mas uma coisa é certa, eu não nasci para ser "salvador".