26 de março de 2016

Brincar na chuva...




Era só ouvir o barulho de chuva e saímos de casa para brincar debaixo dela. Não tínhamos medo de ficarmos molhados. O momento era único. Único para se divertir. Pulávamos nas poças formadas pela água e brincávamos de guerrinhas. Corríamos debaixo das trovadas que iluminavam a face repleta de sorrisos. Os adultos da varanda gritavam: "saiam da chuva ou vão ficar gripados!". Quem ligava para possibilidade de ficar doente enquanto o tempo pedia para sermos felizes? A alegria era tanta que não pensávamos no que poderia vim depois. Vivíamos o agora, aproveitando cada gota como se não houvesse uma chuva amanhã. 

Toda vez que vejo chuva, lembro da minha infância. Lembro que não havia hora pra parar a brincadeira. Toda hora era hora de brincar. Minha mãe vivia dizendo: "vão brincar enquanto vocês ainda são crianças". Ela insistia e repetia, mas só vim entender a importância dessa frase quando cresci. 

Crescer, por vezes, nos forçam a retirarmos o véu colorido da inocência e a encararmos as responsabilidades cinzentas da maturidade. No mundo dos adultos a chuva é vista como sinal de atraso. As pessoas ficam confusas. O trânsito torna-se bagunçado. Os planos para se divertir no dia, a maioria, são cancelados. Uma vez, comentei com uma colega de trabalho que adoraria que a chuva caísse, pois o tempo estava insuportavelmente abafado. No bar, ao lado da empresa que trabalhava, havia uma roda de samba. Ela olhou assustada para mim dizendo: "você está desejando acabar com a alegria daquelas pessoas?". Respondi com os ombros me perguntando em pensamentos que mal haveria em chover e como isso poderia acabar com a alegria dos "adultos". Naquela dia, não choveu e a cidade ficou sem chuva nas outras semanas...

Talvez, eu tenha desejado a chuva naquele dia por motivos egoístas, por interligá-la a uma época tão distante e inalcançável do meu agora... Desejei chegar, naquele dia, em casa e dormir com o barulho acolhedor da água batendo na janela. Desejei e fui atendida. Hoje, choveu. A chuva não só trouxe o frescor para o ar que respiro como também me embriagou de lembranças saudosas da infância em que a única responsabilidade que eu tinha era a de brincar debaixo da chuva sem pensar na possibilidade de ficar doente no outro dia. 
   

25 de março de 2016

Sobre a prática profissional...





O quê é que tenha que ser feito por você, que seja bem-feito. Não faça as coisas pela metade. Seja qual o compromisso assumido, honre a sua responsabilidade por ele.

Adentrou no horário do serviço? Faça aquilo que lhe compete de forma integra, dedicando seu esforço para construir um bem comum para todos daquele local. Se você trabalha de forma honesta em tudo que faz na vida, cedo ou tarde, será recompensado. Evite dispersar sua atenção com outros afazeres que não correspondem com sua prática profissional.  

Agora, se você adentra no serviço e é desleixado com aquilo que colocaram em suas mãos para administrar, infelizmente receberá de volta o que vive oferecendo para empresa através do seu trabalho. Um mau profissional é reconhecido por tudo aquilo que deixa de realizar. Ao contrário, um bom funcionário reconhece-se pelos frutos que seu trabalho gera, servindo de inspiração para o grupo a qual faz parte. 

As pessoas sempre reclamam que recebem aquém do que julga-se merecido, mas muitas não se mobilizam para se especializar em outra área ou mesmo estudar para ter um emprego que lhe pague exigido. Se você compreender que o salário é o dinheiro pago pelo serviço exercido e se um dia, quiser receber melhor, vai ter que estudar e se aprimorar profissionalmente para isso.

Algumas pessoas adoram inventar mentiras para disseminar conflitos entre os funcionários. Identifique esse tipo de pessoa e mantenha-se cordialmente afastado. Evite comentar sobre sua vida particular ou mesmo contar detalhes sobre seus planos. Seja cauteloso, pois as relações entre as pessoas são como ovos: frágeis. Um movimento descuidado e se quebra algo que dificilmente será restituído! E não se preocupe com as pessoas quem vivem sorrindo, mas que não perdem uma para difamarem você assim que vira as costas. Elas se afogarão, sem que percebam, no próprio veneno. 

Sobre a prática profissional: faça sempre o melhor naquilo que lhe compete. 

Um bom resultado, depende do seu trabalho. Um bom resultado no trabalho em equipe, depende que cada um faça sua parte!!!     
   

Dualidade (part.2)




O bem e o mal. A noite e o dia. A luz e as trevas. A mentira e a verdade. O certo e o errado. O sim e o não. A ignorância e o conhecimento. O feminino e o masculino. O quente e o frio. A vítima e o algoz. O silêncio e a palavra. O amigo e o inimigo. O religioso e o ateu. O rico e o pobre. A ganância e a simplicidade. O egoísmo e a doação. A perversidade e a inocência. A saúde e a doença. O caos e a ordem. A construção e a destruição. A vida e a morte. 

Qual lado escolher? Lançados, involuntariamente, em dualidades que parecem tão distintas e irreconhecíveis em nós, fingimos desconhecer a origem do "mal no mundo".

O pensamento ocidental ensina que o "mal no mundo" sempre será algo externo e alheio a nós. Elegemos vilões, damos face ao diabo, intitulamos os inimigos das nações. Arranjando alguém para se pôr a culpa, que responsabilidade teríamos pela nossa vida e quem dirá, a do outro?  Apontar os erros alheios é fácil quando se esquece que existem quatro dedos virados para você... Mas insistimos em ignorar que imperfeição percebida no distante e inalcançável, outro, faz parte de si. Defeitos que ignoramos por medo, porque assumir faltas é ficar vulnerável e exposto às próprias feridas...

Quando assumimos um erro, a máscara do orgulho cai. Quando assumimos que não somos perfeitos, não temos a necessidade de cobrar do outro aquilo que não temos para oferecer. Quando ficamos vulneráveis, assumimos com coragem quem realmente somos: o bem, o mal, polaridades necessárias e inseparáveis. Dualidades universais, que na verdade, são uma coisa só.



16 de março de 2016

Por que você acredita em Deus?




- Por que você acredita em Deus? – Perguntou o professor àquela classe.

As respostas da turma saiam de forma desengonçada, o que para mim era compreensível, pois justificar a crença em algo superior à nossa existência dificilmente poderia ser respondido com meras palavras. Afinal, nossa crença na existência de Deus é algo totalmente individual e inerente a natureza do ser humano. São as experiências que temos que solidificam a nossa fé.

Mas aquele professor, que se declarava ateísta, desconsiderava a importância da fé em Deus e a relação com o Ser Humano na sua construção histórica e cultural. Ria ao se deparar com as razões que levavam cada pessoa a professar sua própria fé. Indagava a subjetividade alheia pela sua visão lógica quando ouvia as respostas individuais que entravam em conflito com seu pensamento ateísta. 

Diante a pergunta, meu primeiro pensamento foi: “porque a crença em algo superior é inerente a natureza do homem”. Isto é. Eu não preciso acreditar. Eu sei. 

Dissertem comigo.

Desde os primórdios da humanidade, a relação entre o ser humano e a Divindade esteve presente em todas as culturas e os povos. As mitologias locais (egípcia, nórdica, grega, romana, chinesa, japonesa) assim como os ritos tribais (africanos, indígenas) buscavam uma compreensão a cerca dos fenômenos naturais que julgavam ser as forças superiores que regiam os céus, a terra, o Universo. Todos os mitos, sem exceção, procuravam encontrar respostas para os conflitos humanos através de suas figurações simbólicas como também cultuar a divindade sob os sentimentos de respeito ou temor. 

A crença em algo superior não é um contexto atual, mas antigo e diz respeito a construção da história do Homem desde que ele passou a ter consciência da sua existência e questionar o seu propósito de vida.

A palavra "religare" permanece com seu sentido intacto e o seu significado continua o mesmo: buscar a união com a Divindade, Força Superior, Consciência Suprema ou Deus. As religiões que nasceram a partir disso, buscaram apenas formas para institucionalizar, dogmatizar e estabelecer regras de condutas que poderiam ajudar o Homem a se aproximar de Deus. 

É verdade que não podemos fechar os olhos para os abusos e as atrocidades que são cometidas pelos homens através da fachada “religião”. Mas é interessante mencionar que a religiosidade não significa necessariamente ter espiritualidade. Uma pessoa pode ter fé e preferir não adotar uma ideologia religiosa. Uma pessoa também pode ser convicta dentro da sua religião e desconhecer a verdadeira fé que não se veste pelo fanatismo, mas a compaixão.



É engraçado ver ateus negando a existência de “Deus” tão fervorosamente como os religiosos extremistas que buscam impor suas crenças como “verdade única e inabalável”. A racionalidade ateísta sobrepuja àqueles que acreditam em algo Superior a existência. Engraçado também, que muitos desconhecem que a Ciência e a Religião andavam de mãos dadas até a Era do Iluminismo. Muitos matemáticos, físicos, filósofos, astrônomos, buscavam explicar através de seus estudos científicos a existência humana e sua ligação com o Universo/Deus. Sem comentar que vários desses gênios da humanidade eram iniciados em ordens herméticas e ocultistas... A negação da força superior não é de agora e tampouco é privilégio dos ateus "dawkianos". Um exemplo disso são os estudos astrológicos que eram usufruídos pela religião cristã e hoje, são totalmente negados pelo próprio cristianismo e a ciência, que rotula a Astrologia como algo meramente supersticioso. Exemplo histórico? Pegue arquitetura de algumas catedrais mais antigas e estude seus símbolos. Verá como a contradição é própria do ser humano. 

Outro ponto para se refletir. Sabemos que existem forças que atuam no nosso meio e que são invisíveis: magnetismo, a energia, raios ultravioletas e por aí vai. Não as vemos, mas possuímos aparelhos que possam medir-las e mensurá-las. Mas será que correlacionar apenas ao sentido do "não ver", exclui a existência delas? Nesse momento, ondas eletromagnéticas passam por você e se tiver o aparelho certo para captá-las, poderá ligar a televisão para assistir algo ou mesmo ouvir um programa de radio. Mas você não "ver" essas ondas magnéticas passando por ti. Você sabe que elas existem, mas não as ver e por não conseguir enxergá-las suas existências não são excluídas! 

A negação, isto é, o ato de ignorar algo não exclui sua existência. 
"Negar" a existência de Deus não exclui sua existência no Universo. 

Sob essa análise, faço a mesma pergunta que o professor fez outrora: "Por que você acredita em Deus?" 

E com os pensamentos teorizando o porque, paro um minuto para olhar a imensidão daquele céu azul e repenso que apesar de não vermos as Estrelas, sabemos que elas estão lá. Deixo que o próprio silêncio responda que a natureza divina está no cerne de cada indivíduo e que as verdades do mundo são apenas máscaras de vaidade. E que não são os barulhos e zumbidos da descrença que serão capazes de desconstruir um ato de humanidade: a fé.


15 de março de 2016

O Pensamento e a Liberdade




Não acredito em outra liberdade que não seja a do pensamento. Quem há de intervir naquilo que pensamos? Não existe regras para pensar. O que se passa no nosso interior permanece oculto até que seja revelado por nós mesmos. Até lá, as impressões que passamos para os outros nunca serão capazes de revelarem nossas verdadeiras intenções. "Coração" do outro é terra que ninguém pisa. Assim acontece com o pensamento. Não há restrições no campo das ideias. A mente humana é como uma caixinha de surpresas e essas surpresas podem ser apreciadas ou indigestas com suas complexidades raramente resolvíveis. 

Mas se não tomarmos cuidado, até mesmo o pensamento pode ser subjugado e controlado por conceitos e paradigmas que aprisionam o Ser na mesmice e em padrões obsoletos que dispensam mudanças ou transformações ocasionados pelo próprio ato de refletir/pensar. 

Liberdade inexiste sem reflexão. Reflexão não tem autonomia se não houver liberdade. Refletir é ter autonomia sobre os processos decorrentes do pensamento que estimula, indaga, questiona, busca, propõe ou defronta as aparentes "ordens" pré-estabelecidas no mundo. É recusar aceitar algo como "verdade" se esta não for minuciosamente analisada, questionada ou verificada na prática. 

Questionar os aparentes fatos, ter amor pelas perguntas sem ter pressa para obter as respostas, buscar o conhecimento como algo libertário da ignorância dos sentidos, é ter consciência que a existência humana, apesar da sua fragilidade, é rica e repleta de experiências, símbolos e constantes aprendizados...

  

14 de março de 2016

Um chamado... [Sobre a Escrita parte 2]




Para quem escrevo? Por que acredito que isso terá alguma valia? Olho para aquele projeto. Deixei ele parado por longos dias. Prestes a desistir, ouvi uma voz e ela me dizia: "Não questione. Faça". Por quê? Que história é essa que faz arder meu peito e clama para ganhar voz? Clama para ganhar vida? 

Há um chamado. Sinto que não devo questionar se possuo técnicas o bastante para escrever. Preciso simplesmente escrever. Muitos autores preocupam-se demais com as técnicas e esquecem de colocar suas almas nas palavras. O importante não é a técnica. Ela pode ser necessária, mas não é tudo. O mais importante para um escritor é saber se aquilo que se escreve é o que o seu coração quer falar para o Mundo.

Os personagens estão vivos dentro de mim, mas para trazê-los ao mundo real, preciso usar as palavras para tornar isso possível. Seja por meio da escrita ou desenho, aos poucos construirei esse mundo criado pela minha imaginação, sem esquecer da importância de cada tijolo.

it's time to write!

12 de março de 2016

O desenvolvimento do ser e a metáfora do aquário





Hoje fará uma semana que adentrei no curso superior de Pedagogia na Universidade Estadual de Minas Gerais [Uemg]. Cinco dias foram suficientes para me dar a certeza que finalmente encontrei o curso certo. 

Logo na primeira semana, debates interessantíssimos ocorreram e é provável que muito deles servirão como base para a formação de textos futuros que serão publicados no Fragmentos de Meu Ser, pois o intuito do blogger  continua o mesmo: compartilhar as experiências e reflexões que tenho captado da existência humana a partir do olhar que tenho sobre o mundo, as pessoas ou de mim mesma.

Chegamos no meio acadêmico com algumas idéias pré-formuladas e que são repetidas diariamente pelo senso comum. A imagem forte que permeia no subconsciente da maioria pessoas é que o professor continua sendo aquele que possui domínio sobre um conhecimento e que está apto a repassá-lo para os demais, transformando a experiência do ensino em algo limitador, já que o aprendizado seria algo próprio do aluno e não do professor. 

Mas, o desenvolvimento educativo não é uma via de mão única. Tanto aquele que ensina como aquele que quer aprender, trocam os papéis durante o percurso da prática pedagógica. Nesse processo, descobre-se que as potencialidades individuais são múltiplas e que a conscientização através do diálogo franco e aberto entre o aluno e professor, possibilita o compartilhar de conhecimentos e valores, cuidando para que as diferenças sociais não sejam motivos para segregação, mas agregação de experiências sociais válidas para o crescimento como Ser Humano.

Debates que são abertos para o diálogo construtivo trazem reflexões poderosíssimas. Ao presenciar hoje, um discussão a cerca do machismo e a forma como ele está enraizado na sociedade, me fez pensar em alguns pontos. Acredito que o Ser Humano está condicionado a repetir padrões comportamentais que outrora poderiam fazer sentido, mas que no contexto atual significaria uma violação aos direitos humanos. Pensamentos cristalizados não abrem brecha para o diálogo. O patriarcado ainda é uma presença muito forte nos meios sociais e é cultivado tanto pelos homens quanto pelas mulheres.  Jung, partia do pressuposto que as ações humanas e suas tendências a repetição [guerras/ maldade] fazem parte do que chamamos de "inconsciente coletivo". Ou seja, isso é algo que está além do que podemos fazer para modificar e é fato que dificilmente o quadro será mudado do dia para a noite. Se fosse para demonstrar uma figura semelhante ao machismo, poderia afirmar que este se parece com uma árvore, seca, sem vida, mas cujas raízes ainda são profundas e mesmo que se corte o caule, suas raízes permanecerão no solo fétido caso não sejam arrancadas.  

Pensar sobre isso me lembrou a música de Elis Regina, Como Nossos Pais.  
Minha dor é perceber que apesar de termos

feito tudo que fizemos

Ainda somos os mesmos e vivemos

Como nossos pais

  
A natureza do ser humano é mutável e rica em potencialidades  para se tornar aquilo que tanto deseja a partir do que já se é. Acredito que podemos ser agentes de mudanças ao começar por nós mesmos. É um desafio destruir os pensamentos engessados existentes em nosso interior e abrir a mente para pensar de forma diferente. 

Estar diante de algo novo pode ser ilustrado por um peixe que toma consciência do aquário que reside. Ele conhece todas as extremidade. Sua vida poderia ser satisfatória se não houvesse o anseio natural de querer "aprender" mais e mais. Ele sabe que a satisfação não traz desenvolvimento. Mas, o peixe ouviu falar sobre a existência do oceano. O que impede ele de se aventurar é o medo de arriscar e perder o que ele pensa possuir: seu limitante aquário.

As bordas do aquário são seu limite e se ele quiser conhecer algo além daquilo que já se sabe, o peixe terá que dar um salto para mergulhar no desconhecido e infindo oceano de experiências, transformações e conhecimentos!  

Ao ilustrar essa situação na vida real, somos nós que decidimos se queremos permanecer no aquário ou desbravar o oceano. 

A escolha final sempre é nossa.
  

7 de março de 2016

Reflexões [Impermanência e Evolução]




O Movimento da vida nos faz perceber que para convivermos socialmente, precisamos aceitar que a nossa individualidade é única assim como a do outro. Contudo, isso não dar liberdade para pisarmos em terrenos alheios e infringir o direito que cada indivíduo têm para Ser. Provavelmente, não ficaríamos satisfeitos se o fizessem conosco. A liberdade de expressão é uma conquista válida para todos e que deve ser usada em prol de um mundo melhor.

Se iludir na falsa imagem de superioridade por alguma aquisição material ou intelectual que achamos possuir, pode dificultar o caminho que precisará lidar com os altos e baixos da Vida. A transitoriedade da existência ensina que "possuir" não é sinônimo de eternidade e que a impermanente natureza não cobra apegos.

Cortella já dizia: "As pessoas grandes reconhecem que são pequenas, e por isso elas crescem. Já as pessoas pequenas acham que são grandes e por isto diminui os outros para acharem que estão crescendo."

Dignificar e apresentar as potencialidades disponíveis para cada indivíduo, confortar aqueles que estão desolados, auxiliar os que se perderam a encontrarem o caminho, desde que a nossa intenção não seja imposta, mas aceita,  pode dar-nos uma direção para construir uma sociedade que abrace as diferenças. 

A evolução acontece diante a instabilidade que apresentará novos rumos ou trará mudanças inesperadas, mas necessárias para construção do que somos e seremos! Abra o coração e deixe a mente livre, buscando ter a postura de uma criança que sempre está receptiva ao crescimento! 


4 de março de 2016

Eremita



Vemos um indivíduo caminhar em um deserto íngreme, tendo apenas a lamparina que carrega em uma das mãos para iluminar o caminho.  Seus passos são dados com cuidado. Sabe que não adianta lutar contra o tempo, por isso o torna um grande aliado em sua jornada interior. As intempéries são contornadas com paciência e sabedoria, compreendendo que alguns obstáculos só serão superáveis se houver persistência no caminho certo.
O eremita escolhe uma estrada que poucos passam por ela: "conhecer a si mesmo".  Mergulhar no processo de autoconhecimento nos ajuda a lidarmos com as fantasias, ilusões, desejos impetuosos, que cultivamos e nos cegam temporariamente para existência da Luz. Um indivíduo que não domina os processos da mente, está sujeito a ser dominado por eles.
O eremita caminha, cuidadosamente, pois sabe que os perigos são muitos e está ciente da força contrária que faz movimentos para impedi-lo de continuar seu trajeto.

 A única força que o protege é aquela luz, trêmula, que acendeu dentro de si. Ninguém pisa no reino das sombras sem haver acendido uma luz dentro de si, para iluminar o caminho.

1 de março de 2016

Kyo dake wa: Kansha shite






A gratidão é um sentimento nobre que eleva a energia do chacra cardíaco a uma conexão direta com os outros seres e o Universo. Ser grato a vida é confiar na Providência Divina, sabendo-se que esta sempre direciona os nossos passos à ascensão da centelha que nos unem a Força Primordial. 

Aprendemos a agradecer por estarmos vivos e por ter essa oportunidade para trabalharmos nossas potencialidades e trazer à tona o que temos de melhor através do esforço, dedicação e persistência.

Agradecemos também pelos professores disfarçados de dificuldades e pelas lições que aprendemos ao longo da vida, pois elas tornam a nossa existência rica em experiências. Tantas as situações boas ou ruins, podem estar carregadas de valiosos aprendizados! 

Aprendemos a agradecer a existência do sol: energia que faz florescer o que plantamos na terra ou pela luz que dissipa as sombras da noite. Somos gratos pela chuva, responsável pela água, fonte da vida! A gratidão se estende às estrelas, as árvores, ao ar que respiramos, ao trabalho que exercemos, a família que possuímos, aos amigos que nos abraçam, aos sonhos que temos e iremos conquistar, as lutas diárias que enfrentamos e a possibilidade para mudarmos sempre que desejarmos! 

Agradecemos pelos frutos que podemos colher na convivência com os nossos semelhantes. Toda interação pode ser construtiva se estivermos com o coração aberto para aceitar as falhas alheias e inundar o coração com Perdão e Amor!

Sê grato é estar aberto para o fluxo de Energia que circula no Universo! 
A gratidão é o reconhecimento das bençãos que chegam até nós como recompensas pelo trabalho árduo e o merecimento justo! É saber que não se está sozinho e que o tempo todo estamos sendo amparados pelo time de cá e o time de lá.


Só por hoje, serei grato ao Universo!






Kyo dake wa: Gyo-o hage me




Ser reikiana é está ciente da sua responsabilidade consigo mesma e com o ambiente que a cerca. O Reiki têm me ensinado que não adianta pregar aquilo que não se vivencia. Os valores espirituais não facilmente encontrados na fragilidade dos conceitos humanos que se perdem com sua transitoriedade. A Verdade Espiritual é Eterna, mas para chegar até ela, é necessário limar as arestas das incertezas que obscurecem temporariamente os olhos que não conseguem distinguir o que é verdadeiramente importante para a alma. 

Uma vez comprometido com o seu caminho espiritual, descobre-se que esta é uma via que não há voltas. A célebre frase: "A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original", pode ser considerada verdadeira para o iniciado que se propõe a trabalhar arduamente as imperfeições internas com o único intuito de crescer moral/espiritualmente.  

Como dizia uma amiga, o caminho espiritual não é só flores. Aceitar os espinhos que podem machucar, sem permitir que uma rosa perca sua essência, faz parte do caminho da compreensão que cada indivíduo é chamado a percorrer. Saber agradecer a existência das "ordálias" como complemento para recuperar o equilíbrio interior no exercício da verdadeira vontade, é deixar o chacra do coração aberto  e receptivo para que a Energia do Amor flua livremente e transforme o que tiver que ser transformado! É trabalhando naquilo que podemos mudar em nós que esta mudança atinge os outros. "Busque sua iluminação e o mundo se iluminará também".   

Mas vá com calma. Sem pressa, sem se afobar. Trabalhe no seu ritmo com honestidade e integridade. Sua natureza mostrará o caminho do crescimento e trará aquilo que você necessita. 

A semente para virar uma flor, encara a paciência do florescimento. 

  

Querida Aflição [Astrologia]




A maioria das pessoas que me procuram para que eu faça a leitura de seus mapas e para terapia estão dispostas a crescer. Se não têm motivos para isso quando chegam, certamente têm algum quando saem, mudando e crescendo sob trânsitos difíceis. A astrologia as ajuda a vencer os obstáculos mostrando-lhes a parede contra a qual estiverem batendo a cabeça e apontando-lhes um caminho. Contudo, uma verdade que me foi difícil de engolir, durante os anos de amadurecimento, foi que certas pessoas não melhoram sob o impacto de trânsitos de "transformação". Uma alternativa, nesse caso, é manter o padrão e até mesmo intensificá-lo. Você pode se recusar a crescer, continuar a jogar a culpa nos outros, cultivar a dor. Algumas pessoas jamais melhoram, tampouco o desejam. E aliás, à revelia de todos os meus esforços como astróloga-terapeuta-professora, pioram. Para uma jupiteriana ferrenha como eu, isso é inteiramente incompreensivo.

Uma das poucas respostas a esse enigma está no que chamo de "a querida aflição". Muitas pessoas são apaixonadas por seus problemas. Se você observar suas faces enquanto falam, observará uma espécie de auto-satisfação, quase orgulho. Repare em particular no sorriso afetado quando você sugere alguma coisa. Dirão que já tentaram aquilo e não deu certo ou apresentam a desculpa perfeita. (Te peguei!) O problema se tornou uma parte de seu autoconceito. Quando uma pessoa desse tipo fala de meu medo dos homens, minha terrível situação de trabalho, minha úlcera, percebemos que essas são as dificuldades que as definem, tornando-as pessoas mais dignas de atenção e as qualificam para receber mais consideração e cuidados. A dor que faz com que elas se sintam vivas, dá sentido a suas vidas. Naturalmente, não vão lhe agradecer se você apontar uma saída. Recorrem a todas as armas de seu arsenal para não melhorar. Esses benefícios colaterais, que os terapeutas chamam de "ganho secundário", dificultam o abandono do sintoma doloroso para dar lugar a alguma coisa potencialmente boa. 

Não posso é a maior defesa; isso significa que sequer considerarão a possibilidade de experimentar. Talvez tenha tentado uma vez, há algum tempo, com "um pé atrás" (ou até mesmo sem reservas), e não tiveram sucesso. A partir daí, e pelo resto de suas vidas, não devem tentar de novo, porque não podem. 

Não poder é uma expressão das mais limitadoras e deformadoras da existência. Se disser não farei, você ficará mais perto da verdade. Por exemplo, não consigo dançar e nunca consegui, mas a verdade é que não farei isso. Se eu for disciplinado e tiver aulas, posso me tornar um dançarino passável mas não vou me dar o trabalho, de modo que, por enquanto, não vou dançar. Antes de me dar conta de que eu poderia se quisesse, isso teria, porém, repercussão na minha noção de valor pessoal. Eu me considerava desastrada, socialmente desajustada e perfeita para tomar chá de cadeira. Se existem coisas que você acha que não pode fazer a probabilidade é que isso resulte num complexo total de idéias de autodepreciação. Procure encarar a questão como uma coisa que você não vai fazer e observe o que acontece como consequência de sua atitude. 

No que tange à habilidade para apresentar desculpas, os indivíduos astrologicamente sofisticados são os piores, pois falam das dificuldades de seus mapas de uma maneira muito convincente: "minha quadratura Marte/Saturno me dá tanto trabalho com os homens!" "Meu Saturno na segunda significa que eu jamais terei dinheiro." Só se comparam aos psicologicamente sofisticados, que se refém com desembaraço a "meu Édipo", "minha fobia". Esses, pelo menos, têm fé de que, após quinze anos de análise, ou num fim de semana com o grupo de encontro certo, ficarão curados. Já os especialistas em astrologia não têm a mesma dimensão: "Com saturno na sétima, meu carma é não me casar nesta vida". A astrologia fatalista é um álibi fantástico para menosprezar o que você mesmo fez para criar seus próprios problemas. Afinal de contas, tendo saturno como bode expiatório, o que mais se pode fazer?

Se você olhar para si mesmo com honestidade, verá que está grudado em seu problema como um carrapato. Não apaixonado por ele, claro, como todo mundo, mas como está apegado a ele" Será que ele faz parte de seu autoconceito? Faz você se sentir um pouquinho mais importante ou interessante? Você pode escolher entre confrontar o problema e trabalhar para resolvê-lo, ou continuar acarinhando-o e cultivando a sua manutenção. Seja qual for o rumo que você tomar, lembre-se de que você não é seu problema. Você não é saturno na sétima casa, você não é Netuno em trânsito pelo sol natal. Você pode ser uraniano, mas Urano não é você. Seu Eu Superior é maior do que tudo isso. Essa coisa dolorosa que você pratica no nível de personalidade não é você como entidade espiritual. Se estiver disposto a trabalhar, pode melhorar.


Donna Cunningham - Astrologia e Desenvolvimento Espiritual. Editora Agora.