Bem vindo à Toca do Coelho...



Cada ser encarnado tem seus próprios processos de desenvolvimento espiritual. Todos nós seremos convidados a esse trabalho que está unicamente a sua responsabilidade, desenvolvê-lo. Tudo vem no tempo devido e não adianta querer colocar o carro na frente dos bois. Faz aproximadamente cinco anos desde que comecei a estudar mais sobre esse universo espiritual, buscando na crença da reencarnação o porque de vivenciar determinadas situações. Ontem eu reaprendi a valiosa lição de que tudo vem para seu aprendizado individual e faz parte da caminhada esses percalços que somos obrigados a passar por eles ou simplesmente, contorná-los.

Ontem, foi um dia bem diferente. A convite de uma amiga, fui conhecer uma fraternidade mística, com bases bem assentadas nas linhas kardecistas, umbandistas e também, eles fazem trabalho com a bebida Ayahuasca. O ambiente, tinha uma energia muito tranquila, boa, semelhante a do centro espírita que costumo frequentar. As pessoas sorriam e a maioria estavam vestidos de branco. Iríamos participar de uma roda de gira, o que na umbanda significa uma sessão mediúnica, que eu não vou saber explicar muito bem o que é. Tudo o que sei, é que a energia naquele local era muito forte demais. E também, na minha leve curiosidade a respeito do daime, resolvi experimentar. 


Metade de um copo daqueles que se servem conhaque foi o suficiente para que eu tivesse, o que eles chamam de "mirações". Se eu for tentar explicar elas, você leitor, vai achar que fiquei muito doida. O ritual acontecia com muitos batuques, muita música que saudavam os orixás e muitas incorporações. Ao mesmo tempo que via mirações ao fechar os olhos, a região dos meus chacras cardíaco e frontal eram fortemente pressionados. Uma queimação muito forte na região das costas subia até minha nuca. Sentia uma energia poderosa percorrendo todo meu ser. Minha amiga, toda hora perguntava: "Você está bem?"... E eu respondia: "Não sei. Isso é normal?"... E ela respondia na maior tranquilidade: "Calma, tenha calma". Isso, de alguma forma me tranquilizava bastante. Mas aqui, convenhamos... A sensação de perda de controle e perda dos sentidos é muito ruim. Isso me fazia pensar (como pensar né, meu raciocínio estava muito bixado na hora para tentar discernir alguma coisa) o quão apegados somos a coisas como: status, família, amigos, trabalho, namorado, diplomas...   

O interessante da experiência foi que quanto mais eu tentava manter os olhos abertos, mais algo me puxava para "olhar para dentro de mim". E foi em um desses momentos que desabei a chorar. Tudo tornava-se escuro e as mirações coloridas deram lugares as imagens do meu ex (passamos por um término que me abalou bastante). E quanto mais lembrava dele, mais eu chorava desoladamente, perguntando porque exatamente ele havia terminado comigo. E nas copiosas lágrimas, eu pedia desculpas e muitas desculpas por não ter feito o suficiente para ele. Eu sei que você irá ler esse post, mas não se assuste. Eu chorava feito uma criança, toda vez que me lembrava de você. Lembro-me que os batuques haviam encerrado e haveria uma segunda dose da bebida. Pensei comigo: "Melhor não. Quero me manter um pouco mais sóbria dessa vez."

Minha amiga, levantou-se da cadeira e perguntou se eu queria conversar com o preto velho. Respondi um sim, muito confuso por sinal. Fomos até o local onde estava sendo ministrado o trabalho dele, quando as frequentantes da casa, olharam para mim e perguntaram: está tudo bem?.. Eu respondia: não sei, minha cara de choro está tão visível assim? Uma das moças me aconselhou a voltar para cadeira onde eu estava, permanecendo sentada, esperando o efeito do Daime acabar, o que achei muito sensato, já que não estava em uma boa condição para assimilar alguma coisa. Precisava vivenciar aquele processo, pelo menos foi o que eu entendi.

Retornei a sentar na cadeira. Enquanto isso, as pessoas faziam fila para tomar a segunda dose da bebida. Quando todas as pessoas já estavam sentadas, o batuque começou e a música agitava o ambiente. Sob efeito da primeira dose, tornei a ver novamente as mirações, muito coloridas, cheia de estrelinhas. Sentia dessa vez, que todos os meus sentidos estavam sendo expandidos. Ouvia sons que não sabia ao certo se era ou não sons da música. Uma forte energia percorria meu corpo todo e novamente sentia, aquelas pressões nos meus chacras cardíaco e frontal. Abria os olhos e tentava acompanhar o ritual e bem na minha frente, muitas incorporações acontecia. Lembro-me mais especificamente das giras para Erê e Oxum. Lembro-me também que olhava para nossa acompanhante (que foi junto com nós) e dizia para ela: você está em uma luta muito grande. Vai saber o porquê de eu ter dito aquilo. 

Mas... na segunda parte do ritual, estava mais certa do que exatamente queria com o Daime. "Quero pensar nele", dizia comigo mesma, "quero chorar tudo o que tenho para chorar". E novamente, as imagens dele vinham na minha cabeça, e eu retornava a chorar bastante acompanhado por pedidos de desculpa. Chorava copiosamente e sentia que tudo aquilo ia aliviando aos poucos a dor que estava sentido com esse término. E a cada lágrima, não sentia desamparo, mas sim, que estavam sendo acolhida. Que em algum lugar do Universo, existia Alguém que desejava somente o Bem para todos seus filhos. Não pense que você está só. A Espiritualidade Maior está sempre nos acompanhando, nos intuindo e nos auxiliando na nossa jornada terrena, pois como disse o Pai João: não é fácil, nada é fácil. E naquele momento de pranto, me senti amparada, acolhida, amada.

Na gira de Erê, era impossível você não sorrir ou sentir mais alegre. Uma das pessoas incorporadas, chegou até mim, oferecendo uma bala, dizendo: isto é para você não ficar mais triste. Agradeci. Via naquele centro, muita animação. E enquanto eu chorava, pensava: "poxa, a festa aqui está tão bonita e eu estou chorando." Mas eu precisava passar por aquilo. Já no final do ritual, o efeito do daime começava a sumir vagarosamente. E sentia que não era preciso mais chorar pelo que não deu certo. No encerramento aconteceu uma dinâmica em dupla, muito boa por sinal.          

Saí de lá, um pouco tonta... com a pressão baixa, me deram até sal. Mas senti que algo havia mudado em mim. Não sei exatamente o que é. Pensava em você e senti que um peso havia saído de meu coração. Eu o amo com todas as minhas forças, mas tenho a plena consciência que você é livre para escolher seus próprios caminhos. Eu tentava manter você preso dentro de mim, através das lembranças, mas descobri no final disso tudo, que o Amor tudo liberta e que você é digno de ser amado, não só por mim, mas por várias e várias pessoas. Nós dois e todos os outros seres do universo, são dignos de serem amados e felizes! Deus, só quer o bem de todos seus filhos! Eu amo você e desejo de todo o meu coração que você possa ser verdadeiramente feliz. E estarei aqui, sempre para te apoiar, ajudar e para qualquer outra coisa que precisar.

           

"E Ele disse: Que haja LUZ."


Ps: o título do post foi inspirado em um blog que meu amigo Yama escreveu relatando alguma de suas experiências transformadoras com a Espiritualidade. Como tive, de certa forma, uma experiência que transformou-me também, resolvi prestar essa "pequena" homenagem. hahaha O texto possui alguns erros de concordância. Ainda estou me sentindo "fora de mim"... 

Comentários

  1. fiquei muito feliz (e impressionado haha) com essa tremenda experiência, Mi :)) Me senti muito bem, só de ler. Depois também tenho que te contar sobre a palestra do Lama!

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  2. Marco, foi uma experiência transcendente. Nunca vivenciei algo parecido com aquilo. Te conto com mais detalhes pessoalmente. E vou adorar ouvir o que você absorveu com a palestra do Lama! Boa viagem e que traga na bagagem, muitas coisas boas para se compartilhar! Um grande abraço, meu amigo!!!

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