Mãe que não ama seu filho [Mãe Narcisista] - parte 1

 


Estou de volta. Escrever não é tão fácil como antigamente. Para o texto ganhar forma, as palavras estão saindo de modo dolorido. Tanto tempo paradas em mim. Presas. Mas elas estavam me arranhando por dentro e eu precisava soltá-las. 

Escrever nunca deixou de ser um exercício terapêutico e esse é o meu diário online, totalmente aberto para qualquer um que queira entender minha personalidade caótica. Esse é o meu espaço e não vou deixá-lo, pois ao longo de muitos anos ele foi um local de insights poderosos e formas de resignificar meu viver.  

O que vier a seguir é uma observação parcial e subjetiva de como aquele momento foi captado por minhas impressões. 

No meio daquela gritaria sem propósito e do escândalo ao descobrir a opção sexual de seu filho, eu vi por um instante como aquele ser que queríamos acolhimento e diálogo, continuava quebrada por dentro. Qualquer adjetivo que ela tenha usado para nos ferir, me fez chegar a conclusão que existem mães que não amam seus filhos mais do que a si mesma. Tem um termo bem disseminado na internet e se chama "Mãe Narcisista". 

Eu não sou psicóloga para diagnosticar laudos, mas enquanto indivíduo pensante, todas as conjecturas sintomáticas que uma mãe narcisista apresenta, eu vivenciei a vida toda.  Tudo bem. Antes de chegar a essa conclusão que tenho uma mãe narcisista, eu pesquisei bastante. Me muni de muita informação e esse conhecimento o observei em prática. Consegui mostrar para meus outros irmãos essa dinâmica psicológica da nossa mãe, como suas atitudes a vida toda, nos sabotaram de muitas formas. Não que eu queira jogar nas costas dela as minhas escolhas erradas. E o conflito mora aí. Uma mãe narcisista te faz se sentir culpada e incapaz. Você não é motivada a crescer (caso não seja o filho de ouro) e é sempre cobrada por coisas ruins que ocorreram a ela. 

Haverá os defensores da palavra "mãe". A palavra Mãe gera uma comoção, quase uma santidade em terra. E eu sei que há boas mães e que amam verdadeiramente seus filhos. Eu não tive essa sorte. Eu vivi o outro lado da moeda com meus pais. Um pai ausente e narcisista, que não se importava com a família, preocupando-se apenas com sua liberdade e foi morar do outro lado do mundo. E uma mãe presente e narcisista, que não se importava com seu esforço para agradá-la e que você é um "fracasso". É. Ela usou essas palavras para me descrever: V-O-CÊ É U-M F-R-A-C-A-S-S-O porque não tinha terminado nenhuma das 3 faculdades que já iniciei na vida. Eu achava que estava calejada, afinal, vou fazer 32 neste mês (março) e que mais uma discussão, discussão drástica viu, com direito a vaso quebrado; não me faria voltar aquela leva de sentimentos horríveis que já vivenciei: impotência, tristeza, vazio, falta de sentido e direção. 

Somos 4 filhos. Crescemos em busca desse ideal de mãe: uma mãe compreensiva, acolhedora e que nos apoiaria em nossas decisões. E ainda bem que o "filho dourado" tem consciência do quão tóxica ela foi com nós esses anos todos. Eu li tantos casos na internet de irmãos coniventes com a situação que dou Graças a Deus por eu ter irmãos unidos nessa situação, olhando para mesma direção e compartilhando nossas percepções a cerca de nossa mãe. Mas como eu disse inicialmente, existem mães que não amam seus filhos. Está tudo bem ser assim. E não adianta me falar: "Michele, ela te ama da forma dela. Afinal, toda mãe ama seu filho". Não. Tem mães e pais que não amam seus filhos. Hoje eu sei o que é amor e o que ela faz, não é amor em hipótese alguma. Devo gratidão à ela por ter me alimentado e por ter cuidado de mim quando eu era criança/adolescência; mas eu não consigo sentir o afeto dela por mim. E está tudo bem. Eu amo ela. Quero que ela fique bem. Mas existe a distância segura. E é importante manter essa distância para não me permitir ser agredida por suas palavras e fisicamente.

Agora o trabalho é aprender a não buscar mais esse ideal de mãe nela e se desvencilhar de qualquer expectativa materna. E viver a vida e o melhor que ela tem a oferecer. Eu sei que a vida é maravilhosa. Nem tudo é escuridão. Eu não tive a sorte de ter uma mãe e um pai amoroso, mas eu tenho irmãos e amigos que me apoiam e me amam, eu tenho um marido extremamente compreensivo e amoroso. E é nessa rede de apoio que eu vou me reerguer e continuar minha caminhada!

Você se identificou com o texto? Deixa nos comentários! Vamos compartilhar experiências!!! 

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