Karma - parte 3


O princípio do karma opera em toda parte ao nosso redor. Repare. Mesmo quem não acredita no karma e muito menos em reencarnação tem a percepção que certos acontecimentos parecem ser consequência de suas ações anteriores. Existem diversos tipos de karmas que podem ser ativados por situações específicas da vida presente. A lista que segue adiante não é definitiva e as vezes, karmas diferentes se sobrepõem, dificultando a avaliação de qual tipo de karma se está lidando no momento.

Karma conjunto: tem suas raízes no passado e continua nos relacionamentos da vida presente. Isto é, uma antiga interação continua operando. Seu objetivo pode ser o de provocar uma mudança de hábitos, levar adiante um trabalho que já começou ou proporcionar uma experiência de aprendizado constante. Por exemplo: você enganou uma outra pessoa numa encarnação passada e esta segunda deixou-se ser enganada, as duas podem se encontrar de novo numa situação que se apresente a possibilidade da trapaça, mas também de uma solução honrosa. 

Karma retributivo: é um efeito bumerangue, pelo qual algo que saiu de nós volta para nós. Nós colhemos o que semeamos. Este é o nível do karma tipo "dente por dente, olho por olho". É o nível mais simples: uma pessoa cegou alguém em outra vida, pode ter problemas nos olhos nesta vida. Uma pessoa decepou a mão de alguém pode ter problemas de artrite ou  uma incapacitação total da mão. A pessoa ignorou um sofredor e pode vir ela mesma a sofrer. A pessoa virou as costas para seu amigo em perigo e pode ser abandonada em sua hora de maior necessidade. Esse é um tipo de karma de "última instância". A alma prefere aprender, e o Eu superior prefere ensinar as suas lições de maneira muito mais sutil. Um antigo alcoólatra, pode se ver nessa vida tratando de alcoólatras ou sentido de perto a tragédia familiar provocada pelo alcoolismo num membro da família. O que deseja pro outro pode se voltar contra você. 

Karma orgânico: acontece quando o corpo foi maltratado ou teve os seus desejos excessivamente satisfeitos em uma vida anterior. Antigas feridas ou mesmo um estado emocional profundamente arraigado podem ser sinal desse karma. Os ferimentos e as emoções ficam gravados na matriz kármica, a partir da qual é feito o nosso corpo. As vezes manifestam-se imediatamente como deformações físicas; às vezes ficam ocultos, simples pontos de fraqueza kármica, até serem postos em ação por algum acontecimento de vida presente (gatilhos). Os problemas decorrentes do karma orgânico costumam ser chamados de doenças, mas o melhor é chamá-lo de simples "enfermidades", "fraquezas" ou "mal-estares". É como algo que não se encaixa muito bem, que não está acompanhando o ritmo, que está incompleto ou danificado na matriz kármica que determinou a formação do corpo atual.

Karma de atitude: pode se manifestar fisicamente. Decorre de atitudes ativas e emocionais profundamente enraizadas. A pessoa que em outra vida foi extremamente suscetível, irando-se com facilidade, pode ter escoliose nesta vida ou desenvolver uma "corcunda". Do mesmo modo, a dureza de coração pode manifestar-se sob a forma de problemas cardíacos; o mau humor permanente pode provocar problemas no fígado; um sofrimento prolongado pode causar problema crônico nos pulmões. As possibilidades são infinitas.

Karma de relacionamento: ele opera em todos os nossos relacionamentos, por mais superficiais que sejam, e começa nas interações familiares da infância. Uma vez que as coisas que pusemos em movimento no passado chegam até esta vida, o karma de relacionamento pode ter muitos aspectos e ramificações. Pode-se perpetuar um antigo hábito - como a infidelidade, a traição ou o amor profundo. Pode também sofrer uma situação diametralmente oposta, como meio de equilibrar as coisas. Certas pessoas que traíram o marido ou a mulher numa vida passada constatam que, nesta vida, são elas que são traídas e abandonadas. Às vezes, se vêem obrigadas pelas circunstâncias a reparar de alguma forma o ato de traição.

As questões de poder são muito comuns no karma de relacionamento. A pessoa é atraída a um relacionamento simbiótico e codependente, no qual é o seu parceiro que detém todo o poder. Pode haver aí um sinal para que a pessoa recupere o poder sobre a própria vida. Há também quem esteja ligado a um antigo voto com uma pessoa. É possível que o voto tenha se cumprido, mas também é possível que tenha de ser revogado. É possível que toda a atitude da pessoa em relação ao amor tenha que ser reformulada.

Karma de trabalho: se no passado, a pessoa demonstrou falta de integridade e de lealdade, se mentiu ou trapaceou, se acreditava no oportunismo como meio de alcançar os próprios objetivos, se levou a desonestidade a seu máximo de refinamento, ou se tirou partido de seus empregados de qualquer maneira que seja, estará sujeita agora a um tipo de "karma de negócios". O karma do trabalho positivo acarreta uma sucessão de vidas que favorecem o desenvolvimento de uma habilidade ou capacidade. Pode-se dizer que as crianças prodígios desenvolveram um alto grau de habilidade de no decorrer de várias vidas e talvez, tenham planejado nesta encarnação demonstrar seus talentos frutos de seus esforços.

Karma ideológico: quando a força de uma crença determina o curso de ação no qual a pessoa impõe essa mesma crença aos outros. A imposição pode ser simplesmente psicológica, mas muitas vezes incorpora uma forma de violência e pode até causar uma guerra. Esse curso de ação baseia-se na ideia de que os que vêem as coisas de maneira diferente são inferiores ou, no mínimo, ignorantes. Tal karma pode ocorrer no nível pessoal ou mesmo grupal. As religiões, em especial, tendem a praticar a conversão forçada ou a castigar os incrédulos ou "hereges", mas a verdade é que todas as ideologias usam a força para persuadir as pessoas a adotarem aquele ponto de vista. O comunismo, por exemplo, extinguiu a religião. A força desse sentimento ideológico é extremamente grande.

Karma da zombaria: surge quando ridicularizamos o sofrimento de alguém, rimos de suas aflições ou gostamos de vê-lo sofrer as agonias de um humor cruel. Ridicularizar ou desprezar uma pessoa determinam um forte vínculo kármico com essa pessoa. Aquele que ri da aflição de outrem está determinando para si uma série de circunstâncias das quais não conhece a necessidade interior, está desprezando o direito que todo indivíduo tem de evoluir passando até pelas formas inferiores da loucura, está depreciando a dignidade, o valor e o caráter divino que estão presentes em cada alma, por mais baixo ou ridículo que seja o estado ao qual tenha se decaído. O gozador, além de tudo, considera a própria individualidade superior a da pessoa ridicularizada.

O Moedor de carne kármico: funciona quando a pessoa fica presa a hábitos, situações ou relacionamentos destrutivos. O alcoolismo, por exemplo, pode ser um fenômeno recorrente. O desejo é tão forte que arrasta incessantemente a alma de volta à encarnação. Para pôr fim a esse círculo vicioso, a força de vontade nem sempre é suficiente. A alma precisa entregar-se totalmente a um poder superior. O moedor de carne kármico fica evidente nos relacionamentos. Muitas vezes, um ou outro dos parceiros simplesmente recusa a se afastar. O desejo é tão forte que atrai os parceiros para uma mesmíssima interação, repetindo erros, fracassos e situações trágicas.

Karma de recompensa/mérito: se você ajudou muitas pessoas no passado, foi um bom samaritano no que diz respeito ao karma, é possível que tenha direito a algum karma de recompensa. Os atos de caridade são como dinheiro no banco kármico. Esse dinheiro pode ser sacado nos momentos de necessidade. Ter um bom relacionamento com as pessoas a sua volta, encarnar numa família harmoniosa, ter colegas e chefes que te apoiam; são exemplos de karmas de mérito. A alma fez por onde para merecer onde está agora. Compreendeu no processo de evolução a não atropelar as pessoas por causa de seus desejos. O karma de mérito simboliza os frutos positivos de todas as ações passadas.

A alma que chega a terra pode estar "carregada de carma". As condições nas quais ela se encarna, as pessoas que a rodeiam e os hábitos que trazem consigo, todas essas coisas moldam-lhe a vida na terra. O que vai determinar a direção final da vida, porém, é o livre-arbítrio, é a capacidade que o indivíduo tem para escolher, para tomar uma decisão sem se deixar influenciar pelas compulsões, pela relatividade e pelo medo.

"A alma não tem começo nem fim. Toda alma vem a este mundo fortalecida pelas vitórias ou enfraquecida pelas derrotas da sua vida anterior. Seu lugar no mundo, enquanto vaso reservado para honra ou a desonra, é determinado pelos seus méritos ou deméritos anteriores. Suas obras nesse mundo determinam o seu lugar no mundo que há de vir depois deste". (De Principiis) 

Quer saber mais sobre os desdobramentos do carma e toda sua dinâmica? Leia o livro: Quem foi você de Judy Hall

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