O Rio do Amor

Eu insisto...

Narciso teve um Criador

Ao menos um Autor

Ao menos um tema nas mentes

De duas pessoas num bar na Grécia há alguns mil anos atrás

Ao menos é imagem e semelhança de algo ou de alguém...

E se

E apenas se

Narciso é todos nós afogados

No lago dos que não sabem amar?

E se Narciso enfim...

Tivesse de lá afogado seu Narcisismo

E de lá saiu inteiramente vivo

Rebatizando-se e indo para uma outra vida

Determinado a encontrar uma outra face

De uma Amada

Para admirar e zelar?

E se Narciso somos todos nós crianças

Brincando com a solidão?

Sonhando com o dia em que alguém sentará ao nosso lado para contemplar o Rio?

O reflexo vai muito além de rios

Existem reflexos mais perigosos

Existem amores mais profundos que o mar

Existem ensimesmamentos mais profundos do que apenas contemplar a própria face

Existem Narcisos mais perigosos que Narciso que se contenta com a própria contemplação

Esses vêem os outros olhos como os próprios

E dá ordens e juízos finais para que tornem seus olhares a si

Sim

Existe um si antes da criação de Narciso

Existe uma necessidade de olhar e ser olhado

Que precede a elaborada idéia de amar e ser amado

Quando você olhou para Narciso pela primeira vez

Foi a primeira vez que você se olhou no espelho...

?

Calma...

No meio

do reflexo sobre a água...

Existe um azul indiferente suficiente

Existe uma transparência mais receptiva que os juízos humanos

Existe um mais vida

O que eu quero dizer

É que basta um olhar para o lado

Para não morrer afogado

Não adiantará culpar um Narciso

Em dia de Dilúvio vindo num momento em que todos estiverem distraídos

Se morressemos assim?

Seríamos menos Narcisos?

Talvez então é essa questão

Afogar junto é melhor que afogar sozinho?

Eu deixo essa pergunta para os que amam o afogamento...

Mas para os que amam o Amor...

Eu proponho que Narcisos vivam

E que o Tédio venha no lugar da Morte

E que então se transformem em brincantes

Sabendo que podem alterar a reflexão de si se tocarem a água

E que assim em sendo brincantes

Chamem outras pessoas

E se transformem em amizades

E nessas amizades

Que aprendam a ser amantes

E em sendo amantes

Outras formas de reflexão surgirão

Do em si ao entre si

Do olhar ao entreolhar

Do toque ao salvamento

Do quase se afogar ao banho amoroso

Do juízo final a reconstrução do Paraíso

Do olhar para si enfim retribuído e que retribue

Vida e amor

Luzes e trevas entrelaçadas

Tal amantes de olhos que se fecham para um olhar mais profundo

E o que vêem agora entre Silêncios, Cores e Amores

É a Perfeição!

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