A culpa é de quem? [2]

Ninguém quer assumir a culpa. Ninguém. É mais fácil culpar o outro do que a si mesmo. É mais fácil apontar os erros alheios e fingir que não teve participação alguma no resultado do processo. É fácil demais ignorar os acontecimentos exteriores; ignorar o sofrimento do outro por achá-lo aquém a sua própria vida. Mas agora, neste exato momento que o país vivencia uma crise elaborada minuciosamente nestes 14 anos por um governo corrupto e desonesto; é mais fácil fingir que nós, o povo, não tivemos participação alguma na construção da realidade que enfrentamos hoje. A verdade é que os políticos a quem damos "poder" têm culpa no cartório. Nós também temos. 

Cada cidadão tem sua parcela de responsabilidade social. Se não o fosse assim, não viveríamos em sociedade. Para que ela funcione de modo justo, os indivíduos que forma esta sociedade precisam e devem ter uma postura correta e justa; uma postura que englobe todos os conceitos que constroem a ética/moral do país. Entretanto, contudo, todavia; quem está preocupado em reformar seu íntimo ou desconstruir a própria ignorância para elevar a consciência através do exercício dos valores morais? Quem está preocupado em valorizar a moralidade e não permitir que a imoralidade seja semeada nos meios de convívio social? Poucos, presumo. Se esta realidade que enfrentamos é fruto das ações concretas/objetivas individuais e coletivas e do inconsciente coletivo em suas variáveis projeções, provavelmente, este coletivo está tão doente e terrivelmente devastado pelo o que há de mais perverso no indivíduo: a falta do conhecimento de si mesmo.

Esta culpa têm dono. A culpa é minha, sua, de todos, pois o espelho alheio também reflete o nosso íntimo. Errar é humano e o erro só é perdoado quando há arrependimento seguido de mudança de atitude. Agora, errar duas vezes na mesma problemática é sinônimo de estupidez.

Entre tolos e estúpidos, quem tem conhecimento e aprendeu com o próprio erro caminha sem fazer barulho.