Crônica para a minha morte




Fragmentos da minha existência são dispensados no ar.    

Momentos passam despercebidos e cada segundo que fecho os olhos, sinto que algo é perdido. Mas esse algo não tem nome, não tem face, não pode ser mensurado ou mesmo tocado. Que algo é esse que não consigo explicar? Que algo é esse que me faz mergulhar em sentimentos de alegria e pesar? Que algo é esse que me faz olhar para a vida que tenho ou para os sonhos que desejo realizar? Devo me atrever a pensar sobre esse algo e imaginá-lo como a Morte que caminha ao meu lado, mas que não a vejo. Sei que ela existe, mas evito pensar sobre. Dizem que dá azar.  

Mas ignorar a morte e fingir que ela não está presente: nos anos que passam, em cada vela de aniversário que assopro, nas doenças incuráveis do corpo; seria uma solução viável para me tornar eterno e dar o drinque da imortalidade àqueles que amo? Não devo encará-la como uma inimiga, muito menos um ser contrário a mim. Ela faz parte da natureza que só se torna completa quando as dualidades que se confrontam, estão unidas em um abraço: a vida e a morte, são uma coisa só.  

É ela que me faz refletir sobre a vida, suplicando para que esta, não seja pequena, mal-vivida e esquecida...

Seus passos silenciosos guardam segredos e algum dia, serão revelados. 

Quando, enfim,  resolver me encarar, espero que a consciência esteja tranquila na certeza que realizei tudo o que deveria realizar.



   

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