Póstumas de um solitário...






Aqui estou eu, imobilizado nesta cama, derrotado pelas forças de uma natureza que desconheço, mas que me incita a refletir sobre uma vida que tive, a que queria ter e a que não vivi. Estou morrendo, sem forças para mudar tudo aquilo que me desagrada. O que me consola nos minutos fatais, apesar de ser desolador, é saber que estamos todos morrendo e que da morte, ninguém escapa. 
Entretanto, poucos são os que encaram a morte sem arrependimentos. A maioria das pessoas quando se depara com a possibilidade de cessação da própria vida, começa a correr atrás de milagres que prolongue seus segundos de existência, pois não querem morrer no anonimato e nem esperam que seus epitáfios estejam marcados com frases clichês que resumem pobremente o que um dia foi. A vida de uma pessoa, não pode caber inteiramente no jogo de palavras, resumindo-a na escassez de uma simples frase.
Clamamos pela cura de nossas moléstias. Desejamos que às graças sejam divinamente concedida a nós, apenas a nós. Acreditamos que pedir é o suficiente e não fazemos por merecer. Esquecemos que toda realização não se concretiza somente com a vontade, sem o planejamento devido. Não adianta desejar colher rosas se tudo o que plantou foi espinhos. Não adianta querer ter uma casa, se não esteve presente nos processos de construção de suas bases. 
Quantos sonhos já foram destruídos, largados ou simplesmente, esquecidos? Entramos nos becos da vida solitariamente, sentindo o amargo de nossas desilusões, até sermos surpreendidos por um assalto. Roubam-nos o pouco que tínhamos, tira-nos a vida. O sentimento de injustiça brota em nosso íntimo, mas esquecemos que a criatura está a mercê dos males semeados pelos seus próprios passos e que toda moléstia vivenciada, é resultado de suas más escolhas, pensamentos degradantes e oportunidades ignoradas. 
Sob estes paradigmas, vive o ser, incrédulo de seu presente, restando-lhe apenas a incerteza da esperança de que, um dia, no futuro, tudo será melhor. Minha opinião, não obstante, é de pouca valia e nada posso fazer, para transformar hoje minha vida...
São escritos de um solitário, póstumas que talvez não sobrevivam quando, enfim, me for.
Mas, a infame esperança, traiçoeira e errante, ainda consola meu ser, dizendo-me intimamente, que a vida continua e a morte só faz parte do roteiro...

A morte não existe...

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