“- Você é um iludido”! Já te disse isso. Somos todos
escravos, mano. O vício nos escraviza.
- Se o vício nos torna escravos, deveríamos ser escravos do
vício e não de Sodom, não acha?
- Sim, sim, mas o vício tem seus “comandos”. Gente que se
aproveita para manietar e sugar aqueles que se lhes assemelham. De onde você
acha que vem a Lenda dos Vampiros? De onde você acha que provêm a violência e a
baderna que está solta no meio do mundo, senão desses “comandos”?
- Conto de carochinha. Tolices!
- É? Pois, venha aqui que eu vou lhe mostrar uma coisa.
Segurando-me pelo braço, Rodes conduziu-me ao teatro onde se desenrolava o show
terrífico. Multidões se aglomeravam, uns por cima dos outros em intensa algaravia.
Gente de toda espécie, se é que poderia
chamar aquela chusma de gente!”. Zumbis, desses que vemos em filmes seria o
qualificativo mais adequado. Hipnotizados. Logo, trouxeram mais pessoas em pior
estado. Seres de olhar esgazeado, veias à mostra, rostos deformados, corpos
esqueléticos; semelhavam-se às imagens do holocausto judeu.”
- Quem são, Rodes – Inquiri.
- São encarnados. Gente que é trazida da crosta. – Trecho retirado
do Livro Há Sempre Uma Luz. ””
Vi-me em um lugar parecido. As vozes vinham de todos os
lados. A música me era conhecida. Estavam todos ao berro: “Estou na estrada
para o Inferno”. Em cada mesa você percebia por qual vício determinada pessoa
era dominado. A fumaça tóxica se espalhava pelos cantos do ambiente, pouco visível,
mas totalmente sombrio. A cada tragada e um gole de bebida, uma leva de espíritos os acompanhava. Eu não os via, mas podia sentir. Estavam
ao redor deles justamente para sentir o sabor desses vícios que seus corpos
carnais já haviam usufruído, mas que a nova realidade não lhes permitia tais
atos. Em meus pensamentos me perguntava: por que, meu Deus? Todas essas pessoas
são tão bonitas por fora, mas por dentro, tão escravos daquilo que não os faz
bem. Essa fumaça cinza enfatiza nossa vaidade e nosso orgulho? O status? Quem
somos e quem queremos ser com um copo de bebida e um cigarro na mão?... Somos
isso? Escravos de nosso vício? Escravos de tudo aquilo que não nos faz bem? E
isso não é uma crítica à lesão no corpo físico que causamos e sim, numa leva de
sentimentos menores, que insistimos em manter dentro de nós. Todo esse pus
precisa ser expurgado. Todas essas feridas precisam ser curadas. Na vida tudo
tem um limite e é necessário dar um “basta”. Como dizia Paulo: todas as coisas
me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas,
mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. Liberdade, ah sim! Liberdade não é
fazer o que bem mandar e doa a quem doer. A juventude confunde muito liberdade
com rebeldia. A liberdade está no âmago, no desejo, no sentimento e no coração
que se torna puro pela CARIDADE PRÁTICA e COMPREENSÃO das LEIS ETERNAS.
"Se te desordenas sentimentalmente e pensas que és um derrotado, certamente, hás de sê-lo. Se velas pela felicidade interior e retidão de sentimentos, hás de libertar-te das algemas que te prendem à dor."
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