A Morte


Morrer ou Viver, o que liga essas duas palavras de significados tão adversos? E o que elas têm de semelhante? Já ouvi uma frase com seus respingos de realidade que dizia: já nascemos morrendo...
 
Milhares de células do nosso corpo morrem a cada dia para dar lugar a novas. Vemos diariamente a morte estampada nas capas de jornais e revistas. Noticiários nos transmite o caos de guerras que acometem o mundo todo. Segundo as estatísticas, uma criança a cada 17 segundos morre na África por falta dos recursos mais básicos para sobrevivência do ser humano. Acidentes tiram diariamente a vida de milhares de jovens nas rodovias do Brasil. O Uso desenfreado de Álcool e das drogas continua afligindo milhares de lares brasileiros. A cada 6 segundos uma pessoa morre de AVC (acidente vascular cerebral), segundo a OMS. Doenças incuráveis atingem ainda as famílias brasileiras de forma silenciosa. Além dos homicídios e assassinatos das mais diversas causas o possível. Acabamos sendo “vítimas” de forma direta e indireta da violência que atinge as ruas do nosso país. Recentemente o Brasil acompanhou o caso de uma senhorita que matou e esquartejou seu marido da forma mais cruel e desumana. Quem se lembra do caso da garotinha Isabella? Ou até mesmo do garotinho de apenas seis anos, João Hélio, cuja morte levou as ruas do Rio de Janeiro milhares de pessoas em protesto contra a Violência?! 

Estava revendo um dorama (novela japonesa) essa semana passada, baseado na história real de uma garota que sofria de uma doença incurável chamada Degeneração espinocerebelar. A história envolve o drama de uma garota de apenas 15 anos, que ver sua vida, sonhos e projetos acabarem com a fria e dura realidade desta doença. No decorrer da novela vemos a forma como essa doença degenerativa progredia sobre a garota. Ela perdia cada movimento de seu corpo. As dificuldades de falar e andar só aumentavam e o “destino” cruel dela era certo: um dia ela ia parar de se mover, dependeria somente de máquinas para viver até o dia incerto do cerrar de seus olhos. A novela chama-se Um Litro de Lágrimas, que apesar do sentido literal você chora e se emociona com as dificuldades e a bravura que a protagonista tem para lutar contra essa doença até o dia da  aceitação da sua doença. Mas ela não dar se por vencida e põe a escrever todo seu sofrimento no diário, o que se transformou logo após sua morte em um livro e que foi vendido em mais de um milhão de cópias em todo o Japão. E é justamente uma das provas que a protagonista enfrentou e que todos nós iremos enfrentar um dia: a Morte. 

Deveríamos encarar a morte como um fato natural da condição humana. Nascemos, crescemos, vivemos, damos continuidade a nossa espécie e morremos. Esse é um processo natural do Ser humano. Todavia, quando a morte em si é provocada, de forma direta (assassinatos, acidentes, overdose) ou indireta (doenças ou até mesmo suicídio consciente e inconsciente), é normal que a “revolta” e “não aceitação” se instale momentaneamente. A dor de quem parte é exatamente proporcional à dor de quem fica.

Ironicamente nascemos entre dor e lágrimas. O primeiro choro marca o início de uma jornada que só Deus sabe onde será seu “fim”. Fim que traz também lágrimas e dores daqueles que ficam.  

O que não devemos perder ou deixar desaparecer é a Esperança. Se nascimento é encarado como um começo, por que então, não encarar a morte como uma transformação? “Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.” Claro, não estou defendendo ou justificando a favor dos que cometeram infrações contra as vidas das pessoas. Mas devemos ter em mente que a Justiça dos Homens e da Vida cobrará deles no momento certo, e só Deus sabe o que se esconde através dos véus do pretérito de cada ser humano. Todavia, depende da crença e dos valores de cada um. Como sou espiritualista, acredito fielmente na existência da vida pós-vida e que somos seres espirituais vivenciando a experiência na matéria. Mas ainda me intrigo e me questiono diante a tais casos: Vivemos para morrer ou morremos para viver? Eis o que meus olhos materiais ainda não me permitem ver além... Mas isso é apenas por um momento. Logo ergo minhas mãos para os céus e agradeço em pensamento: "mais um dia, obrigada Deus por ter me concedido a Vida, mas um dia para aprender e viver."

“E fim é belo e incerto... Depende de como você vê. O novo, o Credo, a Fé que você deposita em você e só. Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você, só enquanto eu respirar.”

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