Senhor, eu não sei rezar




Senhor, perdoe, eu não tenho rezado todas as noites. 

Confesso também que não tenho dado o meu melhor até agora, não tenho oferecido as pessoas o que elas merecem. Tenho fracassado nas minhas relações constantemente, tenho fracassado em ser um ser humano melhor todos os dias. Mas, o Senhor sabe, meu emocional é avacalhado demais. Tudo, absolutamente tudo, levo o que me falam para o lado pessoal e sempre estou me machucando com as palavras alheias. Sei que às vezes são críticas bem intencionadas, sei, mas tem momentos que não sei distinguir palavras que machucam de críticas progressistas. Se as palavras as quais me são dirigidas constroem sentimentos de humilhação e inferioridade, são palavras ruins, não são?

Eu sei. Deveria estar praticando a paciência, a complacência e todo aglomerado de gentilezas para que toda convivência humana pudesse ser pacífica e harmônica. É difícil pedir a um mero ser humano mortal, refém de suas paixões inferiores, agir como Buda, ser benevolente como Jesus, amar como Krishna. Por isso, Senhor, não tenho rezado todas as noites, pois nem nas próximas 10 reencarnações poderia chegar ao patamar deles. E olha, na minha terra, inventaram um ditado popular que "quanto mais oração faço, mais assombração aparece".  Pudera. Se a cruz que me deu já é pesada, dispenso a companhia indesejada de fantasminhas camaradas.

Na tentativa "loser" de rezar, o Senhor viu que as palavras saem desconexas em agradecimentos excessivos e pedidos (mais pedidos ou pedidos da mesmas coisas pedidas nas noites anteriores). Senhor, eu não sei rezar tão bem e sei que o Senhor não me condena, não me julga, não me pedes mais do que posso oferecer. Mas, se a oração não consiste em fazê-la todas as noites e, sim, desde o abrir dos olhos, com o primeiro Bom Dia, esta oração renovaria o ser na sua constante luta em ser alguém melhor a cada dia.  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Estrela + 9 de Espadas

Gita e os 22 arcanos do Tarô

Tarô - Uma expansão da Mente, Coração e Alma! [parte 2]