Para Sempre Alice [Reflexão]




Para Sempre Alice é um drama que trata da doença neuro-degenerativa chamada Alzheimer. Ele introduz o telespectador na dura realidade que os portadores enfrentam, mostrando desde o desenvolvimento da doença à aceitação familiar. 

O filme conta a história de um mulher que é bem reconhecida na profissão. Tem um casamento aparentemente feliz e uma excelente família. Tudo muda, quando ela descobre ser portador do mal de Alzheimer pelas falhas de memória que ocorriam em situações corriqueiras do dia-a-dia.

A protagonista se sente confrontada com a nova realidade, pois o  maior orgulho que ela tinha sob si mesma era a sua capacidade lógica e que infelizmente, é perdida com avanço da doença. 

Já havia assistido alguns filmes que retratavam sobre o tema, mas nenhum tinha despertado a atenção a respeito de como a identidade do ser humano é construída pelas memórias que criamos em torno de nós e das lembranças que os outros nutrem sobre a gente. 

Nossa identidade é constituída pela memória individual e coletiva. Todas as situações de perdas, ganhos, vitórias, derrotas, fracassos, sofrimentos, felicidade, aprendizado, lutas, conquistas, são necessárias para o amadurecer da personalidade de um indivíduo. Quando carregadas pelo valor sentimental, cultural, étnico, histórico, as experiências tornam-se parte daquilo que chamamos de consciência ou seja, uma percepção de si mesmo adquirida pela observação dos próprios atos e pensamentos em comunhão com os acontecimentos externos. 

A memória está presente na criação dos laços sociais e familiares. Lembranças advinda de momentos bons ou ruins, criam uma segunda identidade das pessoas que conhecemos. É a identidade social. Uma pessoa pode ser chata ou legal aos nossos olhos conforme a situação compartilhada entre ela e nós.  

Importante mencionar que a memória não é algo estático. Mas está em constante transformação, reciclando-se sempre. Ela permite guardar aquilo que é importante, se livrar do que não serve e adquirir novos conhecimentos. Um ótimo filme que retrata o funcionamento da memória chama-se Divertidamente, que usa a linguagem infantil para tratar de um tema tão discutível que é o funcionamento da mente.  

Um dos pontos altos do Para Sempre Alice é quando a protagonista desiste de lutar contra a doença e aceita que daqui alguns anos, ela não se lembrará quem era, pois a memória sobre si mesma seria totalmente perdida. É nesse ponto que percebemos como a identidade pessoal inexistem sem as nossas lembranças... Triste.

Infelizmente, o Mal de Alzheimer não tem cura. A realidade não é nada fácil para quem convive com a doença e a dor de esquecer de si mesmo. Resta a família preservar a memória do portador com bastante paciência e cuidado.


Frases Marcantes do filme/livro


“Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Num amanhã próximo. Esquecerei que estive aqui diante de vocês e que fiz este discurso. Mas o simples fato de eu vir a esquecê-lo num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o Hoje. Mas isso não significa que o Hoje não tem Importância.”


“E por favor, não pense que eu estou sofrendo. Eu não estou sofrendo, eu estou lutando. Lutando para fazer parte das coisas, para ficar ligada a quem eu já fui. Então “vive o momento” é isso que eu digo para mim mesma. É realmente tudo o que eu posso fazer, viver o momento.”

“Porque nada se perde para sempre. Nesse mundo há um avanço doloroso, sentindo falta daquilo que deixamos, e sonhando com o futuro. Ao menos eu penso assim.”

"Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade.”

"Toda a minha vida eu acumulei memórias - elas se tornaram, de certo modo, os meus bens mais preciosos."


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