29 de janeiro de 2016

Excesso, o Chumbo e o Ouro [Reflexão]




Todo excesso é prejudicial. Exceder, significa extrapolar os limites, ir além da conta. Mas todo exagero têm seu preço e ninguém sai da mesa sem pagar o que é devido. Quem nunca quebrou uma regra pré-estabelecida por si, porque a recompensa imediata era mais empolgante que a conquista árdua que se têm ao batalhar por algo? Necessidades imediatas ajudam a trocar o que é essencial pelo o supérfluo. Essência, contudo, é como o ouro; raro, valioso e quando lapidado, sua importância triplica, mas a maioria só está preocupada mesmo em ser como "ouros-dos-tolos". A luz que ambos emitem é facilmente confundida, mas os valores continuam distintos. 

O excesso tem um relacionamento especial com o Vício. Para existirem, ambos precisam se apoiar um no outro.  Mimado em sua ação, o viciado é tentado pelas obscuras intenções que o direcionam para o abismo da dependência de sua "droga" e para o entorpecimento da consciência, transformando-se em um ser apático com dificuldades para interagir com o meio ambiente e que este, quase sempre, está aquém da sua necessidade doentia.

Dizem que um excesso, às vezes, não faz mal. O problema não está na "droga", mas em quem usa determinada ferramenta para fugir da realidade. Fugir é negar aquilo que o seu interior necessita para amadurecer. Sentir o peso da sua responsabilidade pessoal  é ter consciência da sua importância e saber que o trabalho para se lapidar é árduo, contínuo e incessante. Só quando lapidamos nossa pedra interior bruta, é que conseguimos transformar o chumbo do ego no ouro da essência.


"Uma lição sem dor não tem significado. Isso porque as pessoas não conseguem obter nada sem sacrificar alguma coisa. Mas quando elas superam as dificuldades e conseguem o que querem, as pessoas conquistam um coração de aço que não tem troca." - Full Metal Alchemist.

    

25 de janeiro de 2016

Para Sempre Alice [Reflexão]




Para Sempre Alice é um drama que trata da doença neuro-degenerativa chamada Alzheimer. Ele introduz o telespectador na dura realidade que os portadores enfrentam, mostrando desde o desenvolvimento da doença à aceitação familiar. 

O filme conta a história de um mulher que é bem reconhecida na profissão. Tem um casamento aparentemente feliz e uma excelente família. Tudo muda, quando ela descobre ser portador do mal de Alzheimer pelas falhas de memória que ocorriam em situações corriqueiras do dia-a-dia.

A protagonista se sente confrontada com a nova realidade, pois o  maior orgulho que ela tinha sob si mesma era a sua capacidade lógica e que infelizmente, é perdida com avanço da doença. 

Já havia assistido alguns filmes que retratavam sobre o tema, mas nenhum tinha despertado a atenção a respeito de como a identidade do ser humano é construída pelas memórias que criamos em torno de nós e das lembranças que os outros nutrem sobre a gente. 

Nossa identidade é constituída pela memória individual e coletiva. Todas as situações de perdas, ganhos, vitórias, derrotas, fracassos, sofrimentos, felicidade, aprendizado, lutas, conquistas, são necessárias para o amadurecer da personalidade de um indivíduo. Quando carregadas pelo valor sentimental, cultural, étnico, histórico, as experiências tornam-se parte daquilo que chamamos de consciência ou seja, uma percepção de si mesmo adquirida pela observação dos próprios atos e pensamentos em comunhão com os acontecimentos externos. 

A memória está presente na criação dos laços sociais e familiares. Lembranças advinda de momentos bons ou ruins, criam uma segunda identidade das pessoas que conhecemos. É a identidade social. Uma pessoa pode ser chata ou legal aos nossos olhos conforme a situação compartilhada entre ela e nós.  

Importante mencionar que a memória não é algo estático. Mas está em constante transformação, reciclando-se sempre. Ela permite guardar aquilo que é importante, se livrar do que não serve e adquirir novos conhecimentos. Um ótimo filme que retrata o funcionamento da memória chama-se Divertidamente, que usa a linguagem infantil para tratar de um tema tão discutível que é o funcionamento da mente.  

Um dos pontos altos do Para Sempre Alice é quando a protagonista desiste de lutar contra a doença e aceita que daqui alguns anos, ela não se lembrará quem era, pois a memória sobre si mesma seria totalmente perdida. É nesse ponto que percebemos como a identidade pessoal inexistem sem as nossas lembranças... Triste.

Infelizmente, o Mal de Alzheimer não tem cura. A realidade não é nada fácil para quem convive com a doença e a dor de esquecer de si mesmo. Resta a família preservar a memória do portador com bastante paciência e cuidado.


Frases Marcantes do filme/livro


“Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Num amanhã próximo. Esquecerei que estive aqui diante de vocês e que fiz este discurso. Mas o simples fato de eu vir a esquecê-lo num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o Hoje. Mas isso não significa que o Hoje não tem Importância.”


“E por favor, não pense que eu estou sofrendo. Eu não estou sofrendo, eu estou lutando. Lutando para fazer parte das coisas, para ficar ligada a quem eu já fui. Então “vive o momento” é isso que eu digo para mim mesma. É realmente tudo o que eu posso fazer, viver o momento.”

“Porque nada se perde para sempre. Nesse mundo há um avanço doloroso, sentindo falta daquilo que deixamos, e sonhando com o futuro. Ao menos eu penso assim.”

"Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade.”

"Toda a minha vida eu acumulei memórias - elas se tornaram, de certo modo, os meus bens mais preciosos."


22 de janeiro de 2016

Dente-de-Leão



Há quem diga que ao assoprar um dente de leão se deve fazer um pedido. Vi um parado naquele imenso campo! Ele era o único. Corri para alcançá-lo, desejosa por querer fazer o meu pedido, mas quando cheguei até ele, perdi subitamente a vontade de arrancá-lo... Parei minhas mãos sobre o dente de leão e pensei: "que diabos estou fazendo? Como posso querer que meu desejo se realize em detrimento da vida d'ele?". 

Não. As coisas não podem ser dessa forma. Para conquistarmos nossos sonhos, não devemos pisar em ninguém. Não temos o direito de decidir a vida do outro. Não temos o direito de interferir na sua escolha, mas podemos escolher o caminho do respeito. Podemos respeitar que a decisão do outro será feita pensando no seu melhor e não naquilo que queremos para ele. É tão difícil não interferir! Nos perdemos quando ouvimos um "não" e criamos conflitos quando nossos conselhos são ignorados! Que prepotência  acreditar que somos tão influentes e importantes na vida de outrem!

Quando penso nas amizades que perdi ao longo desses anos e a dor que passei em alguns processos de separação (afetiva), aprendi que não sou tão importante assim para determinadas pessoas e que a vida delas continuariam com ou sem mim. Isso me ensinou a lidar com a minha prepotência e com esta arrogância que desconsiderava o anonimato até ele me abraçar. A única pessoa importante para mim, deveria ser eu mesma.

O dente de leão estava ali, querendo me mostrar outra coisa. Ele também me dizia que sem espaço, não há crescimento. Cercear as escolhas, querer proteger, manipular, dominar, cuidar, pode não ajudar o outro a sentir o peso da própria responsabilidade que tem com sua vida. Isso cria uma co-dependência totalmente prejudicial!!! Mas sempre haverá alguém para dizer: "faço isso por amor". Entenderei a motivação, pois eu pensava dessa forma! Se tento ajudar, é porque quero o bem daquela pessoa! Bobeira. Se o Amor é incondicional, o incondicionalismo abraçaria as diferenças, os defeitos e tudo aquilo que não queremos ver no outro. Aceitaríamos o outro justamente como ele é, sem querer mudá-lo para se ajustar as nossas conveniências e expectativas.

O dente de leão estava querendo me mostrar que para crescer, precisamos de espaço, pois só assim, somos capazes de expandir o que há dentro de nós. Se a relação não cede espaço e as pessoas desejam se relacionar com o mesmo, sem mudanças, um vai sufocar o outro por não conseguir ser aquilo que se espera! Mas... Quando há espaço para o crescimento, um apoia o outro nas mudanças internas, sabendo-se que a vida é um eterno ciclo de transformações e que tudo são fases necessárias para o nosso próprio aprendizado!

A Vida está em toda parte! Ela luta para nascer, crescer, multiplicar e oferecer o que há nela, e mesmo que o campo não se apresente favorável ao crescimento, ela, continuamente, insiste em florescer! 

Todo lugar é fértil e propício para a existência florescer quando se há esperanças.  



19 de janeiro de 2016

Fim do jogo...




Não quer que seu amigo se meta na sua vida pra te ajudar, não deia intimidade, pô! Melhor, esqueça essa coisa de amizade e espalhe o coleguismo.

Não quer que seu amigo te aconselhe? Simples. Pare de ficar lamentando a sua vida com ele, mesmo sabendo que você não fará nada para mudá-la! Como dizia um velho dito popular: "se conselho fosse bom, não seria de graça". Ou algo assim. Aliás, todo conselho é bem vindo e só vai ter efeito, se estivermos totalmente abertos à ele!

Não quer conviver com as pessoas e seus defeitos? Pega a sua barraca e vai morar no meio da montanha, isolado do resto do mundo! Se fôssemos seres realmente individualistas, não existiria nesse planeta mais de 7 bilhões de indivíduos! Defeitos, todos têm! Ninguém é perfeito, mas todos se esforçam para melhorar, cada um no seu tempo, cada um da sua forma! Existem "N"s caminhos a serem percorridos. Não é porque você encontrou o seu caminho que signifique que ele seja o ÚNICO. Até mesmo um erro, já dizia Pai João, é um aprendizado! No jogo do certo ou errado, todos estão aprendendo e isso é um fato.

O que leva o Amor que julgávamos sentir, tornar-se ódio? Dizem que antítese do Amor é a indiferença, mas sempre discordei. Ser indiferente à algo é simplesmente não lhe dar considerável importância, pelo simples fato que ela não teve o peso necessário para ser especial. 

Agora, o Amor e o Ódio estão em pé de igualdade, em lados opostos. A afeição logo vira repudia. O sorriso não demora a se transformar em lágrimas. O carinho guarda remorsos e nas palavras carinhosas se escondem os espinhos. A mágoa se instala no coração ferido! Tudo o que um dia foi belo, se resseca. O ódio é como uma larva que adoece a planta. Se não cuidar, ele se alastra e destrói tudo aquilo que poderia ser!

Alguns jogos não podem ser jogados até o fim. Você pára na metade. Desiste de tentar após morrer várias vezes. Desligue o videogame e se conforme que nem sempre vai ganhar. Persistir no que nos machuca é burrice. E alguns jogos, precisam ter um fim.

Fim do Jogo. 

18 de janeiro de 2016

Sobre a escrita por Paulo Coelho



Meus caros leitores do Fragmentos de Meu Ser, sinto muito se as postagens estiverem diminuindo consideravelmente nas próximas semanas. Estarei dedicando minhas energias a um projeto pessoal. Trata-se de uma história antiga que desenhei em quadrinhos e que estou trabalhando para que se torne um livro, ou melhor, uma trilogia!!! 

Sobre a escrita, o meu escritor favorito, Paulo Coelho, deu dicas no seu site a respeito da expressão da sua alma através das palavras. Ele listou 8 dicas importantes para escritores iniciantes, postado em seu blog pessoal.

Sobre autoestima: “Você não pode vender o seu próximo livro ao subestimar o livro que acabou de ser publicado. Tenha orgulho do que você possui. ”

Sobre confiança: “Confie em seu leitor, não tente descrever as coisas. Dê uma pista e ele preencherá essa pista com sua própria imaginação. ”

Sobre habilidades: “Você não pode tirar algo do nada. Quando for escrever um livro, use sua própria experiência. ”

Sobre críticas: Alguns escritores querem agradar seus semelhantes, eles querem ser ‘reconhecidos’. Isso mostra nada além de insegurança, por favor esqueça isso. Você deve se preocupar em compartilhar a sua alma e não em agradar outros escritores. ”

Sobre anotações: “Se você quer capturar ideias, você está perdido. Você irá se separar de suas emoções e irá esquecer de viver sua vida. Você será um observador e não um ser humano ao viver a vida deste ou desta. Esqueça as anotações. O que for importante irá permanecer e o que não for importante irá embora. ”

Sobre pesquisas: “Se você entupir o seu livro com um monte de pesquisas você irá ser entediante para você mesmo e seu leitor. Os livros não servem para mostrar o quão inteligente você é. Livros servem para mostrar a sua alma. ”

Sobre a escrita: “Eu escrevo o livro que quer ser escrito. Por trás da primeira frase há um fio que o leva até a última. ”

Sobre estilo: “Não tente inovar a narrativa, conte uma boa história e será mágico. Eu vejo pessoas tentando trabalhar tanto em estilo, encontrando formas diferentes de dizer a mesma coisa. É como a moda. O estilo é o vestido, mas o vestido não dita o que está dentro do vestido. ”


15 de janeiro de 2016

Intolerância...





Ah, intolerância, que não larga meus pensamentos, 
destrói minha compreensão e não me deixa aceitar os outros justamente como eles são. 

Ah, intolerância, que amarga a minha língua, que descolore o meu dia ao inventar máscaras de falsas condolências e mentiras consentidas. 

Ah, intolerância, irmã da ignorância, prima do preconceito e companheira da maledicência...

Ah, intolerância, que me prende ao maldizer e sequer perdoa os atrasos ocasionados pela dificuldade incrível de não querer mudar...

Ah, esta intolerância que espelha nos outros o que não quero ver mim.

Inaceitável intolerância, mas que negarei até o fim....

10 de janeiro de 2016

Quase um poema...




As verdades
São ambiguidades,
de tudo aquilo que
não pode ser compreendido
Mas que é sentido 
por aqueles que buscam
reconectar-se com a alma.

Não existe um único caminho
Certo e Errado são delírios.
Ilusões que nos desviam
de propósitos inalteráveis,
Confrontam-se com um Ser
que descobriu-se Livre
para Amar sem limites

...


6 de janeiro de 2016

Estranho




É estranho estar acompanhado e se sentir sozinho.

É estranho ser abraçado e não se sentir acolhido.

É estranho ver um sorriso e se sentir rejeitado.

É estranho sentir-se triste e não conseguir chorar.

É estranho olhar para o espelho e não se reconhecer.

É estranho sentir saudades do que não aconteceu.

É estranho amar o que não estar presente.

É estranho dormir e não conseguir sonhar.

É estranho viver e não conseguir respirar...

Estranho eu, que não consegue lidar com a própria estranheza de se sentir estranho...




4 de janeiro de 2016

(Re)começo?



Todo começo de ano traz para mim mais dúvidas. Incertezas não deveriam surgir em plena passagem, em que a maioria brinda pelo sucesso de seus planos. É certo, que muitos esperam o ano começar, para re-planejar os 365 dias vindouros com bastantes realizações, tirando da gaveta os projetos para serem postos em prática. Sonhos, percebi, não se realizam se continuarem engavetados. É certo que uma ponte necessita ser construída entre o seu sonho e a realidade. Uma construção com bases bem firmadas na força de vontade, já é meio caminho andado. 

Entretanto, as escolhas são tantas! Como saber se a direção que se toma é mesmo aquela que te levará a realizar um sonho? Escolher algo como definitivo talvez não limite as possibilidades existentes? Uma escolha errada e terá que lidar com as consequências menos agradáveis que surgirão como um limitador temporário ou como um sofrível aprendizado. Escolher não é fácil.

Re-começo, significa zerar a vida ou continuar do ponto que se parou?    

"Dizem que nunca é tarde para recomeçar a vida. Mas todos nós vivemos sobre o que construímos ao longo da vida. Não é tão fácil mudar. E também não acredito que destruir tudo o que fez seja válido. Será que insistir e continuar a construir nos leva a ter a vida com qual sonhamos?"*

Dúvidas que coloco na conta do tempo. Talvez, algum dia, tenha créditos o suficiente para se ter uma  aceitável resposta.


(*Nana - volume 14)