Raridade



Ando cabisbaixa. Apresso os passos involuntariamente e quando vejo, estou em um ritmo apressado. As pessoas que estão ao meu redor caminham olhando para o chão. Ninguém olha no olho um do outro. Estão apressadas, ocupadas demais. Eu estou apressada, estou ocupada demais para olhar no olho de quem está ao meu redor...

Cidade grande, o ritmo é outro. Barulhos de buzinas, congestionamento, palavras que correm soltas, pessoas que falam e não ouvem... Caminho apressadamente, pois o tempo que me falta é pouco. Pouco? Como?! Não temos todo o tempo do mundo? O cansaço clama por casa e na casa se encontra minha cama. Mas as coisas não deveriam ser dessa forma: normalizar o absurdo, ser conivente com indiferença, transvestir o que não somos... Somos mais que tudo isso. Somos raros... E diante desse pensamento, paro e pergunto:

Quem são esses rostos que vejo pela primeira vez? Milhares de pessoas passam na minha vida todos os dias e sequer sei quem elas são. Rostos desconhecidos fazem parte do meu cotidiano. Em cada olhar, há uma história de vida embarcada de momentos felizes. Contudo, sei que cada ruga me mostra momentos difíceis. Marcas indeléveis da experiência que o tempo e a memória individual encarrega de cuidar.

Ao pensar nisso tudo, desacelero o passo e passo a olhar para cada rosto que está ao meu redor. Será a primeira e última vez que verei cada uma dessas pessoas e elas merecem o melhor que há em mim.

No meio da multidão, um sentimento de gratidão brota de meu Ser. E pensar que entre 7 bilhões de pessoas, Alguém conseguiu me notar no meio de tanta gente... Isso é mais que o bastante!


Você me notou, no meio da multidão. 

Você olhou nos meus olhos e reconheceu a raridade que vi nos seus olhos. 

Sermos Únicos.
Raridade Inestimável
Sermos raros.  


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