26 de junho de 2014

Carta de Amor...


Essa será uma carta diferente de todas que já escrevi. É uma carta de amor. Eu sei. É brega, piegas demais, com direito a muito doce, recheada as bordas com chantili mais cremoso. Vou controlar o excesso de glicose, se minhas mãos e minha imaginação permitirem. 
Toda carta é um grito no vazio, que ecoa no silêncio das palavras. Não vemos os gestos e não há conversa de olhar para olhar. A comunicação entre os amantes torna-se um segredo, guardado no sigilo mais que absoluto que se compartilha apenas entre os enamorados.  Não há espaço para outro alguém. Uma carta quebra essa abertura. O amor é livre, mas a liberdade é comedida no respeito e na confiança que a entrega total de si têm sobre nossos ombros. 
Uma carta de amor é uma obra incompleta, de prazo inesgotável e valor inestimável. Na incompletude, procura-se preencher as rachaduras de uma falta, com palavras que nascem no íntimo e no ato de transcrevê-las, morrem sem alcançarem seus reais objetivos. Nas entrelinhas são expostas as emoções, que a mente não entende, mas o corpo e alma compreendem...
Toda carta de amor é paciente e não abre espaço para intolerância. Quem a recebe, pode guardá-la consigo e lê-la no tempo devido, que toda a energia contida nas palavras, continuará intacta e os sentimentos naquela folha, assemelharam-se com um beijo, que chega até nós atrasado. 
Falei, falei e aparentemente isso não é uma carta de amor, mas alguma coisa que explique o que não precisaria ser explicado. Cartas de Amor não são explicativas, são apenas cartas de Amor... 
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22 de junho de 2014

Castelo de Areia


Não existia fórmulas para impedir que as ondas avançasse e destruísse tudo aquilo que demorei anos para construir. Observei atentamente aquele castelo que construímos com o máximo de cuidado, desmoronar morosamente com o avançar da infrene água. Os ventos eram outros e o mar agitava-se irreconhecivelmente, assustando-me com sua peculiar força. O cair das folhas indicavam que uma nova estação se aproximava. Ouvi naquela noite, o zumbido de sua trêmula voz. Palavras eram ditas, totalmente incompreendidas. No entanto, a desesperança estampada em seu semblante falava mais que mil verbetes. Até mesmo o mais insensível de todos os homens, seria capaz de perceber que em tão poucos segundos, o seu calcanhar de aquiles fora atingindo.

A paixão é mesmo uma droga. Mergulhamos de cabeça nela. Não pensamos mais do que aquilo que idealizamos e não enxergamos mais do que aquilo que queremos ver. Nossos sentidos são alterados e nossa ótica é totalmente distorcida. O nosso fetiche é alvo das mais caras projeções. Apaixonar-se é projetar constantemente seus ideais no outro, sendo que este, passa a ser um espelho que reflete uma imagem borrada de si próprio. Uma droga,  oferecida livremente e a adquirimos sem prescrição médica alguma... Tudo o que desejamos é suprir nossas necessidades, cuja quais não tem limites. Não sabemos quando parar...

Olho para os lados, com o coração na mão, desesperançoso, de verdade. Vejo o quão superficial somos em todas as nossas relações. Não conhecemos quem estar do nosso lado, será mesmo que nos importamos com alguém? Não queremos saber de suas reais aspirações ou inspirações, ou mesmo suas dores, seus sofrimentos. Tanto faz, isso não importa! Me deixe ser feliz!

Você só será feliz se viver na inconsciência de sua própria existência alheio as desumanidades as quais somos todos susceptíveis... Uma inconsciência consciencial.  

Por que teimamos no perpetuamento de nossas desuniões? Cadê o abraço do entendimento? Onde foi parar o olhar fraterno, sem pré-julgamentos? 

Por que nossas mentes estão poluídas com segundas, terceiras ou quartas intenções?..  

Vivemos assim... desconhecendo totalmente nossas ações. E no cume da ignorância, hostilizamos as consequências indesejadas oriundas de nossos atos.

Não aprendemos... Caímos e esquecemos de aprender com tais tropeços...        

21 de junho de 2014

Viagem, Reflexões, Aprendizado da Semana



Nesse final de semana pude realizar uma antiga vontade que tinha. Era louca para conhecer São Thomé das Letras devido as milhares de histórias que ouvia sobre o lugar. Segundo os relatos, o local era permeado por uma aura mística e esotérica, o que chamava a atenção de minha ingênua curiosidade. Como estudante do lado hermético do universo, eu realmente acreditava que iria encontrar um espaço onde as pessoas se dedicavam à sérios estudos sobre ciências ocultas. Meu lado auto-ditada ficaria feliz, encontrando novas pessoas para dividir conhecimento, compartilhar experiências e aprender um pouco mais. Lá estava eu e o Carlos, com nossas malas, prontos para uma aventura inusitada.

A natureza (semelhante a qualquer paisagem do interior de minas), sem sombra de dúvidas, é algo revigorante, repleto de boas energias. Fazia um bom tempo que não entrava em contato com a água e descobri como isso é importante para mim.

A força contida em toda a Criação é algo incrível que quase sempre, não há palavras certas para explicar com exatidão nossa experiência individual com a Arquitetura Universal. Se sentir parte desse todo foi um processo interessante, me ajudando a perceber que faço parte da Vida e que os elementos que constituem o Universo fazem parte de meu SER. Somos todos peças importantes, independente do lugar que estamos e quem somos. O Um é o Todo e o Todo é o Um. Carregamos a Centelha Divina em nossos corações, cada um de nós, sem exceção! Por isso Deus é Onipresente, pois ele estar no interior de cada ser vivo. Vos sois Deuses, não foi isso que Jesus disse?

O Mundo é Grande Demais para caber no
no colo de meu Abraço. Mas acredito que
se todos derem as mãos...Conseguiremos
devidamente abraçar o Mundo.
Entretanto, longo é o processo para redescobrir a fagulha de luz interna, um Fogo Eterno que o vento ilusório da matéria não apaga. Vidas após Vidas e voltamos quantas vezes forem necessárias para o despertar da consciência verdadeira (!) e nem todos se encontram despertos. A humanidade ainda está embalada por um longo sono. Muitos vivem adormecidos para suas reais potencialidades, desconhecendo os potenciais da própria mente e de sua força. Desconhecida são as terras de nosso interior!

Julgamos saber de alguma coisa, mas o Universo é imensamente grande para caber no pretexto das palavras humanas que julgam conhecer absolutamente tudo. Nada sabemos, essa é a verdade. Se posicionar como aprendiz não é sinônimo de fraqueza e tampouco ignorância.

Poucos são os seres que ganham as alcunhas de sábios e os mestres iluminados para chegarem onde chegaram, certamente atravessaram a tempestade de conflitos existentes em suas próprias almas. O mérito, sem sombra de dúvidas, são deles! Acreditar que há privilegiados e eleitos aos olhos de "Deus", é a mesma coisa que retirar o esforço das próprias criaturas no que se diz respeito a suas evoluções. Cada um é responsável por sua própria evolução consciencial. Temos que fazer nossa parte e ir em busca dos tesouros que residem em nossa alma, trazendo a Luz o que há de melhor em nós. Nas nossas pérfidas inclinações trabalharemos e a predisposição ao trabalho do Bem e o desenvolvimento do Amor Maior, serão as virtudes que necessitaram de árduo lapido para consagrarem verdadeiramente em nossas almas.

Evolução não é retrograda. O indivíduo pode estacionar-se, mas jamais regride ao estado alcançado da superação de suas próprias moléstias. Ele progride incessantemente na labuta diária, sem se esquecer da importância que têm o ato de acender a Luz da fraternidade em seus companheiros de jornada. Assim trabalha a simbologia do Arcano 19, o Sol, em nossas vidas. Não acendemos a Luz da consciência em nós, mas em todos aqueles que entram em contato com nosso eu mais íntimo. Essa Luz da Verdade que nasce no coração de cada um, me relembra que cada ser vivo é Deus, no sentido que este possui um universo dentro de si, e que os mais variados caminhos para nos levar até Ele, possuem o mesmo objetivo!

Esqueçam as discordâncias e discrepâncias. Elas só nos separam e deixa espaço onde deveria existir união.

E o quê isso tudo tem haver com uma viagem?

Pensei que não deveria criar expectativas, mas lá estava ela, em todos os passos que dava e em tudo aquilo que minha limitada visão alcançava. Vi muita deturpação dos termos "esotérico" ou "místico" e por trás destas cortinas, um fortíssimo tráfico de drogas acontecia. Tudo bem. Cada um é livre pra fazer o que quiser com suas próprias vidas e quem sou eu, para ditar o que é certo ou errado. Todavia, o deturpamento do termo "sagrado" pra justificar o uso de entorpecentes livremente, acaba empobrecendo a força "mística" que julga acompanhar a cidade. Penso que ali, me vi diante da multi-mídia exotérica, bem profanada e sem vestígios algum do que um dia foi considerado sagrado. Tudo bem. Isso tudo não atrapalhou se divertir, conhecer e ver novos ambientes, novas pessoas. E o contato com a natureza, trouxe-me de volta a minha espiritualidade.  


Toda vez que alguém pergunta a ele: "como você está?", vejo um misto de agonia contorcida, relutando em responder tal indagação. Ele responde com monossílabos. Evita a todo custo se aprofundar, abrir as comportas de suas emoções, inibindo qualquer tipo de resposta esperada pelo interlocutor. Entretanto, é obvio que respondemos tal pergunta por pura educação. Podemos estar sofrendo, despedaçados por dentro e quando alguém pergunta se estamos bem, sempre respondemos: "Sim, estou bem e você?".

A verdade é que não estamos. Ninguém está 100% BEM! Fingimos perfeitamente nossa dor e escondemos nossos sofrimentos, pois não queremos incomodar ninguém ou pelo menos, é isso que achamos. Como podemos pensar em bem-estar, com tantas mortes, destruições, doenças, tristezas, que vemos estampadas nos rostos de quem encontramos pelas ruas? Rostos anônimos ou conhecidos, mas que com um perceptível olhar, nos revelam a incompletude de suas existências. Falta algo? Também estou incompleta e há dores que não compartilho com ninguém. Barreiras são erguidas e tentamos a todo custo, proteger nosso sofrimento. Digo que tentarei resolver essa situação, mas há certas situações que não estão no nosso poder de resolução... Tenho que contentar com minha incapacidade. Me desculpe. Mesmo que não me cobre, eu me cobro. Não conseguirei "dar um jeito".

É mais duro descobrir também, que são raros os que verdadeiramente se importam com nós, com o nosso estado de espírito, com o que se passa interiormente. São aquelas pessoas que mesmo respondendo à elas: "estou bem", elas continuam insistindo em querer nos ouvir. Pois elas sabem tão perfeitamente quanto nós, que não estamos bem.

É irritante, eu sei. Mas se eu evitar perguntar "como você está", mesmo não gostando dessa pergunta, estaria sendo insensível demais comigo mesma e com você. E não é na superfície que encontramos as respostas.

E agora, nesse exato momento, como você está?



Tudo o que eu queria era poder te dar um abraço.
Te colocar no colo, entre meus seios, da forma
mais aconchegante o possível...

Minhas mãos estão longes demais para tocar em você...
Vou fazer um pedido.

Mesmo que não esteja ao seu lado, que aja sempre 
um outro abraço...

Em cada esquina... A cada passo
Que aja sempre um Abraço...
     

11 de junho de 2014

Relações, Conflitos e Ainda Duvido da Verdade...


Não importa o lugar que esteja, você sempre irá se deparar com conflitos nas relações humanas. De um tempo para cá, vim percebendo o quão pré-condicionados estamos à maledicência e na criação de atritos em nossos relacionamentos. Ninguém é 100% sincero. Não adianta negar para si.   

Sabemos que tais atos não passam de uma leviandade pessoal. Rejeitamos abertamente ação do "fofocar", 
pois não queremos que falem mal de nossa conduta, ainda mais pelas "costas". Mas sequer percebemos quando nos pegamos praticando tal atitude, afinal, falar mal dos outros e da vida alheia é tão prazeroso quanto comer um chocolate, certo? Não. Percebi que tais fatos são decorrentes da natureza conflituosa de um ser humano, impregnada por preceitos, preconceitos, radicalismos ou extremismo! 

A bandeira da intolerância continua levantada no alto do cume, nos mostrando uma aparente vitória. Os brasões da indiferença continuam reluzindo sua ferocidade, ofuscando a luz da igualdade em nossos corações. Na guerra entre o Bem e o Mal, de que lado você está? Escolho fazer o Bem, seja à mim ou aos outros. Não escolho fazer isso porque está escrito em algum lugar ou porque temo ser castigado por alguma divindade, mas porque é o certo a se fazer. Vou lembrar-me de tais reflexões ao me deparar com essas atitudes, ações estacionárias na senda da evolução.



Todos os seres humanos possuem uma lasca da centelha divina nos recônditos de suas almas. Mas estão cegos, não conseguem visualizar essa Luz e nem cogitam a existência dela. Seus olhos são incapazes de enxergarem, devido a obscuridade de seus efêmeros desejos. Seus sentidos estão incapacitados porque continuam presos à tudo aquilo que restringe o direito a liberdade de se conhecerem interiormente! 

Somos livres, mas não reconhecemos nossa liberdade e, tudo aquilo que nos agarramos fielmente torna-se um cativeiro. Estamos restritos por vontade própria... E quem há de nos libertar? A verdade? Como dizer que é detentor de uma "verdade divina", se esta verdade o distancia dos corações opositores a ela? É muita pretensão à vaidade dizer que fomos iluminados pela Verdade Superior, se sequer somos 100% sinceros em nossas ações ou pensamentos. O nível consciencial dos seres humanos é relativamente ínfimo, incapaz de assimilar determinados assuntos...

Nesta Era de Guerra, guardo, temporariamente, a minha espada. Meu corpo apresenta sinais de cansaço, mas sei que a batalha não terminou. Minhas vistas estão cansadas, fazendo-me repousar os olhos. Agora estou mergulhada no escuro de mim mesma. O prenúncio de uma guerra que fora travada em tempos remotos recomeça. O palco da luta é o interior. Desbravando por terras desconhecidas, pego minha espada, certa de que nessa batalha, jamais me darei por vencida...

                  

8 de junho de 2014

Solidão, presença, reflexões...



- Você sumiu! - Disse ela em um tom exclamativo, olhando-me nos meus olhos, aparentemente ansiosa por uma resposta.

- É... Sumi. - Respondi em um gesto embaraçado, coçando a nuca. 

Seu rosto tornava-se um misto de expressões confusas, não sabendo se sorria timidamente ou se continuava a me indagar o motivo de questionada ausência. Sem que ambas partes tomasse a iniciativa para se quebrar um gelo pré estabelecido, ela desistiu e continuou a fazer suas tarefas. Agradeci o serviço prestado e fui embora, pensando. Tantas pessoas passam ali diariamente. Entre diversas faces, consegui ser notada, mas pelo quê exatamente? Sempre fiz tudo de uma forma que não chamasse atenção dos outros, mas chamei a sua. Ela notou meu sumiço, minha falta, minha ausência e questionou o por quê delas. 

Sem dissertar sobre a sutil vaidade evidenciada nestas ínfimas palavras, será que estar em um lugar é a mesma coisa que ser presente? Você pode estar fisicamente em um ambiente, mas sua mente, seus sentimentos, sua alma, podem estar totalmente dispersos em outros lugares, com outras pessoas, sejam essas do passado ou presente. O tempo todo nos deslocamos nessa linha atemporal que somos convidados a tecer: construindo, destruindo e reconstruindo, as várias fases que constituem nossa vida.  Qual é a sua marca e o que faz as pessoas lembrarem de ti? Onde está sua essência? Se você a perdeu, encontre-a! Se ela se escondeu, ache-a! Se você a guarda, compartilhe ela! Vá em busca de seus tesouros, enterrados nessa desconhecida terra de seu interior... A presença se faz também quando há ausência. 

A ideia de separatismo e solidão, não passam de uma ilusão! Ilusão a qual nos agarramos, sofremos por achar que ninguém se importa com nós e que não somos capazes de sermos amados da forma que desejamos. Mas...Trazemos conosco, todos aqueles que importamos para dentro e que nos são caros afetos. Quando eu digo, importar, significa: Eu importei essa pessoa para dentro de mim, para dentro de meu coração.   

Se você se sente sozinho, é porque não abriu as portas do seu coração.

Se você se sente sozinho, é porque não conseguiu importar alguém para dentro! 

Se você se sente sozinho, é porque não descobriu a importância de ser solidário...

Estamos todos interligados, conectados por linhas invisíveis que atrelam nas leis universais as quais somos submetidos. Estamos todos conectados, sejam com os outros, com a natureza, com o sol, com o Universo, com as Estrelas. Fazemos parte desse Todo e o Todo também é o Um, Uno.