10 de maio de 2025

Quando Falar Dói e Calar Também...




Se eu já falava baixo, imagina agora, que estou sem voz nenhuma. Tem 5 dias que minha voz sumiu depois que peguei uma gripe forte. Pois é, essa gripe que tem pegado geral em Betim (MG), me pegou também. Começou com um simples sinal de irritação na garganta, tosse seca, congestão nasal... e já fui me automedicando desde os primeiros sintomas. Não que eu seja a doida da automedicação — talvez só um pouquinho, rs. Mas tive que ir ao médico pra entrar com antibiótico e corticoide, porque o que eu já estava tomando não estava dando conta do avanço do vírus no meu corpo. E minhas cordas vocais foram afetadas, tadinhas.

Mesmo assim, tive que trabalhar. E como sou vendedora, fico o tempo todo me comunicando com os clientes. Quarta, quinta e sexta foram o suficiente pra minha voz sumir de vez, de tanto forçá-la no atendimento. Acho que é a primeira vez que lembro de ter ficado afônica desse jeito.

Perder a voz me fez relembrar como cada partezinha do nosso corpo é importante. Acha exagero? Experimenta cortar só a pontinha do dedo e vai lavar a mão depois. Toda vez que você encostar em algo até cicatrizar, vai lembrar o quanto esse “membro” aparentemente pequeno faz falta quando não está inteiro.

E eu, essa semana toda, sem poder me comunicar direito… Esforcei tanto pra minha voz sair, que em certo momento até esqueci como é o som dela, de verdade. Será que você ainda lembra? Será que se eu disser algo, mesmo que minha voz não saia por inteiro, você conseguiria me ouvir?

Esse silêncio forçado, esse recolhimento das palavras, me fez pensar também sobre o que tenho falado ultimamente. Sobre como tenho usado minha voz. Lembrei das vezes em que usei palavras pra comentar a vida alheia de forma meio torta, com julgamentos que nem sempre fazem sentido. E das vezes que eu devia ter falado… e me calei. E depois fiquei dias ensaiando diálogos inteiros na cabeça, como se isso fosse resolver o que ficou preso na garganta.

Engraçado como o corpo dá um jeito de falar por nós quando a gente insiste em engolir o que precisa ser dito. Talvez perder a voz tenha sido só o jeito dele de me lembrar: ouvir é importante, sim — mas dizer o que importa, na hora certa, também é.


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