Suicídio




Eu vou me arriscar a tentar dar uma explicação sobre o suicídio. Não tenho pretensão de escrever um artigo psiquiátrico ou de psicologia. É apenas uma tentativa de que haja uma explicação para isso. E que com mais uma explicação que isso seja apenas uma forma de aumentar a consciência sobre o assunto. E nada mais que isso.

O suicídio é uma espécie de vírus que é instalado na cabeça do indivíduo. Vai se adaptar a mente hospedeira até atingir seu objetivo. Que é projetar alguma ilusão que lhe programe a ordem de auto-destruição. Pode ser do tipo lentamente planejada com uma única execução "repentina" e fatal. Ou do tipo intermitente com várias tentativas até o irrevogável desfecho. Ainda existe um outro grupo que é menosprezado porque não é considerado "suicídio de verdade". Pessoas que possuem pensamentos e sentimentos suicidas mas que não levam esse a uma consumação final. Como se isso não subtraísse a vida de forma fracionada. E cada perda de vida seja de forma letal, seja de forma que interrompa seu fluir são sim perdas lamentáveis.

E uma vez que esse vírus vai se instalando as alegrias e tristezas são calculadas de forma que se favoreça a indiferença à vida. Momentos alegres podem ser relegados a ausência de sentido. Momentos tristes podem virar incentivo contra o viver. Diagnosticar o suicida em estereótipos extremos não é eficaz. Suicidas são como nós. Tão especiais e comuns quanto nós. Sejam pessoas marginalizadas ou bem inseridas na sociedade. Sejam aqueles que se expressam sobre isso, ou quem cobrirá em silêncio o que está passando.

É uma bomba-relógio que não nos diz quando irá estourar. E quando estoura nós que ficamos somos pegos pelos estilhaços. Queremos culpar alguém para tentar dar uma razão para a dor que nos aflige. Ora queremos culpar quem se foi, ora queremos culpar a nós. E culpa não é o suficiente. Pode ser uma parte de um quebra-cabeça, mas no fundo sabemos que não é capaz de trazer a cura.

Quem teve a chance de ter tido um último gesto de bondade terá que lidar com o sofrimento da impotência ao ver que isso não foi incapaz de parar o processo do auto-extermínio. Quem teve um gesto de discórdia terá que lidar com o sofrimento de nunca mais poder ter um outro ponto final. E não há de ser surpresa. Estamos falando de perceber a morte. Por que o suicídio seria diferente de outras formas de perder quem amamos para a morte?

Seja lá como iremos fazer a respeito, seja racionalmente ou intuitivamente, eu acredito em uma coisa. O suicídio não pode ser anônimo. Não pode ser inominável. Não pode ser inquestionável. Temos que nos rebelar contra esse dogma! Seja lá quantas vezes fracassemos em ter precisão sobre o que dizer a respeito, não podemos relegá-lo a categoria de uma má-sorte a qual é inútil tentar lutar contra. Não podemos aceitar que o suicídio seja como um monstro imbatível que ceifa a vida de quem amamos e simplesmente saia impune disso porque consideramos que é assim que as coisas são. Não! Não são assim! Eu não aceito isso!

Isso não é uma simples luta contra o lado negativo da vida, ou uma luta contra o "mal viver", uma cruzada contra indivíduos desistentes ou contra uma sociedade que sufoca a vida. E eu também não sei o que é essa luta que teremos que travar contra o suicídio. Eu apenas sei que é uma luta digna. Eu não aceito que uma mente que foi condicionada e adoecida a ter apenas o auto-extermínio como opção tenha sido livre para escolher sobre o seu destino de Ser na Vida.

Eu ainda tenho fé na vida. Agora eu tenho fé na vida. E isto é tudo o que tenho e por isso mesmo eu posso e quero compartilhá-la com vocês.

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Ao meu amigo que se foi.

Não irei colocar nos seus ombros o que poderia ter sido ou que poderia ser. Vou aceitar sua vida assim como ela veio e como ela se foi. Vou lembrar de você e ver você nas coisas belas e tristes dessa vida. E quando eu pensar em você vou lembrar de viver e lembrar a outros de viverem também. Sei que não vou conseguir deixar de pensar em uma forma de como eu poderia ter te salvado. Mas também sei que até nisso você está me ensinando a ser humilde, porque eu não sou super-herói e nem tenho super-poderes. Tive sua presença e lembrança na minha vida. E isso é a melhor coisa que você pode me dar e a melhor coisa que eu pude te dar. Vou sentir sua falta cara! Nós nos vemos por aí!

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