28 de abril de 2019

Senhor, eu não sei rezar




Senhor, perdoe, eu não tenho rezado todas as noites. 

Confesso também que não tenho dado o meu melhor até agora, não tenho oferecido as pessoas o que elas merecem. Tenho fracassado nas minhas relações constantemente, tenho fracassado em ser um ser humano melhor todos os dias. Mas, o Senhor sabe, meu emocional é avacalhado demais. Tudo, absolutamente tudo, levo o que me falam para o lado pessoal e sempre estou me machucando com as palavras alheias. Sei que às vezes são críticas bem intencionadas, sei, mas tem momentos que não sei distinguir palavras que machucam de críticas progressistas. Se as palavras as quais me são dirigidas constroem sentimentos de humilhação e inferioridade, são palavras ruins, não são?

Eu sei. Deveria estar praticando a paciência, a complacência e todo aglomerado de gentilezas para que toda convivência humana pudesse ser pacífica e harmônica. É difícil pedir a um mero ser humano mortal, refém de suas paixões inferiores, agir como Buda, ser benevolente como Jesus, amar como Krishna. Por isso, Senhor, não tenho rezado todas as noites, pois nem nas próximas 10 reencarnações poderia chegar ao patamar deles. E olha, na minha terra, inventaram um ditado popular que "quanto mais oração faço, mais assombração aparece".  Pudera. Se a cruz que me deu já é pesada, dispenso a companhia indesejada de fantasminhas camaradas.

Na tentativa "loser" de rezar, o Senhor viu que as palavras saem desconexas em agradecimentos excessivos e pedidos (mais pedidos ou pedidos da mesmas coisas pedidas nas noites anteriores). Senhor, eu não sei rezar tão bem e sei que o Senhor não me condena, não me julga, não me pedes mais do que posso oferecer. Mas, se a oração não consiste em fazê-la todas as noites e, sim, desde o abrir dos olhos, com o primeiro Bom Dia, esta oração renovaria o ser na sua constante luta em ser alguém melhor a cada dia.  

Distensão Emocional




Se meu pensamento fica volitando nos acontecimentos do passado é porque meu presente certamente não está sendo satisfatório como eu gostaria que fosse. Volta e meia me pego pensando nas coisas que gostaria de ter feito diferente, nas escolhas que fiz e que me arrependo. E estas escolhas incluem as pessoas que me relacionei, as decisões movidas pelo impulso e que não me levaram a nada. Se eu pudesse voltar atrás, faria tudo diferente, pelo menos, esta é a promessa de quem "volta no tempo". Eu não sei se estas divagações tem a ver com meu Retorno de Saturno. Eu não sei. Esta sensação de fracasso tem me acompanhado a bastante tempo. Esta sensação de que estou "acorrentada" as tramas do carma e que ainda não larguei as algemas, também me acompanha. 

É ruim chegar a um ponto da vida que você se sente preso as opressões do dia-a-dia. Quando achei que tinha me libertado de uma situação opressora que vivi intensamente no passado, descobri recentemente que não me libertei em nada e que ainda continuo vivenciamos situações repetidas, situações que me oprimem e cansam o espírito. Cada vez mais as algemas do destino apertam, mostrando que sempre estive atada a este carma. Será que algum dia serei contemplada com esta libertação ou a libertação é oferecida apenas as almas puras e evoluídas? 

Me sinto oprimida de todas as formas possíveis. Me sinto presa a esta "vida" e todo preso olha para janela esperando o dia da sua liberdade. E de que forma virá esta liberdade? Também não sei. Nem sei se meu sonho me torna escravo dele ou me liberta. Espero que seja a segunda opção.

Sozinha, acuada e com o emocional cansado, olho para a janela mais próxima e ela revela a forma como desejo esta "liberdade". Se não posso voltar ao passado para mudar tudo o que eu gostaria que fosse mudado, me resta o agora para fazer tudo ser diferente como eu quero.

27 de abril de 2019

O Entardecer






O que resta de mim enquanto vejo o esvanecer do céu alaranjado? O entardecer deveria levar consigo minha miserável visão de mundo, enterrando de vez todas as desculpas que tenho dado para não encarar meus medos, minha hipocrisia, o meu preconceito. Todas as noites, as sombras me rodeiam, me questionam, zombam de mim, riem de meus tropeços e jogam na minha cara o quão arrogante tenho sido estes anos todos. 

Como é olhar no espelho sabendo que o espelho também reflete o que não vejo? Agora vejo as mentiras que tenho contado a mim mesma na vã tentativa de amenizar a dor de não viver um sonho. Corro num labirinto de incertezas, presa em um trono de mentiras com uma coroa de espinhos. Minhas vistas distorcem a realidade para evitar encarar o mundo como ele é: cruel com sonhadores. E neste pérfido entardecer, nada resta se não aceitar que também sou cruel, ordinária, miserável e muito, muito humana. Tantas culpas a condição humana carrega que não tenho vergonha de acrescentar outras. 

Neste breve entardecer da alma, a noite se desenha no céu sem estrelas. A sombra da lua é vista como um fino risco, um poder adormecido a ser conhecido, mas que por ora não tenho acesso. Nesta escuridão de sentidos, deveria recomeçar o caminho para dentro a fim de encontrar nem que seja uma fagulha de luz. Por mais pequena que seja esta luz, ela será mais que o suficiente para mim.  

Nadar contra a maré




Nade contra a maré. Não siga a onda. Não seja o peixe que nada com a manada. Se desafie à nadar contra a correnteza. A frase promocional "siga o fluxo" é estúpida e sem sentido. Não siga o fluxo, pois o "Zeitgeist", o "Espírito do Momento", está imbecilizando indivíduos em suas verborreias ideológicas, partidárias e políticas a ponto de não saberem mais distinguir as vozes do partido da voz que Ecoa no centro de cada SER.

Nadar contra a maré não é para qualquer um. Tem que dispor de coragem para falar o que não querem ouvir; tem que lutar para ser aquilo que não querem que você seja; tem que ter persistência para defender o que acredita ser o melhor para si. Nadar contra a maré não é para qualquer um, definitivamente, não é para qualquer um.



Quanta falta faço para mim?





Desconsidere o título narcisista. É só mais uma reflexão a cerca de como estamos ligados no "220" do dia-a-dia a ponto de esquecermos aquilo que realmente importa: "você mesmo". Pode soar um tanto quanto egoísta esta afirmação, mas pare por um instante e reflita: você tem dado a atenção que merece para si mesmo? Você tem se tratado como a pessoa mais importante para si? Como estão seus projetos? Como estão seus sonhos? Está correndo atrás deles? E, sobretudo, você consegue relaxar totalmente, desligando-a de todos os problemas corriqueiros da vida mundana? Se a sua resposta é "não" para alguma destas perguntas, sinto-lhe informar, mas tenho certeza que você está se desgastando emocional, fisica e mentalmente. 

Sinto que quando não estamos nos dando a devida atenção, isto é, atenção aos nossos projetos, desenvolvendo as nossas habilidades, trabalhando em algo que não faz parte da nossa vocação; perdemos nossa energia focando naquilo que não nascemos para fazer e isso gera cansaço e também estresse. Ouso a dizer que gera "carma". Fazer tudo aquilo contrário a verdadeira vontade pode anestesiar os sentidos do indivíduo a ponto de ele não conseguir mais enxergar seu propósito existencial. 

Quanta falta tenho feito para mim mesma? Preciso descobrir estas respostas antes que eu mesma comece a enterrar meus próprios sonhos.

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