Os olhos que outrora brilhavam,
estão opacos, irreconhecíveis e sem vida. O interesse se entrega a ruínas na
nítida rejeição que passamos a ter por aquilo que foi nosso objeto de adoração.
Perdemos o gosto pelo vinho, ele não satisfaz mais nossas necessidades. O que
tanto nos embriagou no pretérito é acompanhado, hoje, por uma amarga ressaca de
anseios confusos e incompreensíveis.
Como aquele Ser, que fora
detentor de minhas caras projeções amorosas, tornou-se alguém completamente
estranho? Estou diante de alguém que não conheço. O fim de uma paixão é embalado
por uma dor suave que penetra no nosso âmago vagarosamente e corrompe com seu
veneno, os resquícios daquilo que um dia, fora esperança. E se prestar bem
atenção, a Esperança nem sempre é a última que morre, mas a primeira.
Os sinais do desmoronamento são
bem claros, entretanto, o apaixonado encontra-se a mercê de suas próprias fantasias,
prisioneiro de seus devaneios e jardineiro de suas próprias ilusões. Evita-se
enxergar o óbvio e nem ousa a encarar a verdade dos fatos. E quando a paixão é
interrompida, o despertar transmite uma sensação de: “o que foi mesmo que
aconteceu?”.
Acordamos confusos e a Dor brota
por descobrir que nada daquilo existiu. Tudo o que se vivenciou transformar-se
em mentiras. “Quem é mesmo aquela pessoa que julguei amar?”. Se a paixão é uma
ilusão, nada do que se viveu foi verdadeiro. A imagem dela torna-se um quadro
borrado. Não dar mais para distinguir sua face. Estamos diante de dois seres,
totalmente indiferentes um ao outro.
O Fim da Paixão finda também
nossas ilusões. Cessa completamente nosso desejo de ser amado por alguém. E sob
essa aparente perda, o espaço é cedido para o descobrimento de algo totalmente
novo, repleto de oportunidades que nem imaginávamos que existia. Ela abre
nossos horizontes e nos ensina que ter amor-próprio não é se entregar ao
extremo do individualismo, mas ter respeito por si mesmo e pelos próprios
sentimentos sem precisar ser manipulador ou calculista, para se sentir querido
por alguém.
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