26 de março de 2025

Entre Sonhos e Esquecimentos

 


O tempo escorre por entre meus dedos, levando você junto, como areia fina deslizando sem resistência. Sinto sua presença se dissipar dos espaços que cuidadosamente construí dentro de mim, deixando apenas o eco do vazio. Um vento suave atravessa a janela do nosso quarto, sussurrando palavras indecifráveis, trazendo consigo o fantasma de um cheiro familiar—memória de uma época em que éramos jovens, inocentes, transbordando sonhos e desejos.

Mas o tempo, implacável, desgastou nossos anseios, esmagou sentimentos, sepultou esperanças. Vi você me enterrar sob a dureza das suas palavras, enquanto meu coração, em um último ato de resistência, guardava uma versão idealizada sua. Lá ela permaneceu, oculta na penumbra do meu subconsciente. De tempos em tempos, sua sombra ressurge nesse mundo onírico, e por um instante, quase acredito que ainda há um fio invisível nos ligando.

Mas preciso soltar o que já não existe para que o novo encontre espaço. O que não pulsa mais deve morrer. Não há mais razão para lutar ou sofrer. Entre tantos que querem certezas, escolho abrir mão da necessidade de estar certa.

E assim, posso renascer em outro lugar.

 

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