Reflexões... o que seria a vida sem elas? Que sentido haveria a existência se não transformássemos cada experiência em um aprendizado? Eu tinha um ex-namorado que falava: "-Michele, para que você quer tanto aprender? O que você vai fazer com tanto aprendizado?". A pergunta havia surgido após ele ler meus textos antigos os quais a todo tempo evocava a palavra: "autoconhecimento". E naquela época, eu realmente estava empenhada em me "autoconhecer", aprofundar mais nas minhas emoções turbulentas a fim de não machucar as pessoas a minha volta com minhas indecisões como já fiz incontáveis vezes.
Mas sempre tive dificuldades em aprender o que determinadas situações vieram realizar em minha vida, extrair lições das dificuldades ou mesmo tornar meu coração "calejado". Para maioria das pessoas, nesse processo de "amadurecimento", os erros vão se tornando menos frequentes. Isso não acontece comigo. O contrário de tal afirmação é bem verdadeiro para mim. Atualmente, eu me pego errando em velhas circunstâncias já conhecidas do meu ser e isso me frustra bastante quando paro para analisar as ditas "cagadas".
Quando descobri que estava dentro do espectro autista, eu entendi porque era tão difícil mudar determinadas atitudes e porque minha mente continuava "rígida". "Rigidez cognitiva" é o termo certo. Percebi que gostava de rotina, previsibilidade e estabilidade emocional, e que as coisas que fugiam muito dessa necessidade interna de controle me deixavam em um estado de nervos ou esgotamento mental. Ao mesmo tempo, a imprevisibilidade e impulsividade do meu TDAH me tornavam uma contradição ambulante e as instabilidades emocionais, muitas vezes, me fez perder pessoas importantes e atrasar minha vida profissional e financeira.
Hoje... eu consigo olhar para o passado analisando melhor minhas reações e comportamentos situações que ficaram marcadas na minha vida. Vira e mexe, esses fragmentos de lembranças pretéritas retornam como um rolo de filme velho, com imagens borradas e distorcidas.
Fui prejudicada por não ter um diagnóstico correto na infância, por não ter ninguém naquele momento que olhasse para minhas necessidades e me incentivasse a buscar ajuda especializada para entender o que acontecia comigo. A sensação de "não pertencimento", de não "ser normal", era uma constante em meus sentimentos que olhavam para as outras crianças/pessoas e desejava: "queria ser normal igual a elas".
Agora, com o diagnóstico em mãos, eu tenho um novo direcionamento, uma postura diferente, entendendo cada vez mais como "funciona" meu ser e isso me traz um pouco de "autoconfiança" frente aos desafios que encontro nas minhas relações sociais e com meus objetivos de vida. Ao mesmo tempo que sinto que fui prejudicada em uma infância que tive que ser responsável como um "adulto", foram essas dificuldades que me tornaram quem eu sou hoje e eu gosto de quem eu sou, ainda que não me sinta 100% realizada, eu estou aprendendo a me aceitar, a me acolher e a me amar...
O ano de 2024 vai embora deixando no meu peito um sentimento de gratidão...
E que o 2025 seja um ano para tirar do papel os projetos e torná-los reais.
Que seu ano seja próspero! Feliz ano Novo!
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