Meu quebra-cabeça colorido


Eu comentei em uns post para trás que estava fazendo uma avaliação Neuropsicológica a fim de saber se de fato tinha algo de errado comigo, pois eu não achava que era muito normal. E após 12 sessões, 1 por semana, eu recebi meu diagnóstico: sou autista, nível 1 de suporte e tenho TDAH com predominância em desatenção

Confesso que já suspeitava. Tem um vídeo aqui no Youtube falando sobre os 100 sinais leves que toda mulher autista adulta expressa e me identifiquei com todos. O que me levou a procurar uma ajuda clínica foram minhas inconstâncias emocionais, minha sensibilidade, meus sentimentos de frustração, minha memória de curto prazo, meu sentimento de incapacidade e também meus problemas de comunicação e fala. 

Ter o diagnóstico de autista em mãos está me fazendo dar uma volta no passado (mais uma vez), mas desta vez com um olhar mais clínico e mais compreensivo com minha infância. Como era difícil para mim fazer amizades, manter amizades, ter que me esforçar para conviver com as pessoas, conversar com pessoas, cumprimentar, olhar nos olhos e a lidar com cargas de responsabilidades familiares que não eram compatíveis com minha idade, com minha condição. Eu lembro como era muito engraçado a forma como eu cumprimentava as pessoas: cumprimento de mão a mão, sem beijos ou abraços. Só fui melhorar esse aspecto em mim anos depois... com muita percepção e ainda hoje, em algumas situações, isso não é espontâneo. Eu achava que essa falta de trejeitos sociais era herdado dos meus antepassados japoneses, afinal, japonês carrega o estigma de "coração de gelo". 

Lembro-me (ainda que a minha memória não seja algo 100% confiável) de olhar para as outras meninas e desejar ser "normal" como elas: passar um baton, arrumar as unhas, usar maquiagem, usar um vestido, ser feminina, participar das danças escolares. Essa impressão ficou marcada em mim e ali eu já tinha uma percepção que algo acontecia comigo, algo não muito normal. Eu me sentia mais confortável com roupões masculinos, blusonas, camisetas ... roupas que não me apertava muito. 

E além da dificuldade para lidar com minhas questões de identidade e sociabilizar, confesso que mesmo sentando na primeira carteira da sala, minha nota nunca foi uma das melhores. Enquanto o professor dava aula, lá estava eu, desenhando. Vivia com a mente sabe lá onde! Minhas notas escolares sempre foram medianas. Nunca fui muito boa nas matérias escolares. Mas o teste revelou um "QI" acima da média onde somente 16% da população o tem e tenho comigo um feito que não é para muitos: a nota máxima (mil) na redação do Enem. Em 2011, dos 4 milhões de participantes do Enem, somente 3,7 mil tiraram a nota máxima. Ou seja... eu estou entre esses 3,7 mil pessoas que alcançaram a nota máxima da redação. Talvez, esses "feitos" sejam o suficiente para me fazer acreditar que não sou burra. Eu só não sou normal, mas não vou subestimar minha inteligência mais. 

Eu ainda tenho muito o que fazer. 

Com o diagnóstico em mãos, vou atrás de um neurologista e ano que vem, quero começar uma terapia, prometo, vou fazer terapia.

Por hora vou parar por aqui... depois escrevo mais!

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