O patinho feio



Sempre me senti um patinho feio. Tímida demais, recatada ao extremo, com dificuldades para lidar com minha feminilidade e vergonha de expressá-la ao mundo. Muitas vezes, me vi em situações que precisava me inibir por pura timidez ou para alimentar as castrações escondidas no meu subconsciente. 

Mergulhei em processos de auto-sabotagem, sempre me tratando com o pior "inimiga" de si. Dizem que os inimigos externos são mais perigosos, mas o pior é aquele que adormece na sua mente e surge em momentos improváveis lhe dizendo maldades sob si mesmo. A síndrome do patinho feio me fez dispensar companhias por achar que não tinha qualidades para estar no meio delas. A síndrome do patinho feio me fez olhar no espelho e não aceitar o que via. A síndrome do patinho feio me fez escolher a solidão.

O patinho feio, por muitos anos, achou que era um estranho no ninho; desengonçado, sem perspectivas de ser feliz por não se achar bonito, por achar que não fazia parte desse mundo. Acreditou por um instante que não tinha nada de útil para acrescentar a humanidade. Achou que suas habilidades não poderiam ser usadas para que ele construísse um mundo que representasse os seus sonhos. O patinho feio, por várias e incontáveis noites, não sabia o que desejar. Não conseguia olhar para o céu a noite e ver estrelas; concentrou-se em seus medos, em suas paranoias e crises de paralisia. O patinho feio decidiu que iria embora por não aguentar tanto sofrimento. Nadou, nadou, nadou e nadou.

Quando o patinho feio achou que não poderia mudar, mudou. Ele não era um patinho feio, ele era um belo cisne! Ele conseguiu enxergar pela primeira vez na vida que tinha potenciais a oferecer. Ele se viu no reflexo da água e aceitou-se como era. O patinho feio já não era infeliz porque sabia a necessidade de defender e vivenciar sua felicidade de ser quem era! 






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