29 de agosto de 2013

Sincronicidade




A experiência é única e intransmissível. Poucas são as palavras para explicar esses momentos em que a lógica perde o "sentido", dando lugar a algo muito mais transcendente para um fato aparentemente simples. É nesse momento que você sente que todas as estrelas passou por debaixo de sua cabeça lhe dizendo que tudo é possível e que nada acontece meramente por acaso. 

Nenhum encontro decorre pela primeira vez debaixo deste céu. 
Estamos interligados, isso é fato. 

Pensamentos...



Grandes são os conflitos da alma, mergulhados no seu próprio drama. Entretanto, a serenidade é essencial, se deseja atravessar esse oceano agitado de águas contraditórias, onde a luz solar raramente alcança...

Não existe o caminho correto e nem o mais fácil. Cada caminho escolhido traz consigo suas dificuldades e aprendizados. Todo percalço ultrapassado é uma vitória singela para uma alma incansável, que busca constantemente o crescimento de si mesma.


Vivemos todos juntos, mas nossos corações continuam tão distantes, pairados sobre uma ótica egoística em um mundo onde temos dificuldades para caminhar de mãos dadas. Ainda não removemos totalmente os entraves de nossas vistas. Continuamos agarrados a velhos hábitos, preconceitos continuam enraizados. Lutamos para impor nossas verdades, semeando a incompreensão. Agregamos o que não tem valor e segregamos a nossa capacidade total de amor. Criamos nosso céu e inferno. Intitulamos nossos heróis e vilões. Projetamos nossa sombra nos outros. Nos escondemos atrás de máscaras, por pura vaidade, para alimentar o insaciável Ego.

Vivemos todos juntos, mas ao mesmo tempo separados, dos outros e de nós mesmos... Estamos perdidos nessa incomensurável sociedade cujo os valores já foram esquecidos, facilmente trocados pelo imediatismo. Enterramos nossos sonhos, pois é cansativo demais, sonhar. 

Em algum lugar perdermos aquilo que em noutroras épocas era parte imprescindível do "ser". Em algum lugar o aprisionamos, o sufocamos e o ignoramos. Mas, sua voz, visivelmente rouca, continua latente em cada coração...
Grandes são os conflitos da alma, mergulhados em seu próprio drama, entretanto, chega! Não podemos simplesmente nos colocar em posição de vítimas. Está na hora de darmos passos, sermos responsáveis pela nossa própria evolução. Isso não quer dizer individualismo excessivo. 
Quanto mais melhoramos a si mesmos, mais melhoramos nossa capacidade de compreensão e aceitação do Outro. Só assim, poderemos dar as mãos e ajudar o próximo a se reerguer. É no calor do abraço, no encorajamento sincero e no apoio despretensioso. Encontre-a no olhar carinhoso, no sorriso reanimador e nas palavras confortadoras...

 A evolução não é apenas individual, mas envolve o grupo, a comunidade, o país, o continente, o mundo! 




20 de agosto de 2013

Há sete anos atrás...



Meus sonhos não são mais os mesmos de sete anos atrás.  Aprendi que não devo sonhar o bastante para que a mente fique nas nuvens e os pés no chão. Centralidade, talvez seja aquilo que me falte. Há sete anos, éramos puros, com sentimentos intocáveis, cheios de boas intenções e desejos de conquistar o mundo, o nosso mundo.

Durante esses sete anos, promessas foram desfeitas, a idealização chocou-se com a realidade fria e dura, e a decepção não foi capaz de dar lugar a aceitação. A imaturidade muitas vezes foi à voz daquilo que chamávamos de razão. Razão perdida. Pedras atiradas, corações atingidos em uma batalha sem ganhadores. Pedras que deixei de recolhê-las. Não faz sentido carregá-las, não hoje, não agora...  

Alguém me disse: que não enxergo o mundo muito bem. Minhas lentes não são cor de rosa, lhe aviso. Todavia, mesmo com o passar dos anos minhas vistas estão cada vez mais claras e em cada ser humano consigo ver seu pior e o seu melhor, suas frustrações e anseios, sua dor e alegria, seus sofrimentos e sua esperança de dias melhores, sua solidão e sua necessidade por companhia.

Não me ensinaram, mas sei que um abraço pode salvar um “dia” ou até mesmo um sorriso sincero, pode levantar nossa autoestima!  

Certamente, hei de me decepcionar muito no caminho, mas não irei sofrer por dores imaginárias futurísticas. Não me importa se o mundo está acabando, as pessoas estão se rebelando e o caos está sendo delicadamente montado.

O que realmente importa, eu já o encontrei.

Esteve o tempo todo ao meu lado.

6 de agosto de 2013

Conto: Um Olhar


Eu a vi novamente. Meu coração passou dias ansiando reencontra-la. Ela estava radiante. Seus cabelos esvoaçavam com o bater do vento. Sua pele era suave e delicada. Possuía um olhar penetrante e um sorriso conquistador. Seu magnetismo era tão forte, que por onde passava, arrancava suspiros alheios. Meu coração começou a bater descompassado com sua aproximação. Ela estava a trinta centímetros de distância. Tentei cumprimenta-la e tudo que saiu de meus lábios fora um tímido e esforçado, “oi”. Passou por mim, percebeu o meu embaraço, sorriu de forma delicada e acenou positivamente com a cabeça.  Aquilo seria o suficiente para alegrar meu dia, pois minha pequena presença havia sido notada. 

Mas naquele dia, acordei decidido. Precisava chegar nela de alguma forma. Mês retrasado observava-a de longe. Mês passado, conseguir superar minha timidez e passei a cumprimenta-la. Contudo, queria ter mais contato, antes que meu interesse sentimental esfriasse. Os dias, porém, foram passando e sua presença tornou se rara. E nas raras exceções que a via, cumprimentava-a de longe. Teve um dia desses que não me contive e algo me impulsionou a cumprimentá-la. Disse “oi”, sorridente e ansioso, mas por ventura do destino, ela me recebera com um olhar indiferente.



Entretanto, aquilo não foi o suficiente para me abalar e decidido a continuar, na primeira oportunidade que a visse, a abordaria, confidenciando todo sentimento que mantinha por ela. E este dia chegou.  Lá estava eu, nervoso e com as mãos suadas. Quando a vi, não hesitei e caminhei em sua direção, dizendo: “- Ei! Como vai você? Andou sumida por muito tempo que senti sua falta!”. Pela sua cara, parecia surpresa, não disse absolutamente nada. Quase constrangido, ou totalmente, tentei desconversar, mas as palavras saíram confusas e a vergonha aumentava de acordo com o que eu falava:

“- Ah, o que estou fazendo? Quero dizer... Me desculpe. Seus olhos são tão bonitos. Não! Não era isso que eu queria dizer. Na verdade é. Ah! Não. Me desculpe por importuná-la! Venho observado você a muito tempo. Não! Eu não sou maníaco! Eu apenas observo você. Calma. Ah! Droga. Eu sempre tive vontade de conversar com você. Mas... Ai! Estou morrendo de vergonha...”.

O silêncio foi constrangedor. Ela estava parada, sem expressão, fazendo eu me sentir o cara mais idiota do mundo. Em minhas fantasias, havia lhe entregado meu coração, imaginando como seria nosso casamento e a casa cheia de crianças. Em meus pensamentos, éramos um casal feliz. Ilusões que vi se quebrando quando olhei praqueles olhos claros como o azul do céu, impenetráveis. Gesticulei com as mãos um “sinto muito” e sai envergonhado. Senti-me um ser derrotado, incapaz de dizer para mulher que amava aquilo que ensaiara dias na frente do espelho. O que fiz para ser tratado tão friamente pela mulher de minha vida (um detalhe que ela ainda não sabe)...


Os dias foram passando e essa moça continuava emanando uma aura incrivelmente apaixonante. Eu estava apaixonado, mas não queria que esse sentimento se transformasse no Platão. Observei (não sou maníaco) que ela, apesar de emanar toda aquela aura mística, mantinha-se afastada não apenas de eu, mas de TODOS! Não era o único azarado, afinal, todos queriam criar uma conexão com ela. Mas como faria isso? Foi aí que um insight divino surgiu. Se não podia me comunicar com ela através de palavras, poderia tentar uma comunicação mais visual, através do olhar. Louco eu estava, louco de amor. Havia lido um tempo atrás o livro de um mago, roqueiro, escritor, brasileiro, que contava a história de um pastor de ovelhas que decidira a correr atrás de seus sonhos. E em algum trecho, do qual no lembro-me agora, dizia que existia uma linguagem universal não muito utilizada: a linguagem dos olhos. Toda mulher do deserto era capaz de ler nas entrelinhas dos olhares de seus homens. Mas ela não era mulher do deserto e eu, muito menos Santiago. Mas e se realmente existisse esse modo de comunicação, porque não tentar? Se fosse mentira, cavaria um buraco e enterraria meus tesouros, prontamente, a minha cabeça também. Mas, se fosse verdade, passaria a minha vida ao seu lado, interpretando seu universo particular através de seu olhar.

Pronto.

Eu a vi novamente. Seus cabelos voavam rebeldemente com o bater do vento. Sua pele tão delicada e seu olhar impenetrável. A forma como seu corpo se movimentava fazia arrepiar cada pelo de meu corpo. Os milhões de átomos de seu sorriso eram como uma espécie de fotossíntese para meu ser. Desta vez, estava decidido. 


Caminhei com passos firmes ao seu lado, confiante. Parei a uma distância de trinta centímetros. Olhei nos seus olhos. Concentrei toda minha energia, tentando transmitir todos meus sonhos, meus desejos, minhas vontades, tudo aquilo que não soube colocar em devidas palavras e que passei meses da minha vida ensaiando na frente do espelho. Eu abri as portas de meu coração e entreguei-lhe a minha alma. Segundos sagrados. Ela continuou me olhando firmemente e eu a olhava, conversando telepaticamente. Sua face se ruborizava e seus olhos tremiam acompanhando o movimento dos meus. Eles ganharam um brilho diferente. Eu me via através de seu olhar e torcia para que ela também se visse através dos meus olhos. Ela abaixou a face, envergonhada. Eu suspirei aliviado, meu coração estava a mil. Havia passado a mensagem e ela captou.


De repente sou cutucado e ela aponta para um velho banco de praça da universidade que estávamos. Caminhei em sua direção, procurando uma posição confortável para me sentar. Quando sentei, ela veio até mim, e me deu uma flor do campo. Sorri muito feliz, pois era o melhor e mais sincero presente que havia recebido em toda minha vida. Eu e Ela, continuamos sentados, envergonhados e por incrível que pareça, era como se entendesse perfeitamente o que se passava por dentro dela. 

Ela tirou de sua bolsa dois livros. O primeiro era o Alquimista. Então, ela sabia da linguagem universal do mundo, pensei. Sorri pela coincidência, pois estava ao lado de uma pessoa que era tão sonhadora quanto eu. E o segundo, para meu espanto, era um livro de libras. 

Foi ai que liguei os fatos e me senti o cara mais felizardo do mundo. Há primeiro instante, me senti um pouco ignorante, mas isso não mudou o fato de que aprendi libras, casei-me com ela, tive maravilhosos filhos e que hoje sou feliz, graças a ela, que esteve ao meu lado, me incentivando misteriosamente pela força que via através de seu olhar.


4 de agosto de 2013

Arcano Morte. Conselho na casa 12 [Mandala]

Reflexão sobre o arcano 13, Morte como conselho na casa 12 do Mandala.



A Morte já diz tudo. Quando ouvimos essa palavra, trememos a base. Não estamos preparados. Infelizmente, o ocidentalismo nos incutiu um medo psicológico de que a morte deve ser encarada como algo ruim. Do outro lado do mundo, a sabedoria oriental nos mostra que ela a trata como um processo de "transformação". Eles nos ensinam que nada na natureza se perde totalmente e que tudo está em uma metamorfose constante. A matéria pode até morrer, mas o "espírito" ou a consciência individual de cada ser, permanece viva. O que morre é aquilo que fomos. É necessário vivenciar a morte do Ego (a mais dolorosa por sinal)! Romper com o passado é essencial, já que este obstrui a sua visão de enxergar novos caminhos. Novas formas de pensamento devem surgir e padrões obsoletos devem ser extinguidos, para que de sua alma possa nascer o novo! Que morram as ilusões, facilmente alimentadas pelo ego. Que morra o ego, facilmente alimentado pela nossa vaidade! O sofrimento sempre irá existir, mas a dor é opção. Elimine, o que já passou.  

Estrela + 9 de Espadas



Reflexão a respeito dessa dupla. Feito em uma tiragem do Mandala.

É difícil aceitar que alguns sofrimentos que acontecem com nós é justamente ocasionado pelas nossas ações  irrefletidas, que tornam-se pedras para que tropecemos nos nossos próprios erros. É difícil admitir que erramos e que 2/3 das lamúrias é de nossa falta. O lamento nem sempre é as vezes pelo o que se perdeu, mas pela forma que tudo ocorreu.  Muitas vezes o próprio "destino" dificulta o retorno do que se era, fazendo com que lamentemos o tempo perdido! O interessante não é concentrar suas energias na "perda" ou  no "lamento". O saudável é admitir que ERRAMOS, que somos FALHOS, pois um erro não pagará pelo outro, e sim, a promessa feita a si mesmo que a corrigenda será feita, se nos propormos a verdadeira mudança! O Ego e a Vaidade, antes, responsáveis pelos nossos fracassos, perdem autonomia frente ao cultivo de valores verdadeiros que dignificam o ser! A lição é difícil, mas importante. Não esqueça, entretanto, que o amanhã é um novo dia, repleto de oportunidades para se fazer tudo diferente! Ter fé, libertar-se do passado e permitir o seu ser angariar novos degraus na escada evolutiva, são imprescindíveis para quem busca renovação.

Namastê, meus caros!

Um lugar que só nós conhecemos...





Eu sou do tipo sonhador, idealista. Tenho sonhos demais na bagagem e pouquíssima praticidade. Faço um colorido na realidade com as cores que me estão disponíveis. Mas nenhum tudo é às vezes uma bela paisagem. Constantemente sou testada. Muitas ilusões se desfazem no processo. 

É complicado acordar, quando seus olhos pesam e sua mente voa para outro lugar. Um lugar que não existe. Uma estranha saudade daquilo que desconheço. Sentimentos reversos, opostos, colocados em uma dança individual de incertezas prováveis e improváveis solucionáveis. 

Estou aprendendo que não devo esquecer-me de “sorrir”, por mais que as dificuldades batam na minha porta. Dificuldades que nublam nossas vistas e momentaneamente permanecemos cegos no caminho que até minutos atrás estava totalmente decidido. Esquecemos o quê queríamos e aquilo que buscávamos, mostrou-se totalmente distante e indiferente. Vai ver que aquilo que tanto buscou, não era necessariamente aquilo que você precisava. E aquilo que SEMPRE foi essencial mostrou sua verdadeira importância, em uma via oposta, oposta aquilo que se queria. 

A essência não é impura e muito menos, facilmente acessada.  Podemos negá-la ou fingir que não existe. Sonhos não são meras ilusões, mas projeções psiquicamente reais, materializadas no campo onde o físico não se faz presença. Uma conexão invisível aos olhos da matéria percorre as extensões de nosso ser ligando-se a todos e a tudo. Laços que perduram a passagem do tempo, não morrem naquilo que chamamos de “Eternidade”. Basta um olhar. E há de descortinar o véu que nos envolve.  

Sou do tipo sonhador, idealista, mas confuso. 

Quantas vezes irei me perder até encontrar meu caminho?..

Sou do tipo sonhador, idealista, mas persistente, carregando em meio peito a certeza de que ela irá me encontrar todas as vezes que eu me perder... Ela...


Simplicidade, onde a deixei? Estou ficando velho e preciso de algo para confiar. Encontrei por acaso o lugar que nos encontrávamos. Venho sonhando com esse momento, me deixe entrar pois ando cansado e preciso de um lugar pra recomeçar. Vamos para um lugar que só nós conhecemos...